° Capítulo 24 - Livre? °

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Sentada no banco, observava Natalie fritando alho e cebola para fazer o molho, a janta seria macarrão ao molho branco, perfeito para uma noite bem dormida, pelo menos a ela.

- Amor? - ela se vira com graça, segurava a colher de pau em uma de suas mãos.

- Sim?

- Coloque os pratos e talheres na mesa, por favor? - Se virou novamente - Não posso deixar esse alho e cebola queimar, se não o molho fica ruim.

- A claro, mas preciso ir ao banheiro antes - Minto.

- A claro, espere um pouco e irei junt-- - a corto.

- Não precisa - falo rapidamente.

- Posso saber o porquê Beatrix? - olha para mim e arquea uma de suas sobrancelhas.

- Meio que estou com dor de barriga, sabe? Eu não quero ninguém perto, porque né... - falo finjindo timidez.

- A...- olha para a panela, continuava a mexer irritantemente o alho e a cebola - Ok, vai lá.

- Obrigada.

Saio de sua visão, subo rapidamente as escadas e indo diretamente ao quarto, aquela caixa tem que estar lá!

E surpreendentemente ela estava. Agora tem mais uma questão, conseguir alcançar...

Vocês podem estar me achando uma burra, era só pegar uma cadeira né? Negativo, a Natalie tem algo contra bancos leves sabe, todos os bancos que tem nesse quarto são pesados, feitos justamente para serem mantidos em seus devidos lugares, e arrastar eles não seria uma boa opção.

-"Oque me resta é dar uma de mulher aranha"

...

Se alguém me dissesse a um mês atrás que eu estaria escalando um guarda roupa, eu daria risada.

Estava quase alcançando ele, estava tão perto, mas no momento que consegui pegar, minha mão que me dava o apoio se soltou, e fui com tudo no chão. O ruim não era se teria quabrado um osso, ou até minha unha que eu prezo tanto, mas era uma pessoa chamado Natalie...

- Beatrix? - escutei seu grito de longe.

Merda!

Tirei forças da onde não tinha e levantei do chão, olhei para a caixa e ela estava escancarada e com vários remédios em volta. Ouvia o som de seus pés pisando fortemente contra o piso, e portas sendo abertas e fechadas.

Recolhi tudo que tinha e joguei dentro da caixa, mas a cada frasco que pegava, eu fiscalizava se era um sonífero, e acho que o destino estava ao meu favor, porque no segundo que peguei em minhas mãos era o bendito sonífero.

Ouvi a porta do quarto sendo aberta, e a posta do banheiro tendo o mesmo destino, se eu iria morrer eu não sabia, mas só sei que enfiei aquela caixa no meio de minhas roupas como se minha dependesse daquilo, e realmente dependia.

- Beatrix? - Ouvi aquela voz - Oque faz aqui?.

Natalie olhou em volto com dúvida, e depois penetrou minha alma com suas orbes verdes.

- Eu vim pegar um casaco, está meio frio sabe.

-" Porra Beatrix! Frio? Sério isso?" - praguejei mentalmente.

- Está 19° graus Beatrix, se está com frio então deve estar doente, mas isso acho improvável, já que sua temperatura corporal não condiz - tocou minha testa com a mão, como se quisesse provar algo a mim.

- É mesmo, nem parece - sorri fraco - É que na minha cidade antiga, fazia muito frio com apenas 19 graus, então é apenas costume.

- E cadê o seu casaco que veio buscar? Não estou vendo-o em suas mãos - cruza os braços, seus olhos nunca deixaram os meus.

- Eu acabei escorregando e cai, por isso o barulho, acabei nem pegando, mas olha - puxo um casaco preto entre a pilha de roupas dobradas - Está em mãos - sorri o abraçando.

Natalie ficou em silêncio por um minuto, não sabia oque passava em sua cabeça, mas parecia estar em um dilema consigo mesma.

- Vista-se, e passa para a cozinha, o jantar deve estar esfriando.

- Sim, senhora.

Passei por ela, o ar de dúvida pairava sobre o cômodo. Natalie olhou em volta e depois veio logo atrás. Sentia seus olhos me fuzilando, como se soubessem todos os meus pecados.

Chegamos a cozinha, o cheiro estava delicioso. Natalie se sentou e fez o gesto para eu fazer o mesmo, olhei para a pequena mesa com a bandeja de suco.

Hora de seguir para a segunda etapa do plano.

- Quer suco? - perguntei e ela me olhou e pareceu pensar.

- Claro - sorriu divertida - Por que não? Não é como se você fosse me envenenar, ou vai?

O clima ficou pesado, o silêncio se instaurava. O ar da dúvida, do erro que estava prestes a ser cometido foi quebrado com uma risada sua.

- Estou brincando sua boba, tinha que ver sua cara - ria como uma criança, tão lindamente, tão graciosa, que por um momento o meu coração errou a batida.

-" Concentração Beatrix!"

Servi dois copos e despejei o líquido sobre um deles, o da esquerda, e a servi em seguida.

-Um brinde ao nosso amor - levantou o copo sobre o alto e fiz o mesmo.

- Um brinde.

A encarei, esperava o primeiro gole ser dado, a adrenalina corria em meu corpo de forma que fazia me arrepender de ter feito isso. Talvez eu não devesse ter feito isso, talvez eu deveria pelo menos ter tentado algo que não estava em meus planos acontecer.

- Oque tanto pensa? - sai de meus devaneios. - Coma - Uma ordem disfarçada de pedido.

Quebra de tempo.

Estávamos as duas na cama, estava escuro e eu esperava o sonífero fazer seu efeito. Me virei em sua direção, seus olhos fechados e expressão angelical.

- Natalie - sussurrei a tocando levemente -Natalie - q chamei novamente, só que mais alto dessa vez.

E nada...

Levantei da cama, todo movimento era com muito cuidado. Abri a gaveta que ficava a chave da porta principal e do portão.

Desci as escadas, olhei ao redor e dei pulos de felicidade, sorria de forma libertadora.

Abri a porta, o vento batia em meu rosto, sussurrando "você conseguiu".

Sai pelo portão, tirei os saltos e. corri pela rua escura de forma alegre.

Parei quando minhas pernas pediu por um descanso, mas me vi no meio do nada e a ficha caiu. Oque eu fiz? Como eu não pensei nessa questão? Oque eu farei agora?

Estou fudida.

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Oi meu povo, não estou morta não.
Volto com mais atualização em breve ( no mínimo dois dias).
Agora voltei com tudo.
Beijinhos.

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