Algumas horas antes.
Acordo no meio da noite com a minha cabeça pesando mais que o normal. Minhas mãos buscaram o corpo de minha mulher, mas não o encontrou, me fazendo acender a luz do abajur ao meu lado rapidamente.
Filha da puta.
Levanto da cama, visto o meu Rob preto e começo a vascular toda a casa, mas não a encontrei em nenhum canto. Minhas mãos estavam trêmulas ao pegar o telefone e encontrar inúmeras chamadas perdidas do idiota do Kepler, minha cabeça doía, não entendia o motivo, mas ao parar no meio da sala, tudo fez sentido.
A dor de barriga, o barulho, o casaco, a caixa que ficava em cima do guarda-roupa, o suco servido, tudo isso eu pensava que sabia, mas não queria acreditar. Eu pensava que ela me amava, eu pensava que ela quisesse ficar ao meu lado, tentar o nosso "para sempre", as suas palavras proferidas, todas elas, foram mentiras
– Sua mentirosa! — pego a garrafa de vinho que estava sob a mesinha e arremesso com tudo na parede, eu estava descontrolada. – Você mentiu para mim, falou que iria tentar!
E assim se foi, jarra por jarra, copo por copo, todos eles arremessados ao vento. Isso durou cerca de 5 minutos, quando decidi ir procurar a minha mulher.
Custe o tempo que me custar Beatrix, mas eu vou te achar, aliás, eu sempre acho.
Tempo atual.
Eu sonhei com um campo de flores, com uma vida, a minha vida, mas ao acordar, estava no inferno.
Meus pulsos doíam por conta da algema que o prendia, e lágrimas saíram de meus olhos, quando isso irá ter um fim?
Lembrei-me da possível fuga, do Kepler, da faca que cravou em sua garganta, o sangue escorrendo, tudo isso repassava em minha mente...
– Vejo que acordou.
Ouço a voz dela em meio ao breu, era fria e carregada de ódio, mas ainda continha sentimentos vivos, não sei os quais. Uma luz fraca, mas suficiente para me fazer estreitar os olhos, atingiu-me a face, me fazendo ter uma visão sua sentada na velha poltrona.
– Creio que temos muito oque conversar — Apoio a mão sobre o queixo, me fitava intensamente.
- Não temos oque conversar, você matou uma pessoa, Natalie, você é um monstro! - falei irritada.
- Eu te defendi, defendi a sua honra e a minha, me achas um monstro por isso?! - aumentou o tom de voz - Eu apenas queria te proteger Beatrix! Tens ideia do que ele poderia fazer com você? Aliás, né - Riu com descrença - Vocês dois estavam bem próximos pelo meu ver.
- Então deve estar cega, porque não tivemos nada, e eu não lhe devo satisfação de minha vida, faça me o favor! - vi a hora em que ela virou o rosto, praguejando as palavras mais baixas possíveis.
Ela é muito temperamental.
- Posso saber oque fez com o corpo dele pelo menos? Não vai me dizer que o enterrou no seu porão, assim como fez a outra...
Me assustei no momento em que Natalie agarrou meu pescoço com força descomunal.
- Entenda uma coisa, aquele ser é mais sujo que um porco em meio a lama, não tem a dignidade de ter seus restos em meu solo - Encarou o fundo de meus olhos, como se vise a minha alma por completo - Não tem a dignidade de estar no mesmo lugar em que uma parte de mim habita - Soltou o meu pescoço, e puxei todo o ar que podia desesperadamente.
- Não toque mais nesse assunto, não olhe para aquela porta, e muito menos pise naquele lugar novamente, estamos entendidas, Beatrix?
- Sim, senhora - Falei automaticamente.
Não sei oque rolou aqui, mas quando ela saiu pela aquela porta, me deixando sozinha com tudo oque acabou de acontecer, desabei a chorar.
Pov Natalie
Sai daquele quarto apressadamente, passando pela sala, cozinha, até chegar na área "aberta" da casa. Meus olhos ficaram marejados ao se lembrar dela, de seus risos, de suas afrontas, de sua voz doce em meu ouvido no meio da noite. Fechei os olhos imaginando todos os meus momentos com ela, de como eu poderia ter feito tudo diferente. Sinto falta dela, mas amo outra agora.
E foi assim em que passei as noites bebendo, até acordar e não tela ao meu lado.
Foi assim que fiquei sozinha por tempos.
E saber que seu sangue corre em minhas mãos, faz me sentir um monstro, assim como Beatrix falou. Eu sou um monstro feio, vejo isso, ouço isso e convivo com esse fato todos os dias, pois é verdade, por mais que a odeia todas às vezes proferida.
Mas eu farei ela me amar, pois eu a amo.
- Eu serei feliz novamente, Chloe... mesmo que não seja com você, faça dessa afirmação uma promessa - sussurrei a mim mesma.
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Me desculpem, mas foi oque eu consegui entregar.
Até a próxima 😉.
Beijinhos.
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Obsessive
Misteri / ThrillerBeatrix é uma jovem um tanto solitária que perdeu a mãe desde pequena e viveu a infância toda num orfanato. Mas isso vai mudar pois a mesma se muda para tentar viver uma vida mais tranquila do que ela leva, mas as coisas saem do controle assim que e...