CAPíTULO 7

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Um balanço frenético me acorda e percebo que estou sendo carregada como uma boneca em braços fortes como aço. Olho para os  cantos tentando distinguir o ambiente ao meu redor e reconheço que quem me carrega é o rei , sua guarda está com ele, empunhando espadas nas mãos. Meus ouvidos doem e minha garganta arde com a fumaça que cobre minha visão e todo o salão principal assim como os corredores, a voz de Luiz é abafada por sons de gritos e de luta. Não demora muito para que eu consiga perceber o que a bomba fez com o salão de baile, já estávamos longe dele, mas eu podia ver o restos de comidas espalhados por todos os lugares, como cadeiras, mesas e destroços de vidros das janelas. Quasse saindo do campo de visão de toda aquela bagunça, me deparo com algo específico no chão, algo que faz com que meu estômago se revire. Eram braços de pessoas, pernas, e até o que eu poderia considerar, uma cabeça. Tudo se misturava com o resto da bagunça, como se estivessem fazendo parte de uma obra de arte macabra. Uma mão cobre minha visão, Luiz  balança a cabeça avisando para não olhar. Enterro minha cabeça em seu ombro e o abraço com  força. Era o palácio, e até aquele momento eu achava que nada poderia me atingir como agora. Começo a chorar em silêncio , aquelas conhecidas lágrimas voltam como uma enxurrada, embaçando meus olhos em  névoa, eu odiava aquilo e me perguntava quando iria sair do inferno que sempre insistia me perseguir. Mãos grandes limpam minhas lágrimas, olho para aquele homem que me carrega como se eu fosse mais leve que uma pena, ele era um rei, e estava limpando aquelas tão odiadas lágrimas. Um rei que me olhava com compaixão e doçura.

____ Não chore, minha rainha. Estamos quasse saindo dessa bagunça , então não olhe para trás

Enquanto falava as ondas de sua voz tremiam em meu corpo, ele tinha uma voz forte cheia de autoridade e de gentileza, e essa sua gentileza era tão grande, que eu pensava que não merecia alguém como ele. Embora eu o achasse um homem lindo, com cabelos dourados, pele bronzeada de muitos  treinamentos e olhos verde água, nada disso me fazia chegar na reciprocidade de amor que ele tinha por mim. Nada que ele fazia me absorvia por completa em querer ser sua . Eu me sentia oca, como se nada que eu pudesse fazer fosse suficiente para tirar essa sensação de dentro de mim. Toco em seu rosto e o beijo na bochecha. Minha voz falha quando falo

____ Eu não te entendo...___  tento organizar meus pensamentos debilitados, olho para além dele, como se procurasse algo que não existisse. Luiz ergue gentilmente meu queixo com os dedos e sorrir para mim

_____ Minha rainha...___ ele pega minha mão e coloca em seu coração sem nunca desviar o olhar do meu__ Não precisa entender. Eu vou proteger você não se preocupe

Era uma promessa cheia de uma  intimidade que eu nunca tinha recebido antes. Isso aquecia meu coração. Saber que ele sentia isso por mim e que faria de tudo pela  minha segurança era mais do que o suficiente para me acalmar.  independente do que sinto, eu precisava chegar a amar esse homem assim como ele me amava, mesmo que eu não merecesse isso, não importava, eu tinha que ama-lo também. Ele continua andando comigo em seus braços até que chega em um ponto de parar de andar. Estávamos parados em frente a uma escada de mármore semelhante a uma forma de concha de caracol. Ele me coloca com delicadeza no chão, olho para o local desconfiada.

____ Aonde estamos ?

Pergunto com curiosidade.

____ É um esconderijo da realeza, os monarcas  já devem estar lá esperando por nós

Ele acende uma tocha e depois me guia pela mão. Começamos a descer a escada de caracol branca. Teias de aranhas brilhavam  enfeitando o lugar, e me davam um certo desconforto, pois não era normal ver teias tão grandes e brilhosas como aquelas. Luiz aperta minha mão percebendo meu desconto e fala ao meu ouvido

Duas Coroas - Deuses De SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora