𝟬𝟬𝟬𝟴: 𝗪𝗲𝗹𝗰𝗼𝗺𝗲 𝘁𝗼 𝘁𝗵𝗲 𝗳𝗮𝗺𝗶𝗹𝘆(?)

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THIRD PERSON POV

Kant deu passos firmes para dentro do salão, sem se importar com os olhares indagadores dos convidados, ele parou a menos de um metro do casal. Nestha revirou os olhos e se inclinou para a direita, encontrando o que deveria ser o pai de seu marido. A Archeron — Varzand agora — encontrou centenas de semelhanças entre Kant e Rhysand, os olhos violetas eram idênticos, mas o brilho que sustentavam não poderiam ser mais distintos.

Kant carregava um olhar mortalmente perspicaz, como se procurasse fraquezas como um leopardo buscava a presa, e a postura dele era infinitamente mais arrogante do que de Rhysand — e ela duvidava se podia existir alguém mais arrogante do que o cunhado, mas ali estava, seu sogro conseguia superar e muito o filho.

Nestha o odiou no mesmo instante que o viu.

— Não vai me apresentar a sua esposa, menino? — Perguntou com o máximo de ácido, dirigindo um sorriso venenoso ao filho adotivo.

Kant deu um olhar inquisitivo a Nestha, explicitamente medindo a mulher, provavelmente julgando se ela estava apta a ser noiva de Cassian: medíocre e inútil como ele.

— Não vejo ninguém digno de ser apresentado a Nestha — respondeu no mesmo tom, pressionando a mão no braço de Nestha, a mantendo atrás de si. — Pensei que você tivesse se tocado disso, já que não recebeu o convite.

Nestha sentiu a tensão em Cassian, tão firme quanto os músculos em seu corpo, ele parecia convicto em não deixá-la no campo de visão de Kant, mas desde já ele deveria saber que ninguém a impedia de fazer o que pretendia. Ela deu um passo para o lado, mantendo suas mãos no braço direito de Cassian, pôde ouvir ele grunhir, mas não a moveu.

— Você deve ser Kant da Silva, suponho — disse, sem nenhum sinal de simpatia na voz. — Gostaria de dizer que é um prazer conhecê-lo, mas não vejo motivos disso ser um prazer.

Um murmúrio surpreso fez eco pelo salão, Kant não era uma pessoa que alguém quisesse ofender, mas Nestha parecia alheia a essa realidade. Até mesmo Rhysand tinha dificuldades em lidar com o pai.

Kant deu apenas uma risada, a esposa do garoto parecia ter uma espinha dorsal firme, de forma atípica.

— Mas bem, fique a vontade, Sr. Silva e aproveite a festa, acredito que tem comida o suficiente para manter sua boca calada, sem atrapalhar a festa para o restante dos convidados — ela disse sem rodeios, indicando o salão.

E dito isso, Nestha puxou o noivo para longe do pai, Cassian ainda estava perplexo com tudo que havia passado diante dos seus olhos; apesar de tudo, Kant parecia estar satisfeito com aquilo. Cassian temia ter dado ao pai um motivo para quebrar Nestha, afinal era aquilo que Kant fez durante toda a sua vida: quebrou, afastou e destruiu tudo que Cassian prezava.

— Eu sinto muito por isso, Nestha — ele disse, curvando-se levemente a ela e a morena acenou, dispensando suas desculpas. — Rhys garantiu que ele não apareceria, mas—...

— Não importa, Cassian — falou secamente. — Não imaginei que seu pai fosse evitar de aparecer aqui.

Como o esperado, o clima para a festa decaiu como uma névoa na serra, ninguém mais parecia tão a vontade com a presença de Kant, que conversava com pessoas que Nestha nem sabia quem eram, e também não importava.

— Eu sinto muito, Nestha — Rhysand disse ao se aproximar com Feyre, a expressão culpada no rosto do cunhado fez Nestha franzir o nariz desgostosa. — Como ele e Cassian não possuem nenhum relacionamento próximo, imaginei que ele nem se daria ao trabalho de vir.

— Pela Mãe! Não é culpa de ninguém que ele tenha sido inconveniente, não se desculpe por isso, Rhysand e desfaça essa cara de bunda — falou, roubando um dos docinhos do prato que Feyre segurava. Feyre deu um olhar feio a irmã, que Nestha sabiamente ignorou. — Como você suporta ele, Fey?

— Digo o mesmo sobre você — Rhysand retrucou, amparando a esposa que se sentava.

— Soube que foi você que fez o bolo, Nestha — Kant disse, aparecendo de supetão entre o grupo.

— Sim, é uma das minhas especialidades.

— De certo que sim, bem vocês fazem um ótimo casal — apontou indiscreto para Nestha e Cassian, que enrijeceu ao lado dela, esperando o que quer que complementasse a frase do pai. — Era de se esperar que você se casasse com uma padeira, Cassian. Foi tolice minha imaginar que você acharia alguém melhor que isso.

Uma veia estufou visivelmente na têmpora e pescoço de Cassian. Um nó cresceu na garganta de Nestha, não que ela se incomodasse em não ser chique como Feyre e Elain eram naturalmente, e ser uma padeira, como Kant tinha precisamente pontuado não era um motivo de vergonha. Nestha amava a vida que tinha e ninguém iria fazer ela questionar suas escolhas, nem mesmo o seu sogro amargo e estranho. Estava prestes a responder quando Cassian tomou a frente.

— E quem você pensa que é para medir o valor de alguém, pai? — Indagou com aspereza, envolvendo o corpo de Nestha protetoramente. Por sorte, nenhum dos outros convidados prestava atenção na conversa dali. — Uma pessoa como você não tem o direito de definir quanto alguém vale ou não.

Kant deu uma risada sincera, apenas para irritar ainda mais os filhos.

— Não posso deixar de achar que vocês combinam, uma padeira e um professorziho de academia — ele limpou as lágrimas causadas pelo riso. — Bem, acho que já pude recepcionar os noivos conforme mereciam.

Ele limpou qualquer poeira presente em seu paletó e deu um aceno irônico na direção dos recém-casados.

— O bolo estava ótimo, nora — Nestha estreitou os olhos, odiando cada minuto daquela conversa. — Ah, seja bem-vinda a família

𝗖𝗢𝗡𝗩𝗘𝗡𝗜𝗘𝗡𝗖𝗘 || 𝚗𝚎𝚜𝚜𝚒𝚊𝚗 Onde histórias criam vida. Descubra agora