Capítulo sete

150 19 10
                                    

Henry estava sentado em sua cama. Era de manhã, e já faziam três ou quatro dias desde que Ray o beijou durante o jantar com seus pais e sua irmã. Amanhã seria domingo, o dia em que Ryan marcou o almoço com Ray. Não admitiria, mas estava um tanto preocupado com Ray, pois o mesmo já o contou que haviam anos que não conversava com nenhum de seus familiares por ter diversos problemas com eles — Um deles envolvia sua mãe.

Estava tentando enviar uma mensagem para Ray. De repente estava querendo conversar sobre coisas desnecessárias com o Manchester, puxar assuntos aleatórios como "Cara, você prefere pizza ou lasanha?" Apenas para poder falar com ele. Mas tinha quase certeza que Ray não responderia a mensagem que ele estava prestes a enviar sobre ter descoberto que havia um adesivo do pikachu dentro de seu travesseiro.

Por isso, ao invés de tentar enviar algo super inútil para Ray, apenas digitou um:

Henry: Oi! Você tá bem?

.

Enquanto o jato de água caia sobre os cabelos negros de Ray, ele refletia sobre o almoço que o aguardava no dia seguinte, na imensa casa de seu pai. Mas ao mesmo tempo, refletia muito mais no selinho que dera em Henry a quatro dias atrás. No seu celular — Que estava em cima da pia — Tocava uma playlist de System Of A Down, mas o som foi logo cortado pelo barulho de notificação.

Ray estava muito curioso para saber de quem se tratava a mensagem; quase não recebia mensagens no dia a dia. Então quando terminou de tirar o condicionador do seu cabelo, sacudiu as mãos e as secou na toalha para pegar o telefone.

Henry: Oi! Você tá bem?

Ray tentou digitar, mas o teclado não aparecia. Perdeu a paciência e começou a clicar várias vezes no botão de escrever mensagem.

— Anda logo, cacete!

Mas, quando percebeu que não ia mesmo aparecer o teclado, resolveu apenas tirar uma foto com o polegar para cima e um sorriso no rosto como resposta.

.

A foto mexeu muito com Henry. Só era possível ver da cabeça ao peitoral, mas foi o suficiente para dar calafrios no loiro — E parecia que o corpo e cabelo molhado de Ray dava um toque a mais, ainda que Henry achasse que Ray não poderia se tornar ainda mais lindo do que já costuma ser.

Sentira algo se levantar dentro de suas próprias calças e seus dedos tremiam enquanto tentava apertar nas letras da tela de seu celular, então demorou bastante para digitar um único:

Henry: Ah, tá beleza então.

Henry estava suando um pouco. Sim, estava suando por conta de uma foto. Não conseguia parar de olhar para a imagem, e sabia que era errado, mas tentava achar qualquer vacilo de algum espelho ou algo que refletisse no Manchester, mas no fundo da foto não podia se ver quase nada. Ouviu uma batida na porta, ao menos tentou se recompor, tampou as partes baixas com um travesseiro e disse:

— Pode entrar.

A porta se abrira e sua mãe aparecera.

— Oi, filho. Eu e seu pai vamos viajar amanhã e eu quero te dar umas instruções...

— Ah, tá. Pode falar.

A mais velha observou Henry, que ainda estava suando e seu corpo com uma leve tremedeira.

— O que aconteceu?

— Quê? Como assim o que aconteceu? Não aconteceu nada!

— Henry, você está suando! E olhe suas mãos, tremendo!

— Não... não é nada de mais. — Pensou um pouco antes de completar a frase, até que lembrou-se que sua mãe há poucos dias chamou Ray de genro, então aproveitou para dizer a verdade. — Só uma foto do Ray. Eu não sei como ele pode ser tão...

Namorados de mentirinha(ou não) [ Henray ]Onde histórias criam vida. Descubra agora