° Capítulo 29 - Pecado °

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Lá estava eu novamente.

Me deleitando no que poderia ser considerado errado, aproveitando cada momento, cada toque seu que arde em meu corpo.

Ela me leva a um lugar. Aquele lugar...
O mais sujo dos lugares.

O seu toque me faz sentir viva, mesmo que seja ela quem me mataria. Eu a mataria.

Mas algo em você me diz incansávelmente " Não, volte para mim, necessito de você". Eu nunca precisei dela, mas porque agora sua presença me agrada? Isso não seria errado?

Eu gosto do errado. Me faz sentir viva. A adrenalina que emana em meu ser, correndo pelas veias e depois queima feito fogo. Um fogo que por um tempo foi frio, foi azul. Mas agora suas brasas são vermelhas, a cor do pecado.

Ela é meu pecado, o mais proibido deles.

Ela é a Eva. Eu o Adão.

Ela me fez provar o proibido. Eu o comi, experimentei, e me deleitei no seu sabor.

Se Deus desaprova o pecado, então serei eu a sujeita a amá-lo.

....

Ouvia seus saltos batendo contra o piso, cada toque era uma batida de meu coração que errava. Olhei para cima em busca de seus olhos, eu queria que ela me olhasse para me sentir desejada.

– Posso saber quem te deu autorização para olhar pra mim? — perguntou ainda de costas, mas sustentei meu olhar. Eu queria ser ousada.

Eu precisava disso.

Fiquei calada. O silêncio era a melhor resposta nesse momento. Virou-se, como um Deusa admirando quem a venera. A observei se aproximar, a tensão que corria em minha veias, fazendo meu coração palpitar e minha boca secar.

– Ousa me desafiar, pirralha? — Seu timbre saiu rouco, mas com uma pitada de raiva encrementada nele.

Continuei em silêncio. Eu queria que ela me fizesse falar, que me mostrasse o seu lado que tanto esconde.

Eu gosto disso.

Eu gosto desse seu lado dominante, que exala poder. Eu gosto do jeito que me faz sentir. Eu adoro. Eu a adoro.

– Estou falando sozinha? — para em minha frente, somente continuo a olhando.

Olhar não é pecado, lhe tocar também não é.

Plaft*

O lado de minha bochecha ardeu com a intensidade do tapa que levei, Natalie não tinha a mão leve. Meus olhos lacrimejaram, foi inevitável, mas eu não estava chorando.

– Vou deixar uma coisa clara entre nós duas — agarra meu queixo com força, mas sem o machucar – Quando eu mandar, você obedece. Quando eu estiver em pé, e você nesse chão, não me olhe nem me toque sem a minha permissão, olha como isso é simples — riu sarcasticamente – Você entendeu?

Ela tinha o grande dom de mudar de humor. Bipolaridade que se chama.

– Eu perguntei — agarrou meus cabelos com força dessa vez, me fazendo fazer uma careta com a dor – Se você entendeu? Não me faça repetir, Beatrix!

– Sim, senhora.

Eu a vi sorrindo. Um sorriso diabólico, mas tão lindo de se ver.
Talvez ela seja o demônio em pessoa, eu sou a mocinha que caminha ao seu lado, sem medo algum.

- Beatrix...

Olho para as suas mãos, que derretem feito neve em um dia de verão. Tudo em minha volta fica preto, já me via em um abismo sem fim.

– Beatrix...

Ouvi uma voz me chamando, mas estava tão escuro... Quando foi que apagaram a minha luz?

– Beatrix!

Salto da cama ao ouvir o grito de Natalie me chamando. Meu corpo estava suado, meus cabelos grudados em minha testa, minha mãos tremiam, minha respiração desregulada, eu estava tendo um ataque de ansiedade.

Meus olhos ficaram embaçados, as lágrimas rolavam soltas pelo meus rosto, sem rumo nem linha de chegada. Oque havia dado de errado? Estava tudo indo tão bem..

– Beatrix? Meu amor, fala comigo — senti suas mãos envolvendo meu rosto, secando minhas lágrimas, como ninguém havia secado. Me embalou em um abraço, como ninguém ousou me abraçar. Me tocou com tanto cuidado, como se fosse me quabrar a qualquer toque. – Não chore, querida, não combina com seus lindos olhos.

Sorri fraco em meio ao choro. Só ela para me elogiar, quando eu devia estar descabelada e com a cara amassada. Natalie me envolveu em um abraço apertado, tão gostoso de estar.

" pois quando você me abraça, e diz que me ama, olhando em meus olhos, vejo fogo no fogo"

Ficamos ali por 5 minutos pra ser mais exata, aquele abraço estava tão bom, toda a crise se foi somente com aquele ato tão simples, mas cheio de significado.
Logo eu, a boba que nunca era abraçada.
Logo eu, a boba que sempre foi apaixonada por pessoas erradas, mas ela não me parece errada.

Me afastei olhando em seus olhos.

– Sabe, minha mãe sempre me dizia que eu era uma boba Apaixonada , nunca vi isso, mas... Quando tive os meus primeiros amores, eu entendi oque ela quis dizer, mesmo não sabendo demonstrar direito — ela se endireitou sobre a cama – Eu só quero dizer que, eu te amo, tenho o meu jeito de amar, Beatrix, e não é tão fácil quanto parece para alguém como eu.

– Alguém como você?

– Um monstro... Que machuca as pessoas por conta de suas feridas, seus medos e suas dores.

– Você não é um monstro Natalie — olhei em seus olhos, que se negavam a me olhar.

– O seu choro, as marcas em suas pernas, os seus joelhos, tudo isso mostra o contrário, mas algo dentro de mim se nega a acreditar nisso, me entende?

– Estou tentando, eu juro que estou tentando, assim como você também está. — segurei em suas mãos, tão frias – Só por estar desabafando, me dando uma carta de fala nesse ambiente, já é uma prova que você tenta.

Suas orbes verdes me fitaram intensamente. Via algo a mais neles, via algo que eu nunca vi em olhos algum.

– Eu... Não sei oque houve — se afastou bruscamente – Irei trazer sua comida, mais tarde eu volto.

– Natalie... — me levanto ficando em sua frente. – Não vá para longe de mim.

– Eu não te entendo, Beatrix. Uma hora você tem medo de mim, outra diz me amar, e depois foge. Eu tentei me entender primeiro, para depois ver o seu lado, mas você parece que também foge para longe de mim, e depois volta.

– Eu.. eu... Apenas... Me desculpe.

Abaixo minha cabeça. O chão se tornou interessante.

– Apenas não fuja de mim – ergui meus olhos aos seus – Eu te amo, mas não fuja de mim, por... Favor.

Ouvir Natalie falar por favor era um evento raro a ser visto.

– Não irei a lugar algum, aliás, você não deixaria.

– Mas é óbvio que não, você já tem dona. – e lá estava ela, a velha e boa Natalie.

Talvez não fosse tão ruim assim.

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Um capítulo sem muita intensidade, água com açúcar, só para provar que eu não abandonei a história e nem morri.
Um beijo a todos vocês.

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