CAPÍTULO DOIS

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(1° Revisão)

Atenção: Acréscimo de novas falas e ações.

Ouvi os soluços da minha mãe e o Leonardo, tentando acalma-la.

— Vai ficar tudo bem — Falou.

—  Filha... — Insistiu minha mãe, com a sua voz entrecortada pelos soluços.

Não demorou muito para que os soluços ficassem abafados e eu percebi que onde eu ficava, agora era ocupado por um conhecido, desconhecido por mim, que tentava consertar a merda que havia feito. Afinal de contas, a culpa é toda dele.

Me dirigi ao meu banheiro e peguei um roupão limpo no caminho. Entrei no box e comecei a tirar as peças de roupa que estava vestindo e, uma por uma, lancei no cesto de roupas sujas que ficavam abaixo da pia. Liguei o chuveiro e coloquei na água quente, levei algum tempo para relaxar os músculos tensos por conta do frio e comecei a lavar meus cabelos.

Usei meu clássico xampu com aroma de cereja e enxaguei. Coloquei um pouco de hidratação e continuei meu banho enquanto a hidratação agia. Alguns, muitos, minutos depois enxaguei meu cabelo e saí do banheiro vestida com meu roupão. Peguei uma toalha no armário e sequei meus cabelos com paciência. Logo depois peguei um pente e comecei a penteá-los desfazendo os nós das pontas.

Fui até meu guarda-roupas e peguei uma calça leggin preta e uma blusa enorme com mangas longas e estampa xadrez, vesti e calcei uma bota na cor preta que ia até acima de meus joelhos. Peguei uma jaqueta de couro preta e a vesti, arrumando para que ficasse um look despojado. Passei uma base e um batom vermelho que deu um pequeno contraste com minha pele extremamente branca por falta do sol que não aparece aqui em Madison há alguns meses. Mas isso não é um problema. Eu amo o frio.

Abri a porta num rompante e desci as escadas correndo em direção a porta da frente, onde peguei as chaves no meu carro recém adquirido e a minha capa vermelha para chuva.

Coloquei e corri para o meu carro onde rapidamente liguei o aquecedor e o motor, engatei a marcha e segui pela rodovia 151 em direção ao Shopping Center da cidade. Aproximadamente trinta minutos depois, parei no estacionamento do shopping, ativei as travas do carro e fui para a praça de alimentação esperar o Vector, meu namorado.

— Hey, sua louca! — Ouvi alguém gritar e me virei para olhar.

Não esperava, mas uma surpresa estava para acontecer.

O Vector estava com um cartaz enorme onde estava escrito "te amo, marrentinha". Segurei minhas lágrimas, não só por isso, mas porque ele estava com um buquê enorme de flores, mas - graças a Deus - não era um pedido de casamento.

— Amor! — Sussurrei tentando conter as lágrimas.

— Marrentinha!!! — Gritou e meu rosto corou de vergonha.

— Para de gritar, seu débil! — Corri até ele.

— Mas é pra todo mundo saber que eu te amo. — Ele fez biquinho e continuava gritando.

Eu me virei sorrindo constrangida para as pessoas que assistiam alarmadas.

— Tá, tá todo mundo já sabe — segurei seus ombros.

— Eu te amo, minha pequenina — sussurrou em meu ouvido.

— Eu também — sorri.

Ele me entregou o buquê de flores e eu chorei.

— São lindas — sorri.

— Assim como você. — Sussurrou.

Ele se aproximou e sua boca ficou muito perto do meu pescoço. Seu hálito quente me causando arrepios enquanto sua boca deixava alguns beijos ali.

— Eu te amo tanto... — Sussurrei sorrindo.

— Eu também. — Agora ele sorria olhando em meus olhos.

E em uma fração de segundos, sua boca estava colada na minha, desfrutando de um beijo calmo a romântico.

— Você sabe que... dia é hoje? — Perguntou ofegante.

Assenti. A respiração descompassada e os lábios secos.

— Não acredito que você esqueceu. — Ele me encarou com desdém.

— Do que você tá falando? — Perguntei confusa.

Que eu saiba o nosso aniversário de um ano de namoro foi a duas semanas atrás.

— Hoje nós estamos completando um ano e quinze dias juntos, bobinha. — Ele tocou meu nariz com a ponta do dedo indicador.

Um suspiro de alívio escapou de meus lábios e ele riu.

— Ah, achei que estava esquecendo alguma coisa. — Sorri aliviada. Mas uma onda de desconfiança passou pelo meu rosto. — Você não acha isso muito exagerado não?!

Ele sabia que isso não era uma pergunta, mas decidiu responder mesmo assim;

— É claro que não, meu anjo. Isso é apenas para demonstrar meu amor por você.

— Hurrum... sei... — assenti desconfiada.

— Vamos nos sentar. — Me empurrou para a mesa.

— Tá. — Dei de ombros.

— Quer comer? — Perguntou enquanto olhava o cardápio.

— Não, magina. Eu vim aqui apenas para olhar os outros comerem. — Disse com ironia.

— Você às vezes é tão chata... — Resmungou.

— E você é um pela-saco sempre. — Retruquei.

— Caramba, Marianna. O que está acontecendo com você? — Me encarou irritado.

— Problemas — suspirei e ele me encarou incrédulo. — Em casa. — Completei.

— Ah, claro. — Suspirou vencido. — E o que aconteceu mesmo?

— O Leonardo, o doador de esperma, acabou deixando escapar em uma conversa que minha mãe tem uma doença e eu reagi super mal, claro.

— Hmmm... — Ele estava distraído.

Eu ignorei sua reação mal-humorada.

— E eu tenho feito birra. Não acho que seja capaz de voltar a ser o que eu era antes. Eles fizeram um complô para me magoar e não se importaram com meus sentimentos.

— E você não acha que está sendo muito dura? — Agora ele me olhava com seus olhos transbordando seriedade.

— Bom... — Dei de ombros.

— Marianna... minha querida Marianna. Você deveria parar de ser tão idiota e resmungona e ir falar com sua mãe.

— Vector! — O repreendi. — Isso é tão ridículo. A culpa disso é dela. Ela deveria ter me contado, ela me fez uma promessa — Agora minha voz estava alterada, talvez tivesse uma pitada de desdém.

— Você tem que parar de ser infantil, meu amor. Isso não faz bem para você e muito menos para quem está perto de você. — Seus olhos eram intensos, assim como sua voz. — Você acha que é fácil conviver com uma pessoa como você?!

Era uma pergunta retórica, mas eu decidi responder.

— Por que você não olha o meu lado? Tem que olhar sempre o das pessoas que estão perto de mim, mas o meu nunca — minha voz estava irritada.

— E você se preocupa apenas consigo mesma. — Respondeu irritado.

— Olha, por que você não vai cuidar da sua vida? — O encarei com raiva.

— Você que veio me pedir a sua opinião, não foi eu que quis falar por livre e espontânea vontade.

— Olha, quer saber?! Eu vou embora! — Gritei exaltada.

— Vai, mas não esquece que eu estou com a razão. — Alertou-me enquanto eu andava em direção a saída.

— É claro. Como sempre! — Retruquei.

— Tchau, Marianna. — Falou alto o suficiente para que eu ouvisse.

— Tchau seu insuportável! — E saí batendo o pé.

A Herdeira da Lua [New Version // SLOW UPDATE]Onde histórias criam vida. Descubra agora