6- As fitas

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No outro dia, eu fui ajudar a Lilian com a coisa que ela queria. Nós estávamos na casa dela, ela no sótão e eu segurando a escada para ela não cair, algo que seria cômico...

— Meu Deus! Que demora... Já achou a caixa? — Falei alto. Ouvia uns barulhos vindo de cima.

— Ainda não, pera aí! —

Eu não gostava muito de estar na casa dela. A casa cheirava a mofo, cigarro e azedo. Para minha sorte, as janelas abertas deixava a casa menos fedida. De repente, ela desceu as escadas com uma caixa branca, com uma mancha de fungo em sua tampa. 

— Você vai cair. Me passa a caixa e você desce depois. —

— Ah, verdade! — Disse a mulher em um tom bobo.

— Meu pai...— 

Ela me entregou o objeto. Ela era uma pouco pesada, mas eu consegui pegar de boa. Eu coloquei a caixa com cuidado na chão e, confesso que fiquei com nojo. De repente, ouve-se um barulho estranho, a escada escorregou e a mulher caiu de quatro no chão, em cima da escada, por pouco não machucou os dedos da mão. Ela estava em choque, olhou para mim assustada.

— Segura a escada... — Ela disse com uma expressão inofensiva e numa voz calma. Eu ri. — Me ajuda a me levantar...— Ela estendeu a mão. Eu a puxei, rindo sem parar. Ela estava com raiva e eu estava quase chorando de tanto rir.

— Des-Desculpa...— Eu não parava de rir.

Ela pegou a caixa e foi para sala. Eu andei devagar até aquela parte da casa. Ao chegar, eu me sentei no sofá e, finalmente, parei de rir. Procurei a garota, que saiu do quarto pegando alguns cabos de USB e um computador. Ela começou a arrumar a TV, conectou os cabos, alguns no computador. Ela abriu a caixa, pegou algumas coisas e, ajeitou algumas outras coisas. Ela ligou a TV. Um vídeo começou a ser reproduzido. Ela se sentou no meu lado.

Olhei para a mulher, que estava um pouco nervosa. O vídeo iniciou: havia um homem branco, ruivo, de olhos claros falando sobre uma viagem. "Primeiro vídeo do meu diário de viagem. Hoje é dia 14, de janeiro, de 2033. Hoje, eu e minha equipe de filmagem, vamos até em um lugar do Texas, para fazer algumas explorações do meu novo programa de TV". Eu achei legal o vídeo, olhei para Lilian, o sorriso que estava em meu rosto desapareceu, ela estava chorando: seu rosto estava vermelho, ela chorava desesperadamente, parecia que ia ter uma crise de pânico. Eu a abracei de lado, tentei a reconfortar, deve ser difícil perder o irmão...

...

Nós continuamos a ver as fitas de vídeo. Pelo o que eu entendi, foi que o irmão dela queria iniciar um programa de TV sobre arqueologia da região, ele levou sua equipe, até começo a gravar os primeiros episódios, era bem legal... Enquanto isso, Lilian chorava a cada vídeo, ria, era estranho, mas é normal. Eu olhei para fora e lembrei que deixei a casa só. Me levantei, olhei para Lilian que olhava para mim, um pouco incomodada.

— Eu preciso ir pra casa. Eu deixei só a casa e nem comecei a limpa-la. — Ajeitei minha roupa.

— Ah, tá bom. — Ela inspirou forte.

— Okay, eu vou nessa, mas volto depois. — Ela concordou.

Eu saí da casa dela e fui em direção a minha. Enquanto eu ia passando, reparei no quintal: ele estava sujo, seco, com tralhas no fundo. Eu fui até o fundo do quintal para olhar um pouco mais. Quando cheguei a uma parte, eu lembrei da minha infância: a janela e a porta da cozinha estavam iguais, só um pouco empurradas; o gramado, agora seco; e a grande árvore, que ficava bem no fundo do quintal. Fui até ela. Olhei para o tronco e vi os pedaços de madeira que eu usava para subir, acho que Katy faz o mesmo. Olhei para o redor, vi que ainda era possível ver os trilhos do trem, que passavam por trás da casa. Não fazia tanto barulho, por estar bem distante. O solo parecia bem gasto, as árvores estavam cobertas de poeira e um pouco secas. Boa memórias de infância, mesmo que, quando criança, tudo era tão verde e mais vivo, mas era o mesmo lugar...Fui para dentro de casa. Eu devo confessar que eu estava chorando um pouco, o passado me emocionava demais.

The greatest -2Onde histórias criam vida. Descubra agora