𝟬𝟬𝟬𝟭: 𝗔 𝗰𝗮𝗽𝗽𝘂𝗰𝗰𝗶𝗻𝗼 𝗮𝗻𝗱 𝗮 𝗹𝗶𝘁𝘁𝗹𝗲 𝗮𝗻𝗴𝗲𝗿

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THIRD PERSON POV

O joelho dela balançava sem parar, um claro sinal da ansiedade que crescia a cada minuto em seu corpo; mesmo que estivesse conversando com Gwyn e Emerie desde que se sentou, Nestha não conseguia se distrair, hiperconsciente do seu redor e principalmente da situação de merda em que estava.

Gwyn: vamos fazer nosso encontro semanal na BV hoje

Nestha: eu apoio, chegou uma remessa de amoras frescas, farei ótimos bolinhos

Ems: se manca Nestha, vc só faz coisas ótimas
Ems: principalmente quando atirou aquela versão de bolso de Crime e Castigo na cabeça do Mandray.

Gwyn: esse foi um dos momentos mais memoráveis daquela faculdade miserável

— Srta. Archeron? O Sr. Vanserra vai recebê-la agora — a secretária disse e Nestha agradeceu antes de mandar uma mensagem às amigas dizendo que falaria com elas depois. Ajeitou as roupas, torcendo para não estar suja de farinha ou qualquer outra coisa da cozinha, não teve tempo de checar sua aparência antes de sair. Tirou o cabelo do ombro e entrou no escritório a passos firmes, cobrindo seu corpo inteiro com a aura de soberba e arrogância que mantinha desde que aprendeu a andar.

Lucius Vanserra era um ano mais velho que Lucien e mesmo que o amigo fosse infinitamente mais bonito que o irmão, Nestha precisava admitir que a mãe deles sabe fazer um filho bonito.

— Boa tarde Nestha, a que devo a honra da sua visita? — Perguntou, indicando a poltrona para que Nestha se sentasse, ela rapidamente tomou seu lugar e antes de explicar o motivo de sua ida, tirou o livro de contabilidade, as notas de pagamento e o contrato de hipoteca.

— Eu recebi uma notificação de que preciso pagar o restante da hipoteca em noventa dias — foi direta ao ponto, expondo tudo ao homem. — Eu não tenho como conseguir setenta mil coroas em três meses, Lucius!

Apesar de todo nervosismo, a voz de Nestha era um reflexo de imponência, sem vacilar um instante. Ela não deixaria nada destruir seu sonho de manter a Black Velvet funcionando.

— Ah sim — ele disse, analisando as contas dela, apesar de seu amor pela cozinha e pelos livros, Nestha se formou em contabilidade com foco em administração, para que conseguisse comandar seu negócio sem precisar da ajuda de muitas pessoas. Ela era ótima com cálculos e mantinha as contas da cafeteria em ordem. — Infelizmente não foi uma decisão minha, Nestha, o conselho diretor determinou que todas as dívidas abaixo de cem mil coroas deveriam estar quitadas em até três meses e a sua hipoteca se enquadra...

— Isso é um absurdo! Eu tenho um contrato de hipoteca — disse apontando o dedo paga um dos papéis sobre a mesa — que garante o pagamento mensal da dívida, Lucius.

Ele limpou a garganta, a exasperação de Nestha era fria, ela não erguia a voz, seu rosto permanecia impassível, mas seus olhos sempre denunciavam quão irada ela estava, e naquele momento, as írises azuis-acinzentadas cintilavam como um mar no meio de uma tempestade furiosa.

— Eu não vou aceitar isso, não posso perder minha cafeteria, Lucius — ela disse, a voz dela tremendo levemente. Perder a Black Velvet levaria Nestha ao buraco que ela lutou por anos para sair, a BV era seu sonho, seu pequeno paraíso, morreria se fosse tirada dela.

— Eu tentarei o que for possível, Nestha, mas não posso garantir sucesso, pois é uma decisão superior... — retrucou, ajeitando os papéis que Nestha havia trazido. — Eu entrarei em contato nos próximos dias para avisar o que quer se seja decidido.

𝗖𝗢𝗡𝗩𝗘𝗡𝗜𝗘𝗡𝗖𝗘 || 𝚗𝚎𝚜𝚜𝚒𝚊𝚗 Onde histórias criam vida. Descubra agora