Capítulo XVIII

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Gritei, enquanto via Harry apanhar no chão, que estava coberto com o sangue dele. Tentei chamá-lo, mas dois homens fortes me seguravam. Os socos continuavam, e ele não tentava se defender. Chorei, querendo tirá-lo dali. Por que ele não se defendia? Os homens eram menores.

Chutei os guardas que me seguravam e corri em direção a ele. Os homens que o batiam deram risada e saíram. Me joguei sob o seu corpo e segurei seu rosto machucado. Seus olhos se abriram, inchados.

— Bella?

Me impulsionei da cama, sentindo meu ar voltar com uma força avassaladora. A dor em meu peito era real. Tão real que eu demorei a acreditar que havia sido apenas um pesadelo. Meu rosto estava molhado de lágrimas. Nunca senti nada parecido.

Olhei para o quarto, ofegante, tentando entender onde estava, até encarar as cortinas pretas bordadas com um dragão dourado. Ergui os joelhos e apoiei meus braços, enterrando minhas mãos em meu cabelo. Dazzo. Eu estava no Palácio de Dazzo.

A névoa do lado de fora ainda permanecia, apesar da chuva ter cessado. Me levantei, insegura, por não ter ninguém conhecido por perto, e me vesti, começando a sentir dor de cabeça. Os boatos eram falsos. A minha irmã não tinha voltado, e eu assumiria o trono.

Engoli toda a minha angústia e abri a porta, sentindo um calafrio ao encarar o guarda aterrorizante parado em frente. A serva pequena, que tinha me apresentado o quarto, na noite anterior, me esperava no corredor. Percebi que ela estava com olheiras.

— Bom dia, Alteza! — ela se curvou. — O Príncipe a espera para um desjejum no Jardim Ônix.

Assenti, a seguindo enquanto acariciava a minha nuca, em movimentos circulares, tentando fazer com que a dor aliviasse. Parei quando me lembrei que Harry tinha feito o mesmo em mim quando eu caí do cavalo.

Senti falta dos dedos dele em minha pele, e a sensação de agonia me invadiu novamente. Como se ele estivesse com dor e eu pudesse partilhar do mesmo.

A voz de Arthur me tirou desses pensamentos incoerentes.

— Bom dia. — ele se curvou, beijando a minha mão.

— Bom dia, Alteza. — devolvi a reverência.

— Como passou a noite? Foi de seu total agrado? — ele puxou a cadeira para que eu me sentasse.

— Não tenho nada a reclamar, só a agradecer ao senhor pela hospitalidade. — me sentei, percebendo que, no Jardim Ônix, não havia
jardim algum. Apenas um gramado seco e flores mortas.

— Não deve agradecer, tenho a sua família em mais alta conta, apesar das circunstâncias estarem me obrigando ao contrário. — ele se sentou em minha frente na pequena mesa redonda e levou a xícara de chá à boca.

— Não compreendi. — aceitei um pouco de leite que o lacaio me ofereceu, e peguei uma torrada.

— Acredito que seja de vosso conhecimento a divisão dos reinos. — ele apoiou a xícara branca no pires vermelho. — Irina me fez boas propostas para que eu concordasse com uma possível aliança.

— Pensava que Dazzo fosse fiel à Beaumont.

— Os tempos estão mudando. — ele ergueu uma sobrancelha. — Há um momento na vida de um homem em que ele deve decidir se irá se casar por afeição ou pelo bem de seu povo. Tenho pensado em me casar com a Princesa Grace, já que...

Ele parou de falar, parecendo escolher as palavras.

— Já que?

— Já que não pude me casar com você. Eu enviei uma carta, mas nunca fui respondido.

Insensato AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora