Capítulo XIX

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Arrumei a única mala que eu havia aberto e a juntei com todas as outras em completo desespero, ainda arrepiada com as palavras da senhora. Aquele Palácio era estranho, e as pessoas eram estranhas, mesmo que Arthur parecesse sincero.

De qualquer forma, se a minha mãe não estava bem, nada mais importava. Eu ainda tinha cerca de um mês para me casar e pediria a opinião dela sobre a proposta matrimonial.

Talvez eu só estivesse com medo por causa dos boatos, que podiam ser infundados. Ressaltaria a mamãe que Arthur havia sido hospitaleiro e que, provavelmente, era apenas um homem sozinho. Ela saberia o que me responder.

Abri a porta do quarto, com duas malas em cada mão, quando o guarda ruivo, que parecia ter o dobro do meu tamanho, interrompeu a passagem.

— Não têm permissão para sair. — a voz grossa dele disse, me fazendo estremecer.

— O Príncipe disse que a carruagem estaria me esperando ao fim do dia. Ele deve ter esquecido de lhe passar as ordens. — sorri, tentando parecer gentil.

Ele não me respondeu. Continuou na passagem da porta, e olhou para o corredor. Mais dois guardas grandes apareceram e entraram no quarto, puxando as minhas malas à força.

— O que estão fazendo? Devolva! — tentei puxar a mala, sem sucesso. Os homens saíram e a porta foi trancada.

Gritei a plenos pulmões, tentando entender o que estava acontecendo. Devia ser um engano. Um grande engano. Por que eles estavam me prendendo?

Quando as minhas mãos doeram de tanto esmurrar a porta, caí em cima de meus joelhos, e ao mesmo tempo, despenquei na realidade.
Eu estava presa.

A minha mãe estava doente.

Sem mim.

— Querida, pode ir brincar com as suas irmãs. Eu estou bem.

— Não, não está, mamãe! — segurei em sua mão pálida, percebendo que ela tinha emagrecido. Ela era a mulher mais bonita do mundo, e agora estava feia e com o nariz escorrendo. — Por favor, me conta o que a senhora tem.

— É só um resfriado, meu amor. — ela sorriu, com o nariz vermelho. — Se ficar aqui, também irá pegar e todos ficaremos de cama.

— Mas... mas... eu não posso te deixar. Eu sou a sua melhor amiga. — argumentei, vendo os olhos dela se emocionarem.

— Eu cuido dela, Arabella. — papai respondeu, entrando no quarto. — Cecília e Violetta estão te chamando. Elas vão construir um castelo de terra sem você.

— Eu prefiro ficar com a mamãe. — respondi, preocupada. E se ela morresse?

Papai me pegou no colo.

— Não confia no seu pai? Nada irá acontecer com a sua mãe. Se for preciso, eu morro e deixo ela para você.

— O senhor também está morrendo? — arregalei os olhos. Papai e mamãe riram alto.

— Ninguém está morrendo, filha. — disse mamãe, espirrando. Papai me afastou para trás.

— As bactérias da sua mãe vão te pegar.

— Não! — abri a boca, apavorada.

— Você ouviu isso? — mamãe colocou a mão no ouvido. Olhei para os lados, assustada.

— O que?

Papai me colocou no chão e sussurrou:

— Elas disseram: vou pegar a Arabella.

Insensato AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora