CAPÍTULO SEIS - LEONARDO

4K 225 23
                                    

Um mês depois...

Acordei em um dia chuvoso levantei, escovei os dentes e fui chamar a Mari que estava no quarto ao lado. Desde que sua mãe se foi, ela tem me pedido para ficar durante a noite, pois não gosta de ficar sozinha, então eu decidi me hospedar aqui até que tudo esteja pronto para a mudança.

Bati na porta algumas vezes levemente, mas ela não acordava de jeito nenhum, então resolvi descer para preparar o café da manhã enquanto deixo ela dormir mais um pouco, o que é ótimo, e levo para ela na cama. Ela tem dormido muito mal nos últimos dias e na maioria das vezes tem pesadelos com a mãe ou com mortes. Me parte o coração, mas é necessário que ela passe por isso e liberte toda a sua dor.

Enquanto eu descia as escadas, subitamente congelei. Tentava me mexer, mas isso era praticamente impossível. Tentei evocar alguns poderes, mas antes que pudesse começar um feitiço, ouvi uma risada diabólica e parei por um instante. Vozes vinham de todos os cantos da casa, então tento me concentrar para tentar entender qualquer palavra que diziam, mas de repente ouço um grito vindo do quarto da Mari e automaticamente a paralisia acabou, então corri subindo as escadas de dois em dois degraus para tentar salvá-la das sombras.

Quando finalmente abri a porta vi a Mari deitada na cama com algumas lágrimas nos olhos, mas continuava dormindo e era como se estivesse tendo um pesadelo, pois ela se mexia muito e seu semblante parecia desesperado. Comecei a chamá-la e ela se movia de uma forma muito estranha parecia que estava sendo atacada por algo. Continuei a chamá-la e finalmente ela acordou, assustada e chorando, mas acordou e então pulou em meu pescoço me abraçando tão forte que me deixou sem ar por alguns instantes, mas eu estava grato por ela estar bem.

Conversamos um pouco após ela acordar. Perguntei como estava e se precisava de ajuda para algo, ela agradeceu e disse que iria tomar um banho, mas que desceria para o café da manhã em alguns minutos, então vi minha deixa e segui para a cozinha, onde fiz waffles, ovos, bacon, leite, café e suco de laranja — confesso que era industrializado, mas foi o melhor que consegui para o café da manhã.

Cerca de meia hora depois, Marianna desceu pra tomar seu café e reparei uma expressão confusa em seu rosto, então tentei puxar assunto.

— Mari o que aconteceu com você? — Perguntei enquanto terminava de arrumar a mesa.

— Hã… — pigarreou — não é nada. — Deu um sorriso simples e sentou na cadeira à minha frente.

— Como não é nada? Você está estranha. — Olhei no fundo dos seus olhos e então me sentei.

— Já disse que estou bem.  

Me olhou firme, mas percebeu que eu não cederia, então começou a falar. 

— É que sonhei com uma coisa muito estranha — suspirou desconfortada.

— Mas você pode me contar o que aconteceu Mari? Quer dizer, se não quiser tudo bem. — Sorri fraco.

— Ah, não. Claro — sorriu — foi assim…

Eu estava em uma casa escura cercada por plantas que pareciam ser ervas daninhas, mas na verdade era no meio de uma floresta negra. Consegui olhar pela fresta de uma das janelas que estavam cobertas por madeira que era noite. A lua brilhava forte e alguns pontos de luz tocavam o chão. A casa era típica de floresta, toda na madeira e tinha apenas alguns móveis velhos, parecia abandonada. Eu vi uma escada e comecei a subir para descobrir como sair dali. A escada dava para um quarto estranho, havia um arsenal de lâminas em uma das paredes e haviam muitas cabeças de animais. Fiquei tentando entender quem teria interesse por algo do gênero, então quando eu olhei para baixo tinha uma cobra enorme e ela crescia cada vez mais. Sempre que ela olhava nos meus olhos e via medo, crescia mais e mais. De repente, quando ela já estava enorme a cobra parou de crescer, abriu a boca e tentou me engolir, mas saí correndo. Eu gritava e chorava enquanto ela quebrava toda a casa só pra me devorar e sem saídas eu parei em algum canto e ela me encontrou. Ela me olhou durante alguns segundos que pareciam eternos, rastejou para perto de mim e novamente abriu a boca para se alimentar, então fechei os olhos e acordei.

— Foi assim e eu tenho a impressão de que não foi só sonho. Foi muito real e desesperador… — Suspirou e bebericou o café.

— Vai ficar tudo bem filha. — Sorri para tentar reconfortar, mas ela tem razão. Não é só um sonho.

A Herdeira da Lua [New Version // SLOW UPDATE]Onde histórias criam vida. Descubra agora