Capítulo Nove

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Ray cortara todo o contato que tinha com sua família e, finalmente, estava aliviado quanto a isso. Então, certamente, não era por isso que Raymond estava tão aporrinhado.

— Quieto, Schwoz! — Esbravejou de repente.

— Mas eu não falei nada!

— Estava pensando. É irritante.

Henry tinha certeza de que era tédio. Afinal, jazia durante horas no sofá, aguardando o alarme de emergência tocar. Havia dias que não ocorria crime algum em Swellview, e a paz local obviamente irritava Raymond pois, simplesmente, não tinha nada a fazer a não ser trabalhar como namorado de mentirinha de Henry.

Tinha que admitir que atuar nesse papel não era algo tão ruim, mas naquele ponto já não havia novidade ou surpresa nenhuma para lhe dar a alegria de ter algo para fazer ou pensar. Então ficava, praticamente, o dia todo assistindo a filmes ou programas sem sentido na televisão. O dia só melhorava quando Henry chegava, e mesmo assim nem sempre funcionava. Ray sempre gostou de resolver seus problemas, mas detestava ficar sem problemas para resolver. Naquele ponto, Ray adoraria dar um soco em Jeff e o impedir de roubar uma bala de morango no mercado mais falido da cidade.

— Ray? — Foi a primeira palavra que Henry deixou sair de suas cordas vocais ao chegar na Caverna Man.

Raymond apenas murmurou em resposta, soltando um "hm?"

— Tenho uma notícia que talvez você goste. — Ele sorriu.

Ray ergueu o olhar, Henry se aproximou e sentou ao seu lado com o celular na mão.

— Tenho um... Pequeno problema pra gente resolver.

Ray esboçou um sorriso e imediatamente encarou Henry.

— Sério? O quê? — Ele pergunta, empolgado.

— É sobre o nosso namoro. De mentira, claro.

— Sim, sim. Fala!

— Meio que... Minha irmã... — Ele ri envergonhado, hesitando. — Tipo, é estranho. Não ria da minha cara. Mas eu estava elogiando você, quando minha mãe me perguntou sobre você. E sabe... Minha irmã falou uma coisinha que resultou em um pequeno probleminha.

Ray escutava pacientemente, mas quando Henry parou de falar, se revoltou.

— Desembucha! O que ela disse?

— Ela falou, na frente dos meus pais... Que nosso namoro de mentira parecia mais com um de verdade. Mas é óbvio que foi um acidente! E ela estava brincando! Mas meus pais ficaram tipo: "Como assim namoro de mentira?" E eu fiquei em choque e, tipo, não falei nada pra contrariar a Piper. E agora preciso que convença eles que nosso namoro é de verdade, eles ficariam chateados se eu tivesse mentido pra eles. Aliás, esse tempo todo.

Ray agarrou seu ombro de repente e, enfim, falou:

— Pode deixar. Vamos! — Ele se levantou e começou a andar em direção ao elevador. Henry o seguiu alguns segundo depois.

.

Chegando à parte da frente da casa de Henry, Ray parou e se virou para comunicá-lo.

— Henry, seguinte: A gente vai entrar na sua casa como se fôssemos um casal de verdade. Um pouquinho de atuação vai convencer eles.

Henry fez careta.

— Como seria entrar como um "casal de verdade"?

Ray sorriu.

— Você sabe. Abraçados, dando umas beijocas...

— Cruzes! Você quer que eu entre em casa dando umas "beijocas" em você. É isso?

— Qual é! Prefere deixar seus pais chateados a me dar umas simples beijoquinhas?

Um leve rubor surgiu no rosto de Henry. Naquele ponto, já estavam acostumados a dar beijos falsos na frente de outras pessoas, mas Henry definitivamente ainda se sente envergonhado.

— Beleza. Fazer o que, né?

— Só não vai se apaixonar. É a única regra. — Deu uma piscadinha para Henry, antes de enlaçar um dos braços em volta de sua cintura e puxá-lo mais para perto.

"Ah, coitado. Mal ele sabe que já quebrei esta regra há tempos." Pensou Henry. E antes que pudesse pensar mais, Ray colou os lábios nos de Henry, que rapidamente o empurrou.

— Cê tá maluco? A gente nem entrou ainda!

— Exato, a gente tem que abrir essa porta quando já estivermos nos beijando! E trate de agir como se estivesse gostando. Imagina a vergonha que vou passar se sua mãe pensar que eu beijo mal!

Henry revirou os olhos.

— Vamos acabar logo com isso, pelo amor de Deus. — Henry colocou os braços em volta do pescoço de Ray, e assim como planejado, entraram na casa aos beijos, atuando estranhamente bem. Mas ao olhar de canto de olho por um segundo, Henry notou que a única pessoa presente na sala era Piper. Rapidamente se desfez do beijo falso.

— Que foi, amor? — Perguntou Ray, que logo notou o motivo, se afastando de Henry imediatamente.

Piper apenas olhava horrorizada para os dois, boquiaberta.

— Então... Eu estava certa? Vocês dois estão juntos de verdade?

— Credo! Que nojo! — Mentiu Henry — Lógico que não. É que a gente pensou que a mamãe e o papai estariam aqui, e com o problemão que você causou a gente ia tentar convencer eles que a gente namora de verdade.

Ray parecia ofendido pela reação de Henry.

— O quê? Pra mim não é "credo"! Muitas pessoas adorariam estar no seu lugar!

Piper permanecia fazendo careta.

— Quem teve essa ideia ridícula de entrar se beijando?

Henry olhou para Ray.

— Por quê? Alguma ideia melhor, senhorita Piper? — Implicou Ray.

Henry voltou o olhar para piper.

— Não só tenho como já fiz. Não se preocupem, eu já resolvi. Falei pra mamãe e pro papai que aquilo que eu disse era uma piada. Falei que vocês se amam tanto que parece atuação de novela, ou seja, uma mera mentira. E o que eu disse não passava de uma piada sobre isso. Simples.

Henry e Ray se entreolharam.

— Genial. Eu nunca teria pensado nisso. — Comentou Ray.

— É óbvio. Porque você é burro.

— Piper! — Repreendeu Henry.

Ray, por um momento, sentiu uma pitada de tristeza. No fim, não tinha nada para fazer e nem para resolver de verdade, e logo voltaria ao tédio que pairava na Caverna Man. Se ao menos houvesse algum crime para resolver...

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Oioi lindes! Capítulo curto para anunciar minha volta. Beijocas!



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⏰ Última atualização: Aug 17 ⏰

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Namorados de mentirinha(ou não) [ Henray ]Onde histórias criam vida. Descubra agora