De dentro do abismo

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Oi... Eu sei que vocês estão putos comigo.
(Não tiro a razão de vocês.)

Mas dêem uma chance pra mim,
e pra esse capítulo.

Não vão se arrepender.

⚠️ ATENÇÃO: CAPÍTULO COM CONTEÚDO NÃO RECOMENDADO PARA MENORES!⚠️
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Ghost escutou a equipe chegando, mas não conseguiu falar nada para responder as perguntas de seus homens. Ele não fez nada para impedir quando levaram o corpo da soldado, inerte, na maca de resgate. Um de seus soldados, Alex, se aproximou, colocando a mão sobre o ombro do Tenente. E Ghost por reflexo se levantou, uma parte alheia de sua mente movendo seu corpo por instinto, seguindo a equipe de resgate para fora. Parecia que sua alma tinha abandonado seu corpo quando sentiu a perda da mulher diante de si.

Enquanto Ghost olhava o corpo de sua companheira e amante sendo levado em uma maca, ele era como uma casca vazia. Seu rosto fica frio e sua respiração pesada enquanto ele tenta conter as lágrimas, falhando quando ele apenas deixa escapar.

O peso da morte de Phantom o atinge como uma parede de tijolos, e ele tropeça contra a parede, caindo de joelhos no chão. Nada em toda sua vida, nem os abusos do seu pai, nem as torturas que sofreu, nem o assassinato de sua família... Nada chegava perto dessa dor. Era incapacitante. Alex e os outros soldados tentam consolá-lo. "Ei, ei! Tenente! O senhor tem que se controlar!" Diz um de seus homens, tentando fazer ele voltar a si.

A frase desperta alguma coisa dentro de Ghost, que avança sobre o homem, olhando fixamente em seus olhos. "Pro hospital mais próximo, AGORA! Isso é uma ordem." A equipe chega no hospital e enquanto Alex se encarrega da burocracia, Ghost aguardava em uma agonia silenciosa a equipe médica trabalhando sobre Eleanor. Foi uma cirurgia delicada, uma bala havia perfurado o rim. A outra não havia saído do corpo da soldado, então a removeram.

Os médicos disseram que por menos de meio centímetro uma das balas não a deixou paraplégica. Várias transfusões de sangue foram necessárias, pois a quantidade que ela perdeu foi muito alta. Ele teria doado se pudesse, mas Eleanor era O negativo, ela só podia receber sangue do mesmo tipo. A cirurgia foi um sucesso, mas Phantom não acordava. O diagnóstico foi coma causado por hemorragia severa, e não se sabia quando, ou se ela iria acordar.

Ordens foram recebidas do Quartel General da Força-Tarefa 141: "Retornem imediatamente ao QG." Sem perguntas sobre König, ou qualquer um dos mortos. A equipe tratou de enviar um helicóptero e um avião, assim como uma equipe médica militar para cuidar dos feridos, inclusive Phantom, que seria encaminhada para a unidade médica do QG. Simon era meramente uma sombra do que um dia foi. Ele se sentia oco, quebrado, sozinho. Ele estava psicologicamente, emocionalmente, e talvez até fisicamente incapaz de voltar a campo.

O tratamento de Phantom foi acompanhado de perto por ele, que esperava que Eleanor abrisse os olhos, passando todos os dias, o dia inteiro, ao lado dela. Ele sequer dormia no próprio quarto, só descansando quando seu corpo exausto desmaiava na cadeira ao lado da cama de hospital dela. Soap, seu colega de equipe a anos e um amigo não mais tão próximo era o único capaz de o convencer a se alimentar e tomar banho.

Ele simplesmente não suportava a ideia de ficar longe dela por um segundo sequer. Ele precisava estar ali para ela. Ele precisava estar ali quando ela acordasse. O resto da equipe se recuperou em um prazo curto, mas Eleanor seguia em coma, completando um mês inconsciente desde o assassinato de Sergei Borodin.

Shepherd havia perdido muitos homens naquela missão, e entre eles um dos melhores, König. O desaparecimento do Coronel austríaco foi atribuído aos homens da família Borodin. E König foi declarado morto em ação. Ghost não acreditava que o amigo estivesse morto, e só não saiu em uma missão em busca dele pois simplesmente não conseguia deixar Eleanor para trás, não depois de sentir a vida dela literalmente escorrendo entre os dedos dele.

Ele tinha pesadelos toda vez que acabava dormindo... A expressão no rosto dela quando ergueram a arma para ele... O grito dela... Os tiros... O sangue... Tanto sangue... E a dor na sua voz, pedindo para que ele encontrasse König. Os pesadelos com os meses de tortura em seu passado pareciam sonhos coloridos perto do desespero que o rasgava em pedaços todas as vezes que o cansaço o vencia. Ele acordava com o peito doendo de agonia, seus olhos procurando freneticamente por ela, a encontrando viva, mas inconsciente... Mais uma vez.

Ele sentia que ela estava ali, e ele falava com ela todos os dias. "Abra os olhos meu amor, volta pra mim." Com o passar das semanas, todos podiam ver Ghost se perdendo cada vez mais. Ele se tornou ainda mais retraído, ainda mais quieto. A luz em seus olhos havia desaparecido por completo. Os soldados da 141 observavam apreensivos seu Tenente definhando enquanto ele se sentava ao lado da cama de hospital de Phantom todos os dias, conversando baixinho com ela e esperando todos os dias que ela finalmente acordasse.

"Já se passaram dois meses, Eleanor. Por favor, acorde. Eu sinto tanto sua falta. Eu não consigo sem você. Por favor, querida." Ele diz suavemente para ela, um olhar de desespero em seus olhos enquanto mais uma vez apertava a mão dela entre as dele.

Rise from Abyss: Lethal TrinityOnde histórias criam vida. Descubra agora