° Capítulo 27 °

342 34 7
                                    

Deitada sobre essa cama, passei os dias apenas olhando o teto, e nada dela vir me tirar desse buraco que chama de quarto. Apenas me trouxe comida, água e foi embora, e fico me perguntando, será que aquela minha pergunta a deixou mal?

- "Você se preocupando com quem te fez mal, Beatrix?"

Ouço a porta ser aberta.

Era ela, e carregava consigo uma bandeja meio estranha.

- Vejo que está bem acordada.

- Com a senhora solta pela casa e eu presa, me admira quem não ficasse - digo irônica.

- Ainda com o mesmo humor ácido, vamos ver se continuará assim pelos próximos dias - coloca a bandeja sobre a mesinha, se voltando para mim.

- Dá para você me tirar deste quarto pelo menos? Sei que errei, mas aqui é um tédio, Natalie.

- Não está merecendo nem uma bala depois do que fez - se senta ao meu lado na cama - Eu só quero que me ame, Beatrix - Confessa olhando em meus olhos - Quero que me ame, que me faça sua, e eu te farei minha. - Faz um breve carinho em minha bochecha.

- Então, se me ama, me tira desse quarto? - Ela revira os olhos - Por favor, Natalie. Você tem tantos outros, por que justo nesse? Aqui não me faz bem, é úmido e bagunçado, só te peço isso.

- Tá, tudo bem.

Dou um breve sorriso. Eu consigo o que quero, quando eu me esforço para isso.

- Mas se eu fosse você, desmancharia esse sorriso, mesmo ele sendo lindo.

Fiquei confusa, do que ela estava falando? E para que essa bandeja?

- Hora do remedinho, não vai doer nada.

- Que remédio? Do que você está falando, Natalie?

Vi o momento em que ela pegou da bandeja uma siringa que continha um líquido amarelado dentro dela.
Não sei para que serve isso, mas ela não vai enfiar essa agulha em mim!

- É para o seu e o meu bem, então colabore - tenta se aproximar, mas eu começo a me remexer toda.

- Não, Natalie! Você. Não. Vai. Colocar. Isso. Em. Mim - falei pausadamente.

- Não é você quem decide, meu bem, agora para de se mexer, não queremos um acidente, sim?

- Não! - olhei no fundo, de seus olhos.

- Vejamos então.

...

E ela conseguiu oque queria no final das contas. Estava com o meu braço imobilizado sobre a cama e com uma doida, muito linda,segurando uma siringa, e eu estava surtando por fora e por dentro.

- Natalie! - comecei a jogar minha cabeça de um lado para o outro sobre o travesseiro - Eu não quero!

- Beatrix! - ouço seu tom firme e paro automaticamente. - Pare de se mexer, eu não irei fazer nada que te faça mal, garota!

Não sei se é por conta do meu período menstrual, ou os hormônios que estão à flor da pele, mas tudo o que fiz foi chorar. Não pelo remédio, mas porque ela brigou comigo.

Lágrimas caiam sem parar, e estava me dando dor de cabeça, até que senti um afrouxo sobre o meu braço e um toque suave no mesmo; senti uma mão enxugando minhas lágrimas, uma por uma, e no fim, ouvi uma voz doce.

- Me desculpe, eu não queria ter brigado com você - olhei em seus olhos - É só para o seu bem, você entende? - assenti vagarosamente - E quero que você coopere, para que eu possa te tirar deste quarto.

Obsessive Onde histórias criam vida. Descubra agora