Harry acordou com um enorme galo na cabeça e uma expressão de horror ao perceber que estava no barco. Eu e Aland já tínhamos voltado a seguir a rota para Vermênia. A rota marítima estava liberada. Ele apertou os olhos, incomodado pelo sol, e encontrou os meus olhos. Toquei em seu rosto, sentindo o amor que eu sentia por ele se encher.— Você está bem?
— Onde eu estou? — ele se levantou, me olhando com desdém, e encarou os braços amarrados. — O que é isso?
— É para o seu bem. — eu queria que ele soubesse que aquilo me machucava também. Acariciei o seu cabelo. Estava um pouco maior, um pouco mais rebelde, mas ainda estava do jeito que eu gostava. Entrava em meus dedos de forma macia. — Você está preso, mas eu irei te soltar assim que você se lembrar de tudo.
— Está louca? — ele tentou se soltar das cordas no braço. — Que espécie de maluca é você?
— Eu falei que não era uma boa ideia, Aland. — me virei para trás, vendo-o de braços cruzados.
— Se quiser que ele venha conosco, não correrei o risco de que ele te machuque.
— Ele não vai me machucar. Arthur disse...
— Arthur disse que ele não pode te matar. — ele me interrompeu, com uma postura séria que eu nunca tinha visto antes. — Não falou nada sobre esse aí. Se está sem memória, ele não sabe quem você é. Não vou arriscar você.
— Você não o conhece!
— Nem você! — ele disse, alto. — Ele não é o Harry que conheceu.
— Eu também não conheço você! Você mesmo disse, foram ridículas duas semanas, como sei que também não estou correndo risco de vida ao seu lado?
Me arrependi assim que as palavras saíram. Aland me encarou como se tivesse levado um soco, e saiu. Um som de risada, a risada que um dia aqueceu o meu coração e agora parecia áspera, surgiu atrás de mim.
— Parece que acabou de ter a primeira briga com o namorado.
— Ele não é meu namorado. Namoros não são permitidos para damas, existe noivado e casamento, e o único homem a quem eu sou comprometida é você!
— Interessante seu conceito de compromisso, já que está andando a sós com outro homem. Além de ser maluca e me prender aqui, ainda quer que eu acredite que eu era o seu marido? Se for assim, você é a pior esposa.
Aquilo me atingiu em cheio, mas eu não quis demonstrar. Tentei gritar na minha cabeça que ele não era o Harry. Que aquelas palavras não eram dele.
— Eu estou tentando salvar você. Sei que vai se lembrar de mim.
— Não conte com isso. — ele deu uma risada irônica que me partiu ao meio.
Eu não ia deixar ele perceber como estava abalada. Precisava ter paciência. Ele estava vivo, e era isso o que importava. Eu sonhei com isso. Era um presente. Eu quase morri por dentro quando pensei que tinha o perdido e que as minhas últimas palavras tinham sido que eu não o amava de volta.
Harry ignorou o meu silêncio e tentou se soltar, com raiva nos olhos. Ele não parecia querer ouvir isso agora, nem nada que eu dissesse. Violetta me disse uma vez que toda magia tinha uma brecha. Eu a encontraria, e quebraria. Ele se lembraria de nós de novo. Eu não ia perder as esperanças.
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Insensato Amor
Ficción históricaSérie irmãs Beaumont - Livro 3 Arabella é a filha mais nova das três princesas do reino de Beaumont, sendo considerada a próxima a se casar. Após ver as duas irmãs se casarem por amor e sonhar, por tantos anos, com o mesmo, Bella se vê obrigada a se...