O meu rosto foi direto ao chão duro do castelo quando Arthur me empurrou com força. O ódio dele fazia com que eu tivesse a sensação de tremor nas paredes do Palácio. Por incrível que pareça, eu não estava mais com medo do que ele poderia fazer comigo. Estava apavorada por Harry.— Sabia que não era pura coisa alguma. — ele cuspiu no chão ao meu lado. — Como posso me casar com uma mulher que comete adultério? Você fugiu de mim. Eu, que te dei tudo!
— Arthur, eu posso explicar...
— Cale a boca! — ele estendeu a mão para me bater, e a retraiu. — Não vou te machucar. Você não merece essa atenção. Tenho uma surpresa melhor para ti, querida.
Me levantando à força, ele me empurrou até a torre. As escadas infinitas em espiral fizeram calafrios intermináveis em minha pele.
De alguma forma, o pavor que eu sentia agora era muito maior do que quando estava nas mãos do meu tio.
— Para onde está me levando?
— Para encontrar o seu ex marido. — ele sorriu, me parando em frente a uma porta de ferro. Ele empurrou o meu rosto na fresta aberta, e eu chorei antes mesmo de olhar.
Os gritos de Harry cortaram a minha alma.
Ele estava sendo chicoteado.— Olha só que visita mais agradável. Seu ex marido invadiu o nosso Palácio no mesmo dia em que você foge, e ainda conseguiu te encontrar na cidade. Não é uma coincidência interessante? Será que eu deveria pensar que vocês dois estavam tentando se encontrar?
Harry havia invadido o Palácio! Como ele tinha feito isso?
— Não, não é o que pensa, se me deixar explicar...
— Não é o que estou pensando? Tem certeza?
— Tenho. Nós não temos mais nada um com o outro. Não sei o que ele faz aqui. Não pedi que ele me procurasse. — disse, em completa agonia, conforme Harry urrava.
— Então o que fazia tentando pegar um navio de volta para Sírios? — ele apertou meu queixo.
— Não tente negar. Estava perto do porto.— Estava te procurando, você não me avisou para onde ia.
— Mentirosa!
— Solte-o, por favor, não consigo assistir isso.
— Só o soltarei se tiver certeza de que toda a sua afeição é minha, Arabella. — ele segurou meu braço com força.
— Eu te amo, Arthur. — disse, enquanto chorava.
— Ama mesmo? Então prove. — ele me beijou com tanta força que doeu.
Tentei não vomitar quando terminou.
— Não é suficiente, você não está se esforçando. — ele limpou a boca. — Diga a ele.
— O que? — arregalei os olhos, desesperada.
— Diga a ele, que não o ama. Esclareça que estamos noivos, e eu o deixo ir embora.
Uma esperança renasceu dentro de mim.
— Está falando a verdade? Promete que o deixa sair com vida?
— Claro!
— Então peça que pare o castigo, agora!
— Parem! — Arthur gritou, parando a ação do carrasco. Ouvi Harry soltar a respiração. — Viu? É uma promessa. Faço tudo por você, querida. — ele sorriu, abrindo a cela.
Encarei a porta aberta, sem coragem de entrar.
Não queria dizer a Harry que não o amava.
Como faria isso? Como suportaria dizer?Arthur estendeu o braço, me incentivando a entrar. Minhas mãos tremeram. Se eu não fosse, ele o mataria. Olhando em seus olhos, eu tinha a mais plena certeza disso. Da crueldade que carregava uma escuridão densa e pesada ao redor dele.
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Insensato Amor
Historical FictionSérie irmãs Beaumont - Livro 3 Arabella é a filha mais nova das três princesas do reino de Beaumont, sendo considerada a próxima a se casar. Após ver as duas irmãs se casarem por amor e sonhar, por tantos anos, com o mesmo, Bella se vê obrigada a se...