Capítulo VIII

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Thalita Mendonça


Não pude deixar de ir às lágrimas com a surpresa do João Pedro. Ele sempre foi o romântico da relação, era ele quem ficava me sondando para saber qual lugar eu queria conhecer e depois me presenteava com uma viagem dos sonhos. Nas datas especiais a reserva nos restaurantes mais chiques era feita por ele e nas não-especiais, ele me mandava flores. Ele vivia fazendo de tudo para me fazer a "mulher mais feliz do mundo".

Mas, a surpresa de agora me deixou sem reação e isso me fez pensar se mereço esse homem... Fiquei por minutos sem saber o que fazer, como reagir, apenas deixando as lágrimas rolarem. Esse fim de semana estava sendo intenso demais, tantas coisas aconteceram... e agora essa surpresa. Fiquei desestruturada. Já estava no quarto há muito tempo, tinha quase certeza que o Fernando já devia estar voltando para o hotel, mas não sabia o que fazer, não queria encará-lo agora, eu precisava pensar, precisava de um tempo para mim.

Fui até o banheiro do quarto, a banheira estava pronta para o banho, acrescentei alguns sais, desliguei meu celular e entrei na banheira enquanto bebia o champanhe enviado pelo meu noivo. Tentei não pensar em nada enquanto curtia esse raro momento a sós, nesse fim de semana maluco.

Ao terminar o banho, não fazia ideia que horas eram. Vesti o roupão e respirei fundo, antes de ligar para João Pedro. 'Alô aqui é o João Pedro, deixe seu recado'. Não ia deixar recados, ou mandar mensagens, precisava do contato, da voz. Decidi tentar contato através do Skype, me deitei na cama com o notebook a minha frente, ele tinha uma câmera de boa resolução, deveria ter sido pedido dele, provavelmente sabia que eu ia querer agradecer olhando para ele. Conectei-me e lá estava ele, disponível, me esperando. Fiz uma chamada de vídeo.

- Oi amor... - comecei a dizer.

- Oi amor - respondeu ele empolgado do outro lado, estava sem camisa, dando-me a visão do seu corpo que sempre adorei. Ele era lindo, seus olhos escuros me transmitem amor e conforto desde o dia em que nos conhecemos - Aconteceu alguma coisa? Andou chorando? - ele mudou o tom de voz ao olhar atentamente para meus olhos vermelhos.

- A culpa é sua! - suspirei - Você sabe que não sou de chorar, mas quem manda eu ter um noivo tão romântico assim? - sorri - Amei a surpresa - o sorriso do JP estava gigante!

- Eu queria te dizer isso pessoalmente, até tentei encontrar uma passagem para hoje, mas não deu - deu de ombros.

- Amanhã você poderá repetir cada palavra na nossa cama. Eu te perdoou - falei dando uma piscadela.

- Então trate de estar no aeroporto para me receber... vou começar de lá a te mostrar o quanto senti sua falta - sua expressão de desejo me fez sorrir.

Ficamos conversando por, no mínimo, umas duas horas. Acertamos os detalhes da sua chegada, ele me contou sobre a possibilidade de transferência definitiva para o Rio. Só paramos de nos falar quando ele se despediu para ir a um happy hour com os amigos da empresa.

Obviamente, o quarto do Fernando era ao lado do meu, notei que tomei quase meia garrafa do champanhe. Desliguei o computador, coloquei os cartões e a lingerie na caixa, juntei as roupas que vestia e levei tudo para o quarto ao lado. Assim que abri a porta o vi deitado na cama, sem camisa, de óculos de grau (não sabia que ele usava óculos, fica com cara de intelectual sexy) lendo um livro. Ele parou a leitura e me olhou curioso.

- Achei que tivesse fugido.

- Eu só precisei de um tempo... - respondi.

- Imaginei que tivesse fugido da aposta - ele parou de falar e sentou - Você estava chorando? - mais uma novidade, ele era observador. Antes de sair do quarto me olhei no espelho buscando indícios de choro e apenas o olhar mais atento notaria a variação da cor dos meus olhos.

ACASO (DEGUSTAÇÃO) - Os Albuquerque's IOnde histórias criam vida. Descubra agora