Ficaram em uma pequena mesa. Dulce afastou uma cadeira para Christopher colocar a dele no lugar. Uma garçonete foi até eles. Fizeram os pedidos.
Christopher: Agora você pode me dizer o motivo daquela discussão? Foi por causa de mim, não foi?
Dulce: Não, pode ficar tranquilo. É que ele é meu namorado e acha que eu tenho que respeitar ele.
Christopher: Namorado?
Perguntou ele bastante surpreso.
Dulce: Sim.
Christopher: Nossa, isso nem passou pela minha cabeça.
Dulce riu.
Dulce: Eu sei, várias pessoas não sabem que namoro com ele.
Christopher: Imagino...
Eles ficaram em silencio, até que uma dúvida bateu na cabeça de Dulce. Ela ficou meio sem graça de perguntar.
Dulce: Ér... Você já nasceu assim? (apontou para a cadeira, Christopher baixou o olhar) Desculpa, finge que não perguntei isso.
Christopher: Não... Eu sofri um acidente há um ano e meio...
Dulce: Nossa.
Christopher: Perdi um amigo, quase irmão.
Ela viu os olhos dele se encherem de lágrimas. Ela tocou a mão dele que estava em cima da mesa.
Dulce: Olha, se quiser pode parar.
Christopher: Eu quero contar... Bom, eu sai com meu amigo, fomos à um festa, mas nenhum dos dois colocou uma gota de álcool na boca. Saimos da festa com duas garotas, ele estava dirigindo e uma das garotas estava na frente com ele, no banco do carona. Eu estava atrás com outra garota...
Christopher começou a chorar. Dulce apertou a mão dele e se aproximou.
Dulce: Para... Isso não vai te fazer bem...
Christopher: Eu tenho que terminar...
Dulce: Não precisa...
Christopher: Mas eu vou. De repente apareceu um caminhão... Vinha na contra-mão e meu amigo tentou desviar, mas não deu mais tempo. Metade do carro ficou embaixo do caminhão, meu amigo e a garota que estava com ele morreram na hora... (ele chorou ainda mais) A garota que estava comigo teve que amputar o braço direito e o pé esquerdo. Eu tive traumatismo craniano e tive uma fratura grave na coluna. Fiquei em coma por três semanas. No momento em que acordei não me lembrava de nada sobre o acidente. Minha cabeça doía muito, minha mãe chorava de alegria do meu lado, por eu ter saido do coma. Tentei mexer minhas pernas, mas não sentia nada. Um médico estava no quarto para me atender, ele começou a fazer movimentos nas minhas pernas, mas eu não sentia absolutamente nada. Depois de dois dias, ele falou que eu nunca mais conseguiria andar, e que tinha sorte de não ter ficado tetraplégico. Minha mãe me levou em outros consultórios, mas eles diziam a mesma coisa. Depois disso nunca mais consegui andar.
Dulce ouvia tudo atentamente. Ucker chorava bastante e Dulce fazia carinho em sua cabeça.
Dulce: Sinto muito...
Christopher: Eu tinha uma namorada, mas ela terminou comigo, dizia que era porque eu estava com outra no carro. Por várias vezes pedi desculpas à ela, e então descobri que ela havia terminado comigo pois eu não podia mais andar. Meus amigos se afastaram de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa. Minha mãe me trata como um garoto de cinco anos. Não posso mais fazer nada do que gostava, estou condenado a viver sentado em uma cadeira de rodas para sempre.
Dulce chorou ao vê-lo contar isso. A mulher que os atendeu entregou os pedidos e os olhou sem entender o motivo de tanto choro.
XXX: Eu hein... Vai entender os jovens de hoje.
E saiu de lá.
Christopher: Você é a primeira garota que não me tratou como um anormal. Não gosto quando as pessoas tem pena de mim ou me olham torto, e isso acontece muito.
Christopher chorava menos, e Dulce havia parado.
Christopher: Vamos mudar de assunto... Já te enchi demais com isso.
Dulce ainda segurava a mão dele.
Dulce: Pode sempre desabafar comigo. Sou sua amiga agora.
Christopher: Obrigado por me ouvir.
Dulce: Não agradeça.
A barriga dela roncou alto, e Christopher riu.
Christopher: Está com fome?
Dulce: Sim, muita.
Christopher: Vamos comer então...
Dulce soltou a mão dele e ambos começaram a comer enquanto conversavam sobre outros assuntos.
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O amor cura? Vondy
RandomSerá que o amor pode curar? será que a força do amor é tão forte que é capaz de curar.