Tríade em comando

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Ele piscou os olhos lembrando do dia em que conheceu a mulher sentada no helicóptero diante dele: Ela apareceu como um tornado dentro da sua sala no QG da Força-Tarefa 141. O rosto dela era o de um anjo, mas com olhos de demônio. Quando falou com ele e König, sua voz lhe lembrou os trovões em uma tempestade. Ela era puro caos e beleza, e o fervor que via naqueles olhos castanhos iguais aos seus abriu rachaduras no gelo que cercava o coração frio em seu peito. Ele se apaixonou completamente por ela, e ele não sabia ao certo quando isso aconteceu, ou pelo que se apaixonou...

A audácia dela ao debochar deles, a forma natural com que ela o desafiou pera uma luta logo no primeiro dia, e o venceu, lhe dando uma bela surra. A visão daquelas caveiras tatuadas nas costas dela, aquilo o deixou atraído por ela, e ele tomou a decisão nada profissional de entrar no vestiário para a espiar... E ele quase chorou de dor de tanto que o pau dele ficou duro ao vê-la nua naquele chuveiro. Ela era linda, gostosa pra um cacete, e definitivamente uma guerreira, pois tinha tantas cicatrizes de batalha quanto tatuagens. Ele sentiu tesão por ela, e ele achou que era apenas isso... Desejo.

Até ter conversado com ela naqueles armários. A escuridão que viu nos olhos dela, a forma como ela disse que se sentia, sua falta de esperanças, o desejo por se livrar dos próprios demônios que a assombravam se entregando à morte... Ela era como ele. Ela era uma coisa quebrada, perdida dentro da própria escuridão. Foi ali que ela conquistou não só o desejo dele, mas os pensamentos também. Como uma erva daninha, os pensamentos sobre ela cresceram em sua cabeça, o fazendo não conseguir mais se afastar dela, não conseguir mais evitar sorrir ao olhar para ela.

Na primeira missão deles, ele tomou a atitude de tirar a máscara que usava para ocultar a própria identidade na frente dela, ele queria ver a reação dela ao ver o rosto dele... E Deus... Gostei muito do jeito que as pupilas dela se dilataram quando olhou pra mim, e do jeito que ela corou. Ela gostou do que viu, aquilo me deixou com mais vontade ainda de tê-la. Mas tinha um problema... König também a queria. E ele soube disso em uma das inúmeras conversas que teve com aquele idiota que amava tanto quanto um irmão. Ela se tornou o principal assunto deles desde que apareceu.

Ninguém pensaria que dois soldados frios como ele e König, ou melhor... Konrad, fossem capazes de amar a mesma mulher, e não se matarem por isso. Mas eles se apaixonaram... E foram incapazes de brigar por causa disso. Nem ele, muito menos König sabiam explicar porque não eram possessivos e ciumentos sobre ela com relação um ao outro, mas talvez isso se devesse ao fato de se conhecerem tanto e saberem o que ela representava para cada um deles: Para König, ela era a entropia que explicava a ordem caótica do universo. Para Ghost ela era o farol na escuridão, brilhando divinamente com a fúria do fogo do inferno.

Com as mãos dela, todos os seus traumas se dissolveram como fumaça, os pesadelos que volta e meia o atormentavam à noite não eram mais um problema desde que começou a dormir abraçando ela, ela era sua paz, e ele a amava de uma forma imensurável e insana. Ela estava parada diante dele, e ele se lembrou da primeira vez que a viu em combate: como uma bailarina em um espetáculo macabro, lâminas em mãos, girando graciosamente entre os inimigos, ceifando suas vidas tão facilmente quanto o próprio anjo da morte. Ele adorava quando os clarões dos tiros dela iluminavam a escuridão nos seus olhos, para ele era parecia a coisa mais perfeita do mundo.

Ela era sim um demônio, uma criatura capaz de atrocidades inomináveis, imperdoáveis, uma brutalidade desenfreada e uma crueldade digna de colocar muitos monstros para passarem vergonha... Mas ela era tão... Encantadora. Inteligente. Uma estrategista brilhante. Uma soldado talentosa. E o jeito como ela estava disposta a destruir o mundo inteiro e matar todos em seu caminho para salvar a vida dele, e a vida de König... Ele era um completo imbecil por um dia ter sentido um grama que fosse de medo dela.

Meus olhos cruzaram com seu olhar, e mais uma vez, não consegui conter um sorriso, vendo a sede de combate que ainda brilhava em seus olhos castanhos. Ela sorriu de volta, e a escuridão que me cercava se dissipou, eu não dava a mínima pra quantos corpos ela deixasse caídos no chão, em quantos pedaços ela destroçou os corpos dos inimigos. Porra... Se ela quisesse nadar em uma piscina de sangue ele estaria disposto a encher ele mesmo para ela. Ela se inclinou para frente e pegou firmemente na mão dele, e não soltou. No momento em que tocou na mão dela... Todo o gelo que ainda conservava algum medo dela em seu peito se foi. Ele sabia que a amava.

Rise from Abyss: Lethal TrinityOnde histórias criam vida. Descubra agora