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— Desde que eu comecei a andar com você, tenho mais faltas do que o normal — falei alguns dias após retornar ao Japão. Ele se virou ao ouvir minha voz e sorriu

— E tem mais horas de sono também — respondeu. Eu coloquei um dos colchonetes no chão do lado dele e me deitei apoiando minha cabeça nas suas coxas. Dormi até o horário do almoço

— Não consegui trazer as marmitas hoje. Vamos comer fora — falei pegando minha bolsa. Ele a pegou de mim e jogou em seu ombro

— Aquela lanchonete a caminho do ginásio? — comentou enquanto descíamos as escadas até a quadra. O time estava treinando e Momoi nos viu e veio até nós

— Ah esse cara está sendo mal influência pra você Naomi, nem vê mais as aulas — ela disse nos zoando — O jogo de amanhã vai ser durante o horário das aulas então dá pra você ir assistir

— Não sei, eu já tenho que pegar algumas matérias — seu ânimo diminuiu — Além de que está próximo do Nhk. Talvez eu falte para treinar

— Se Aomine-kun tivesse a mesma disciplina que você...— ela disse suspirando

— Eu tô aqui Satsuki — ele disse acenando com a mão. A garota o ignorou e se virou indo embora — O que você tem pra ela ficar atrás de você toda hora?

— Eu sou uma atleta famosa, falo três línguas e sou bonita. O que você tem? — continuei andando e o ouvi resmungando atrás de mim. Percebi que alguns garotos nos encaravam com uma interrogação no rosto. Eu os encarei de volta sem entender — O que foi? — perguntei para eles. Vi Aomine seguir para fora da quadra

— Só é meio chocante ver Aomine agindo humanamente com alguém — disse o capitão e eu levantei uma sobrancelha — Acho que ele deve gostar mesmo de você para passar tanto tempo juntos e carregar suas coisas

— Não acredito que vou perder você pra ele! — disse Wakamatsu dramático

— Você já me teve alguma vez? — perguntei. Os garotos riram e ele fingiu um infarto — Treinem bastante para amanhã — incentivei e sai da quadra acelerando o passo para alcançar Aomine

— O que aqueles idiotas queriam?

— Quanto carinho pelos seus colegas de time — falei. Colocamos os capacetes e subimos na moto. Fomos para aquela mesma lanchonete — Seu apetite sempre me assusta  — falei olhando para a pilha de hambúrgueres. Ele me olhou feio e eu revirei os olhos

— E você acha que vai conseguir saltar alto comendo só umas folhinhas? — disse apontando para a minha salada. Alface, tomate, queijo, frango e repolho

— Eu estou comendo isso porque quero saltar alto — falei e sorri sarcasticamente — Como vou pular com 1kg de comida na barriga? — comi da minha salada. Ele terminou um de seus hambúrgueres — Com quem você aprendeu a jogar boliche?

— Com minha mãe. Nós íamos naquele lugar quando ela não ficava tanto tempo fora de casa — ele disse de boca cheia. Eu olhei para aquele garoto que parecia uma criança arteira. Por debaixo de sua expressão entediada e de sua atitude arrogante tinha um Aomine que sentia falta da mãe — Para de me olhar assim. Odeio que me olhem com pena

— Não tenho pena de você. Você tem mãe pelo menos — falei e comi um pouco da salada. Eu olhei para ele vendo que ele me olhava meio sem palavras — Foi mal, saiu sem querer — ele bufou — Um jogo. Fale uma coisa sobre você e eu falo uma sobre mim — bebi do suco

— Meu interesse na sua vida é bem baixo — ele disse limpando a boca com um guardanapo

— Vamos, minha vida é interessante. Diferente da sua vida chata e monótona — falei e ele levantou os olhos dos dedos que limpava. Se ele continuasse a me encarar com aqueles olhos semicerrados e os cantos dos lábios curvados talvez eu fizesse algo impulsivo até demais para mim. Eu parei de encará-lo e terminei de comer

𝑼𝒎𝒃𝒓𝒆𝒍𝒍𝒂-𝐴𝑜𝑚𝑖𝑛𝑒 𝐷𝑎𝑖𝑘𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora