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FELIZ DEEPFIC DAY!!!!

Poderia me estender aqui mas a verdade é que eu tô escrevendo isso antes de terminar o capítulo faltando poucos minutos antes do meu horário.

Então só preciso agradecer a querida Lulua, meu amor, minha princesa, te amo eternamente, o que você quiser de mim eu te dou.

Espero que gostem da leitura, e preciso deixar avisado que talvez esse capítulo contenha gatilhos, so this is a TW.


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DEZEMBRO 2022


- Como você está se sentindo nesse dia? - começa Patrícia.


Três cincos de dezembro. Três anos desde que meu pai faleceu.

No ano em que ele faleceu, eu estava no meio de uma operação enorme envolvendo um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro. Eu deveria me recordar do nome dele ou ao menos da operação, mas tudo sobre aquele dia é um grande borrão na minha mente.

Infarto fulminante.

O vizinho dele que me ligou avisando. Eu estava acordada há 30 horas e eu fiquei acordada até resolver todos os trâmites do enterro dele. Cremado, como ele havia me pedido anos atrás.

O enterro foi no dia sete. No dia oito, eu voltei a tomar pílulas para dormir.

Fazia quase três meses desde a última vez que eu havia falado com ele. Nós estávamos brigados desde que eu havia contado a ele da minha segunda separação do Stenio. Ele não era o maior fã do meu ex-marido, na realidade, ele não era muito fã de nada que envolvesse a minha pessoa. E ele conseguia ser extremamente cruel quando eu falhava em algo.

Essa sempre foi a minha relação com o meu pai. Brigas, gritos, distância. Eu sabia que ele me amava, e eu também o amava.

Ele era advogado e eu costumava brincar no escritório dele. Uma vez eu, sem querer, peguei uma folha de papel, que descobri depois ser a procuração de um grande cliente dele, e desenhei eu e ele. Aqueles desenhos de criança que todo pai e mãe acham lindo e amam ganhar, mesmo que seja a coisa mais medonha já vista.

Bom, meu pai realmente achou a coisa mais medonha já vista.

Ainda mais que era o cliente que ia torná-lo sócio e com o nome estampado na parede, como todo grande advogado sonha em ter. Ele gritou comigo aquele dia. Não tinha sido a primeira vez, mas foi depois desse dia que a nossa relação mudou.

Eu tinha cinco anos e minha mãe tinha acabado de falecer. Aneurisma. Eu acordei naquela manhã com os gritos desesperados do meu pai chamando por ela. Maria Alice, Maria Alice, Maria Alice.

Maria Alice era o sol dele, e quando o sol se pôs, ele se tornou frio ao amanhecer. E ser filha de Tadeu Sampaio era difícil.

No ano seguinte da morte dele, eu já estava na Alemanha.

Eu saí do Brasil querendo perder a memória dos acontecimentos dos últimos quatro meses da minha vida, e não havia nada melhor do que virar as costas. Eu estava fugindo. Hoje, eu sei que eu estava fugindo.

No primeiro ano na Alemanha, eu passava quase todos os dias metade embriagada e a outra metade dopada. Meus poucos momentos sóbria eram baseados na quase tortura que eu me fazia passar na terapia com Patrícia.

utopia (steloisa)Onde histórias criam vida. Descubra agora