Capítulo XXII

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O meu rosto foi direto ao chão duro do castelo quando Arthur me empurrou com força. O ódio dele fazia com que eu tivesse a sensação de tremor nas paredes do Palácio. Por incrível que pareça, eu não estava mais com medo do que ele poderia fazer comigo. Estava apavorada por Harry.

— Sabia que não era pura coisa alguma. — ele cuspiu no chão ao meu lado. — Como posso me casar com uma mulher que comete adultério? Você fugiu de mim. Eu, que te dei tudo!

— Arthur, eu posso explicar...

— Cale a boca! — ele estendeu a mão para me bater, e a retraiu. — Não vou te machucar. Você não merece essa atenção. Tenho uma surpresa melhor para ti, querida.

Me levantando à força, ele me empurrou até a torre. As escadas infinitas em espiral fizeram calafrios intermináveis em minha pele.

De alguma forma, o pavor que eu sentia agora era muito maior do que quando estava nas mãos do meu tio.

— Para onde está me levando?

— Para encontrar o seu ex marido. — ele sorriu, me parando em frente a uma porta de ferro. Ele empurrou o meu rosto na fresta aberta, e eu chorei antes mesmo de olhar.

Os gritos de Harry cortaram a minha alma.
Ele estava sendo chicoteado.

— Olha só que visita mais agradável. Seu ex marido invadiu o nosso Palácio no mesmo dia em que você foge, e ainda conseguiu te encontrar na cidade. Não é uma coincidência interessante? Será que eu deveria pensar que vocês dois estavam tentando se encontrar?

Harry havia invadido o Palácio! Como ele tinha feito isso?

— Não, não é o que pensa, se me deixar explicar...

— Não é o que estou pensando? Tem certeza?

— Tenho. Nós não temos mais nada um com o outro. Não sei o que ele faz aqui. Não pedi que ele me procurasse. — disse, em completa agonia, conforme Harry urrava.

— Então o que fazia tentando pegar um navio de volta para Sírios? — ele apertou meu queixo.
— Não tente negar. Estava perto do porto.

— Estava te procurando, você não me avisou para onde ia.

— Mentirosa!

— Solte-o, por favor, não consigo assistir isso.

— Só o soltarei se tiver certeza de que toda a sua afeição é minha, Arabella. — ele segurou meu braço com força.

— Eu te amo, Arthur. — disse, enquanto chorava.

— Ama mesmo? Então prove. — ele me beijou com tanta força que doeu.

Tentei não vomitar quando terminou.

— Não é suficiente, você não está se esforçando. — ele limpou a boca. — Diga a ele.

— O que? — arregalei os olhos, desesperada.

— Diga a ele, que não o ama. Esclareça que estamos noivos, e eu o deixo ir embora.

Uma esperança renasceu dentro de mim.

— Está falando a verdade? Promete que o deixa sair com vida?

— Claro!

— Então peça que pare o castigo, agora!

— Parem! — Arthur gritou, parando a ação do carrasco. Ouvi Harry soltar a respiração. — Viu? É uma promessa. Faço tudo por você, querida. — ele sorriu, abrindo a cela.

Encarei a porta aberta, sem coragem de entrar.
Não queria dizer a Harry que não o amava.
Como faria isso? Como suportaria dizer?

Arthur estendeu o braço, me incentivando a entrar. Minhas mãos tremeram. Se eu não fosse, ele o mataria. Olhando em seus olhos, eu tinha a mais plena certeza disso. Da crueldade que carregava uma escuridão densa e pesada ao redor dele.

Insensato AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora