Capítulo IV

2.1K 202 73
                                    


Sete mil vagalumes pareciam girar dentro da minha cabeça. Cada um tentando formar uma luz para que eu tentasse compreender o que estava acontecendo.

— É uma brincadeira?

— Bella, me perdoe por ter mentido para você. Antes que vá embora, vamos entrar e deixe que eu explico tudo, está bem?

Entorpecida pela conjuntura, apenas o ajudei a pegar as malas e o segui. O cocheiro foi embora.

— Você não é um Duque?

— Eu sou um Duque. — ele deixou as malas no chão, percebendo que eu não iria esperar para ele me contar. — Apenas... perdi o meu ducado.

— Perdoe-me, eu acho que escutei o senhor dizer que perdeu o seu ducado.

— Foi exatamente o que eu disse, meu bem.

— Não ouse me chamar de meu bem! — soltei, com raiva, sentindo tudo ruir.

Todas as conversas e risadas no navio. Todas as vezes em que ele havia segurado a minha mão, com gentileza e cortejo. Era tudo mentira.

— Eu precisava do seu dote, Arabella. Estou tentando recuperar o que é meu e eu só conseguiria o dinheiro restante se me casasse.

— Como você pôde ter perdido um ducado? — perguntei, incrédula.

— Eu... — ele olhou para baixo e pousou a mão no queixo, parecendo ter vergonha de dizer. — Eu perdi em uma aposta.

— Uma aposta? — quase gritei. — Você se casou comigo por dinheiro! Enganou toda a minha família...

— Você se casou comigo pelo mesmo motivo. Eu salvei o seu reino com a aliança que foi feita entre Sírios e Beaumont. Foi um benefício mútuo que...

— Eu não fazia ideia. — completei a frase dele, o deixando sem fala. — Como pôde não ter me contado?

— Se eu te contasse, a senhorita não teria se casado comigo.

— É certo que não teria! Você não possui nem uma casa, isso é uma cabana! É um vigarista!

— Devo pressupor então, pela sua reação, que não iremos consumar o nosso casamento, não é?

Arremessei um copo de barro que havia em cima da mesa em sua direção.

— Imaginei que não. Sendo assim, considere que eu não sou tão mau caráter como pensa. Não tentei seduzi-la até que soubesse a verdade.

— Quão honrado você é. — arremessei outro copo. Ele desviou.

— Pare de tentar me machucar!

— Você não considerou que eu esteja machucada? — senti minhas pernas falharem enquanto meus olhos se encheram de lágrimas. Harry andou até a minha direção e me deu apoio com os braços.

— Por favor Bella, não chore.

Eu me sentia ridícula. Uma piada que seria contada por todas as gerações dos oito reinos.

— Eu prometo a você que, logo após conseguir o meu ducado de volta, o casamento será anulado. Não iremos consumar o matrimônio. — ele limpou uma de minhas lágrimas. — Você poderá se casar novamente e esquecer que um dia me conheceu. A aliança entre os reinos já estava feita e não podia ser revogada, então Beaumont está segura. Já se sacrificou por sua família.

— Como posso acreditar em qualquer coisa que me diz?

— Não foi tudo mentira. — ele respondeu, olhando no fundo dos meus olhos. — Podemos ser bons amigos que são casados por conveniência. Nada irá mudar.

Insensato AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora