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— прощай тренер! — falei me despedindo de um dos treinadores amigos de Susanna. Eu e as garotas entramos no avião. Shinju se sentou do meu lado e Emi do lado de Susanna

— Que língua mais esquisita. Parece que esse povo estava me xingando — disse a garota de olhos amarelos. Eu coloquei meu cinto e ajeitei meu casaco felpudo e grande ao meu redor

— Nós somos japonesas Shinju. Como acha que os ocidentais entendem quando falamos? — comentei com deboche e ela cruzou os braços com sua carranca de sempre. Eu peguei meu celular do bolso e o encarei sem coragem de ligá-lo

— Vem cá qual seu problema? Não consegue dizer para um garoto que o ama de volta?! — ela disse irritada e eu fechei a cara guardando o celular. Depois de eu chegar aqui na Rússia, Aomine me mandou algumas mensagens, mas eu não sabia o que dizer então enfiei o celular no fundo de uma gaveta e tentei distrair minha cabeça. Os treinos exaustivos, minha família russa e o ambiente extremamente frio ajudava. Mas toda noite mesmo com o corpo quebrado e a cabeça explodindo de tanto que gritavam comigo, seu rosto ainda voltava a minha mente. Flashes daquela noite me faziam ter que tomar pílulas para dormir

— Eu não te contei isso no intuito que você me julgasse — falei. Uma aeromoça passou pelo avião checando os cintos — Eu vou consertar tudo quando voltar para o Japão. Estou indo pra Alemanha competir o grand prix. Não tenho tempo para drama

— Se você diz — ela disse sarcástica — Mas talvez precise de um corretivo mais pesado para cobrir essas olheiras

O avião decolou tendo uma pequena turbulência no início. Eu suspirei olhando pela janela vendo a cidade bem iluminada e branca pela neve. A verdade é que mesmo depois dessas semanas, ainda não sabia como encarar o garoto. Eu sabia o que sentia, mas só de pensar em me abrir totalmente para alguém me fazia querer me esconder em uma das adegas da minha avó russa e nunca mais sair de lá vivendo só de vinhos e vodcas mais velhos que eu. Eu tinha conversado um pouco com Momoi, mas assim que o assunto passou a ser ele eu desliguei o celular apenas o usando para falar com meu irmão

Pegamos dois aviões. Emi para casa e eu, Shinju e Susanna para Alemanha. Quando chegamos ao hotel que a Isu fornecia desmaiei na cama. Durante os dias antes do campeonato eu me isolei de todos mantendo meu foco na pista. Não sai para passear apenas para treinar. Segui a dieta a risca e dormi cedo. Algumas emissoras me pediram por entrevistas, mas eu recusei todas

— Naomi! — levantei minha cabeça de onde estava deitada no vestiário e abaixei meus fones vendo Susanna

— Você já devia ter vindo. As apresentações dos grupos vão começar

— Eu não vou assistir — falei e me deitei de volta. A mulher ao ver minha expressão desistiu e foi embora. Eu olhei para o teto voltando a colocar meus headphones. Minha cabeça estava limpa. Minha mente totalmente focada no meu objetivo. Just Like Magic - Ariana Grande soou nos meus ouvidos só me ajudando em minhas afirmações. Quando sai do vestiário vários repórteres com suas câmeras e flashs vieram para cima de mim, mas eu ignorei todos caminhando sem parar por nada. Não assinei autógrafos ou olhei para quem estava nas arquibancadas. Se a pista tivesse vida estaria intimidada por mim. Eu entrei no gelo quando chegou minha vez. Sem medo, ansiedade ou euforia. Era apenas eu e o gelo. Passei as mãos pelo traje rosa bebê adornado de pedras brilhantes pratas e rosa choque. Minha cor favorita para minha melhor apresentação. Respirei fundo e apresentei

Eu sempre me sentia emersa nas minhas apresentações, mas essa em específico sentia uma força anormal de dentro de mim. Me lembrei do que Aomine me explicou sobre o astral. Acho que tinha entrado nele

— Assim mesmo garota você está incrível! Agora com os olhos abertos — disse o fotógrafo. Depois dos programas curto, longo e da gala, Susanna recebeu um convite de uma revista famosa para que eu posasse. Eu aceitei sem pensar duas vezes e nós ficamos mais alguns dias na Alemanha. Aparentemente ser a nova campeã do grand prix sênior te dava certo status. Ao andar pela rua me paravam para fotos e autógrafos e minha conta já passava de um milhão de seguidores — Vamos dar uma pausa — eu fui até uma sala comprimentando as pessoas que me paravam no ginásio 

𝑼𝒎𝒃𝒓𝒆𝒍𝒍𝒂-𝐴𝑜𝑚𝑖𝑛𝑒 𝐷𝑎𝑖𝑘𝑖Onde histórias criam vida. Descubra agora