Minhas pernas estavam doendo de tanto andar, e meus pés não estavam em uma situação diferente delas. Meus braços tentavam me aquecer, só precisava ter lembrado da merda do casaco e do celular, mas o pior já passou.
Suspiro pesado.
Será que a Natalie já acordou? Acho que não, se tivesse acordado, eu já estaria em outro plano espiritual para contar a história. Saio de meus devaneios quando um farol forte atinge o meu rosto, me fazendo fechar os olhos com tamanha claridade. Quem seria?
O carro para ao meu lado, e por um momento eu paraliso de medo. E se for um abusador? Ou pior, um sequestrador? Não acredito que eu fujo de uma e paro em outro.
- Oque uma jovem tão bela quanto você, faz sozinha em uma rua tão deserta como essa? - os vidros são abaixados, e um moço de procedência duvidosa aparece.
- fugindo de um hospício - falo irônica, fazendo o mesmo rir em diversão.
E que diversão.
- Você é muito engraçada jovem - me aperto em meus braços mais ainda por conta do frio - Está muito frio aí fora, não quer uma carona?
Penso um pouco, na verdade, eu penso muito sobre aceitar ou não.
Não tinha nada a perder, uma hora ou outra Natalie me procuraria, e aqui seria o primeiro lugar em que ela passaria. Então...- Sim, por favor.
Ouço as travas sendo destravadas, abro a porta do carro e entro com rapidez, quanto mais rápido sairmos daqui, melhor será para o meu coraçãozinho.
- Então... - ele coça a garganta - Você pretende ir a algum lugar? - Era uma boa pergunta, não parei para pensar.
- É... Sim, quer dizer, não, na verdade, eu não sei - Suspiro pesado - E você? E qual o seu nome?
- Nossa, tantas perguntas.
- Desculpe - digo tímida.
- Não, está tudo bem, apenas brincadeira. Bom, meu nome é Kepler, e eu estava indo a casa de minha chefe, sabe, ela é muito desgovernada e acaba esquecendo, ou explodindo com todo mundo - solta uma risada - E tinha que falar com urgência com ela, mas a mesma não atende o telefone, aí fica difícil. E qual seu nome?
- Entendo... É realmente difícil - acabo sorrindo levemente - Meu nome é Beatrix. No que trabalha?
- Muito lindo o nome Beatrix , mas depende.
- Como assim depende? - ignoro o elogio.
- Eu faço de tudo um pouco, sabe, minha chefe diz que eu mais atrapalho do que ajudo, eu concordo com ela as vezes, se ela não fosse tão chata eu até transaria com ela.
Arregalo os olhos. Céus, aonde eu fui me meter.
Fico em silêncio pelo constrangimento.- Acho que falei demais - solta uma risada constrangida - Bem, então vamos a um lugar.
- Que lugar iremos?
- Uma balada que tem aqui perto, não fica muito longe da onde estamos, aí podemos beber e você me conta da sua vida, e eu da sua.
E quem disse que eu quero saber da sua vida? Cada louco que eu encontro por aí, se eu não tivesse em uma situação deplorável, eu recusaria.
- Nossa, parece legal - minto.
E lá vamos nós novamente.
Quebra de tempo.
Não sei em que copo o meu querido "amigo" estava, só sei que parecia mais bêbado do que o restante.
Estava falando sobre algo que eu não estava muito afim de saber, mas por um momento os meus olhos vacilaram entre a porta de entrada, e a multidão.
Sabe quando sua alma sai e entra no corpo, quando as vozes ficam abafadas, e você perde todo o rumo da conversa? Ou quando seu coração bate forte dentro do peito, mas esse sentimento não seria amor, era medo.Medo por que ela estava ali.
Era ela, Natalie.
Mas... Como?
-... E ele subiu na janela, e mijou na cabeça de uma moça - Kepler ria exageradamente, eu só sentia a adrenalina agir em meu corpo.
- Vamos lá pra fora Kepler.
Puxo sua mão, e ouço resmungos de sua parte, mas espero que ela não tenha nos visto. Passo pela multidão e saio pela porta de emergência dos fundos, ela sempre está lá quando eu preciso. Paramos em um beco escuro, tinha somente eu e ele lá.
- Qual foi gatinha? - Kepler me empurra gentilmente contra a parede, colocando seu corpo contra o meu, me impedindo de sair.
- Kepler, me larga! - empurro seus ombros o afastando.
- Oque foi? Você não me quer? - pergunta desacreditado.
- Mas é claro que não, por que pensou isso?
- Por que aceitou a minha carona oras - solta uma risada - Vem gatinha , eu vou te mostrar oque um homem de verdade pode proporcionar a uma mulher.
Faço uma careta ao ouvir tamanho absurdo.
- Para de me chamar de gatinha, e eu não preciso de um homem para me proporcionar prazer, se é que você me entende.
- Ela tem razão.
Ouço uma voz vindo atrás dele, e o silêncio sendo quebrado com um grito abafado do homem a minha frente. O corpo caiu no chão, e eu vi muito sangue saindo de sua garganta, que agora continha uma faca enfiada nela.
- Ela precisa somente de mim.
Olhei aterrorizada para o ser morto, e as lágrimas começaram a cair sem parar.
Eu estava com medo, paralisada, com raiva de ter falhado em uma única missão, que era fugir dela.- Oque foi meu amor? - meu olhos se encontraram com os seus, que agora eram frios e sem cor. - Está surpresa?
- Na-Natalie? - perguntei desacreditada.
- Em carne e osso - anda vagarosamente em minha direção - Sabe, eu duvidei muito que você fosse capaz de fazer tal coisa Beatrix, mas quando acordei naquela cama e você não estava ao meu lado, eu fiquei com tanta raiva, mas ao mesmo tempo, decepcionada.
Sua mão recai sobre minha bochecha, fazendo uma leve caricia, mas apertando sem dó em seguida.
- Eu pensei que você já tivesse entendido o seu lugar, que é ao meu lado como minha esposa, mas agora vejo que não entendeu nada.
Sinto uma picada em meu braço. Não, de novo não.
- Acho que ficou claro... - minha visão fica turva, e ouço suas última palavras aquela noite.
- Eu sempre te pego.
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Falei que voltaria.
Me digam se a história está boa, para eu poder continuar a escrever com mais vontade.
Beijinhos.
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Obsessive
Tajemnica / ThrillerBeatrix é uma jovem um tanto solitária que perdeu a mãe desde pequena e viveu a infância toda num orfanato. Mas isso vai mudar pois a mesma se muda para tentar viver uma vida mais tranquila do que ela leva, mas as coisas saem do controle assim que e...