𝟬𝟬𝟬𝟮: 𝗔𝘁 𝘀𝗼𝗺𝗲 𝗽𝗼𝗶𝗻𝘁 𝗲𝘃𝗲𝗿𝘆𝘁𝗵𝗶𝗻𝗴 𝗮𝗹𝘄𝗮𝘆𝘀 𝗺𝗲𝗲𝘁𝘀

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THIRD PERSON POV

— A pergunta de um milhão de coroas é: quem vai ser a afortunada noiva? — Rhysand perguntou pondo a taça de vinho na mão de Cassian, que engoliu metade da bebida num único gole. Azriel apenas esperou que o outro continuasse falando.

— Eu ainda não sei, mas tenho trinta dias para encontrar uma noiva — e engoliu o restante do vinho, estendendo a taça para Rhys encher outra vez. — Conhecem alguma disposta a ficar um ano casada por pura conveniência?

Nenhum dos dois se pronunciou, o silêncio foi interrompido pela gargalhada estrondosa de Rhysand; Cassian dirigiu seu olhar mais mortal ao irmão, murmurando que ainda podia fazer Rhys engolir a própria cueca, independente se o mais novo estava prestes a ser pai ou não.

— É, a dona Amara conseguiu mesmo te levar pro altar — Azriel disse, dando uma risadinha maligna na direção do outro, Cassian bufou e fez seu bico, característico de quando estava emburrado. — Ela te pegou de jeito.

Rhysand ainda estava rindo, na verdade bastava que olhasse para Cassian pro riso voltar com ainda mais força. Era hilário, ele tinha que admitir, sua mãe não tinha desistido da ideia de vê-lo casado nem depois de morta.

— A Mãe e todas as entidades desse universo sabem que eu não me sujeitaria a isso se não precisasse mesmo do dinheiro — Cassian comentou, ligeiramente melancólico. Odiava pensar que poderia estar agindo como um ganancioso que não via a hora da mãe morrer para conseguir pegar o dinheiro. Cassian só começou a fazer planos com o dinheiro depois que Amara deixou claro que ele finalmente iria expandir sua academia e começar um negócio de culinária saudável para os alunos da Carynthian.

— Ninguém tá te julgando aqui, Cass — Azriel disse, sem nenhum traço de humor na voz — muito menos achando que você só tava esperando a mamãe morrer pra ficar com a sua parte na herança dela.

— Mas eu me sinto assim, eu tô disposto a casar só pra conseguir ter acesso a esse dinheiro, a única coisa que me difere de qualquer prostituta é que eu uso menos roupas que ela — não conseguiu evitar uma piadinha.

— Você está indo atrás de um direito seu, — Rhys apertou o ombro dele, numa tentativa de confortá-lo — ok que a mamãe conseguiu ir bem mais longe do que eu imaginei em seus intentos de casar você, e não de atreva a absorver qualquer coisa que o velho tenha dito. Você sabe que ele é um desgraçadinho que nenhum asilo quer aceitar.

Cassian riu.

— Talvez tenham razão.

Nestha apoiou a mão sobre o ventre saliente de Feyre, a barriga da caçula estava impressionantemente grande e ela não deixou de questionar se não era mesmo uma gestação de gêmeos.

— Não seja ridícula, aqui tem apenas um bebê, o médico disse que Nyx está maravilhosamente saudável e forte.

— Eu não me surpreenderia, sendo sincera — respondeu secamente, dando um olhar significativo para a irmã enquanto bebia seu suco de uva.

— Nestha! — Feyre exclamou, envergonhada pela sinceridade direta da irmã, não que ela estivesse mentindo, mas não era um fato a ser dito tão casualmente como Nestha havia dito. — Eu pensei que a idade e o trabalho teriam diminuído esse seu lado.

Nestha estalou a língua, engolindo a satisfação de ver a irmã constrangida, Feyre sempre parecia muito sensível aos seus comentários, independente de qual fosse a linha argumentativa que ela usasse. Enquanto Elain parecia muito tranquila e indiferente a acidez da mais velha, já acostumada a ouvir os comentários mordazes que Nestha tecia tão calmamente.

— Você deveria ter se acostumado, Fey — comentou entregando uma das bolachas amanteigadas que haviam pedido naquela confeitaria chique. Obviamente não chegava aos pés das que Nestha fazia. — Sabe que às vezes Nestha não sabe conter o veneno.

Apesar da incredulidade, Feyre riu. Ela sentia falta dessa convivência com as irmãs, depois que se casou e se mudou pro interior de Velaris, via as duas com muito menos frequência do que gostaria.

— Bem, que seja — agitou a mão tatuada, afastando o assunto, seus olhos brilharam quando ela se virou para a mais velha, completamente curiosa. — Como está indo as coisas com a Black Velvet? Eu sei que estou devendo uma visita pra ver a reforma, mas adoro ver a sua empolgação ao falar da padaria.

Nestha suspirou, e decidiu tomar seu tempo comendo uma das bolachas amanteigadas de arroz, pensando em como diria às irmãs. Não cresceu com o hábito de esconder segredos delas, e achou que não seria justo esconder aquele detalhe.

— Existe a possibilidade de eu perder a BV — disse sem rodeios e explicou como estavam as coisas, ignorando os olhares das irmãs, não suportava o sentimento de pena, muito menos quando era direcionado a ela. — Tô analisando todas as possibilidades que eu tenho, posso vender o apartamento que papai deixou e pagar a hipoteca.

— Vou falar com Rhys, com certeza ele conhece alguém no banco e pode reverter isso—... — Feyre começou a falar e foi interrompida pelo olhar duro de Nestha.

— De maneira alguma, não quero dever favores ao seu marido, Feyre — declarou firme. — Eu vou dar um jeito de resolver.

Elain permaneceu muda, sabia que a caçula iria insistir e a mais velha negaria com todas as forças, ambas eram teimosas demais para aceitar alguma coisa.

— Não é um favor, Nestha! Você é da família e a família se ajuda.

Inconscientemente, Nestha torceu o nariz. Não se dava bem com o cunhado, Rhysand deixava bem claro que não perdoava o fato de Nestha ter abandonado as irmãs quando entrou na faculdade, e Nestha não poderia se importar menos com o que ele achava.

Apesar dessa pequena inconveniência, Nestha fazia o possível para ser cordial com o cunhado quando era forçada a dividir o espaço com ele, tudo para o bem-estar da caçula.

— Não vou aceitar nada de Rhysand, não insista, Feyre.

Feyre suspirou resignada, não pediria nada, mas ninguém a impediria de comentar com Rhysand sobre, e se ele decidisse fazer algo sobre, não seria sua culpa, ponderou consigo mesma. Elain captou o que a irmã pensava e sorriu contra sua taça de suco, Nestha parecia incomodada com aquilo, odiava ser o centro das atenções e compartilhar problemas, pois era autossuficiente o bastante para querer resolvê-los sozinha, mas entrar nesse vínculo de honestidade e lealdade para com as irmãs era isso, estar exposta e vulnerável, passível de ajuda, na mente delas.

— Se optar a venda do apartamento, sabe que pode morar comigo, não é Nessie?

Nestha assentiu duramente, era uma das poucas ajudas que poderia aceitar das irmãs. Era mais fácil se desfazer do apartamento do que da BV, e qualquer coisa poderia usar o estoque para dormir e o banheiro dos funcionários. Sempre havia uma saída.

— Não hesite caso precise de qualquer coisa, Nessie.

Rhysand analisou as palavras da esposa, talvez ele pudesse ajudar o destino a matar dois coelhos numa cajadada só. Bastava dar os comandos certos.

— Não se preocupe, Feyre querida — murmurou deixando beijos na barriga saliente da esposa — sua irmã é responsável o bastante para conseguir sair dessa situação, confie nela.

Levantou, deixando a esposa sozinha no ateliê enquanto ligava para Cassian. Talvez não fosse uma boa ideia, pois Nestha podia ser pior que todos os cães do inferno, mas Cassian estava desesperado e Nestha também.

— Encontrei a noiva perfeita para você, irmãozinho e não precisa me agradecer.

𝗖𝗢𝗡𝗩𝗘𝗡𝗜𝗘𝗡𝗖𝗘 || 𝚗𝚎𝚜𝚜𝚒𝚊𝚗 Onde histórias criam vida. Descubra agora