𝗖𝗢𝗡𝗩𝗘𝗡𝗜𝗘𝗡𝗖𝗘 || 𝚗𝚎𝚜𝚜𝚒𝚊𝚗

𝟬𝟬𝟭𝟬: 𝗟𝗮 𝘃𝗶𝗲 𝗮 𝗩𝗶𝗲𝗻𝗻𝗲

*recomenda-se ler enquanto ouve “Honeymoon” de Lana Del Rey*

THIRD PERSON POV

Cassian não fazia ideia de quanto tempo estavam voando, tampouco quando Nestha sucumbiu ao sono e deixou a cabeça cair sobre o ombro de Cassian. O livro que ela segurava com tanto afinco, escorregou de seus dedos e ela soltou um pequeno suspiro entre o sono e as madeixas castanhas cobriram parcialmente o rosto dela.

Cassian fechou o notebook com cuidado e tirou a bolsa do colo de Nestha, em sua cisma com Ianthe — é claro que ele havia reparado, Nestha não sabia ser discreta com seus sentimentos, e ele imaginava que a esposa não soubesse — não colocou no compartimento de mala e então a pegou no colo, as poltronas do avião eram confortáveis, mas a cama na suíte era melhor.

Ajeitou Nestha em seu colo e foi colocá-la na cama, nos poucos metros que separava a área comum da suíte, Nestha se acomodou em seu colo, dando pequenos suspiros satisfeitos. Suavemente ele a colocou na cama, cobrindo seu corpo com o cobertor fino, Nestha esticou seu corpo inteiro como um gato sossegado e se aconchegou ainda mais no colchão, sem interromper seu sono.

Silenciosamente, ele saiu da suíte e voltou ao seu lugar, encontrando Ianthe no corredor, organizando as coisas.

— Olá Sr. Varzand, há alguma coisa que eu possa fazer para o senhor? — Perguntou solícita, dando um sorriso modesto.

— Falta quanto tempo para aterrissarmos? — Perguntou, espreguiçando o corpo, ele sentia os músculos das pernas se alongarem dolorosamente, devido ao longo tempo que passou sentado.

— Pouco mais de cinco horas — disse, cruzando os dedos na frente do corpo, avaliando discretamente o passageiro. — Algo mais?

— Uma água com gás e limão, por favor — disse, voltando ao seu lugar, colocando o notebook sobre a bandeja da poltrona, finalmente estava finalizando o plano de execução para a obra na Carynthian. Ianthe assentiu, saindo rapidamente para atender o pedido dele, Cassian se distraiu com a paisagem noturna da janela, as nuvens eram fluídas demais para impedir que ele pudesse ver as luzes artificiais das cidades no solo ou as estrelas no horizonte.

Cassian relembrou o quanto gostava de voar, talvez devesse marcar um fim de semana para voar de asa delta quando voltasse a Velaris.

— Aqui está — entregou a ele uma taça grande de água, com rodelas de limão.

— Obrigado Ianthe, pode descansar agora.

E ficou sozinho de novo, apreciando a quietude noturna, que nem a turbina potente do avião podia quebrar.

✵

Fazia alguns dias que ela não tinha um sono tão tranquilo, tanto que acordou somente quando Cassian a cutucou, avisando que iam pousar em minutos e ela precisava se sentar. Se arrastou preguiçosamente até sua poltrona, novamente alongando o corpo, dando suspiros satisfeitos pela noite de sono. Encontrou seu livro fechado sobre a caixa infame que Lucien e Emerie haviam lhe dado; um assombro leve e frio passou por sua coluna e ela encarou o presente com olhos arregalados.

— Relaxa Nestha, não mexi nas suas coisas, se é isso que te preocupa — ouviu Cassian dizer presunçosamente, sem tirar os olhos do notebook.

— Não estava preocupada com isso.

— Claro que não.

Ambos apertaram os cintos e esperaram o avião passar pelo incômodo de pousar e, apesar de estar descansada, Nestha se arrependia de ter dormido, tinha perdido a visão de ver Viena de cima. Pensando nisso, ela finalmente se rendeu ao entusiasmo de estar numa cidade rica em cultura como a capital austríaca; estava ansiosa para poder visitar os palácios e os museus do lugar, nem que precisasse chantagear Cassian para tanto.