ACASO (DEGUSTAÇÃO) - Os Albuquerque's I

Capítulo VII

João Pedro Leal

PARTE I

Sempre soube que a Thalita era a mulher da minha vida. Desde o dia em que aquela menina com cabelos vermelhos e piercing no nariz esbarrou em mim no prédio que morava eu sabia que não tinha mais jeito: era amor a primeira vista. É difícil falar da minha vida, sem falar da Thalita, tudo que eu sou e tenho hoje tem o dedo dela.

Apaixonei-me por ela de cara, mesmo na época já sendo comprometido. Larguei meu namoro e partir para o ataque, com a ajuda da sua prima que praticamente a empurrou para mim.

Sempre fui muito determinado em relação a tudo que eu queria e com a Thalita não ia ser diferente. Meu plano era aparecer na festa da Lurdinha, sua prima morava no mesmo condomínio que eu e a festa seria no salão de festas, teria acesso facilmente. Não curto aniversários, mas resolvi aparecer pois essa era oportunidade ideal para vê-la. Cheguei cedo à festa e fiquei na surdina, esperando a hora em que ela apareceria. Não demorou muito e ela chegou acompanhada de uma mulher mais velha que presumi ser sua mãe.

Thalita estava linda. Seu cabelo tingido de vermelho estava levemente ondulado, contrastava com a sua pele e roupa. A blusa branca, saia de couro preta e botas de cano longo destoava do visual das garotas da festa. Na hora que a vi, tive certeza que não poderia perder a oportunidade de conquistar essa garota.

Apesar dos meus relacionamentos anteriores, estava nervoso como um menino que vai pedir a mão da primeira namorada. Respirei fundo e fui. Ela dançava sozinha no meio da pista e nem notou quando me aproximei para observá-la.

Toda brincadeira, não devia ter hora para acabar.

Toda quarta feira ela sai sem pressa pra voltar.

Esmalte vermelho, tinta no cabelo.

Os pés no salto alto, cheios de desejo.

Vontade de dançar até o amanhecer.

Ela está suada, pronta pra se derreter!

Ela parecia estar em outro plano, dançava sem se importar com quem estava olhando, sentia a música. Fiquei tanto tempo observando-a que nem notei quando alguém se aproximou de mim.

- JP? Não sabia que você vinha - falou a aniversariante.

- É... Resolvi aparecer de última hora - falei sorrindo sem tirar o olho da pista de dança - Aliás, parabéns.

- Valeu. Hum... Conhece a Tatá? Vem irei apresentá-los - saiu me puxando para perto da sua prima.

Puta que pariu eu estava tão nervoso, parecia um virjão! Suave na nave João Pedro, você já chegou numa garota várias vezes, é só seguir o figurino. O problema é que essa garota de cabelo vermelho era diferente, ela despertava em mim sentimentos nunca antes revelados.

- Tatá! - ela parou de dançar e se virou lentamente jogando seu cabelo para o lado - Esse é o JP, meu vizinho. Ela olhou pra mim com um sorriso divertido nos lábios.

- JP?

- João Pedro - expliquei, sem deixar de encarar aquela boca que me sorria e me chamava para um beijo.