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— Papa...

O gritinho animado de Venice fez com que Pete sorrisse, abrindo os braços para abrigar o pequeno que correu na sua direção quando a porta foi aberta. Não importava o quão ruim seu dia fosse, aquele garotinho era sua fonte inesgotável de força.

— Papa... Mimi mostou estela po Nice. — o pequeno falou apontando primeiro para a babá e na sequência para o desenho de algumas estrelas sobre a mesa de centro. — Mimi amar Nice.

— Claro que amo, você é meu potinho de doçuras. — a jovem Mikaela pronúncia se aproximando e ameaçando fazer cócegas no pequeno que se encolhe, antecipando uma gargalhada. — Não consegui colocar ele pra dormir, passou o tempo todo perguntando por você. — Disse se direcionando a Pete.

— Obrigada Mika, não sei o que seria de mim sem você. — Pete agradeceu, observando a jovem acariciar o cabelo do pequeno com ternura.

— Não precisa agradecer, você precisava de uma forcinha e eu de dinheiro. — diz dando de ombros. — Bom, agora tenho que ir... te vejo amanhã pequeno.

Pete seguiu Mikaela até a porta, fazendo todo um ritual de despedida, depois seguiu com Venice nos braços até a cozinha, pegou uma garrafa de água e ofereceu uma maçã a ele, que negou prontamente.

— Por que você não quis dormir, hum? — Pete perguntou assim que sentou o pequenino sobre o balcão, o encarando com ternura.

O pequeno tinha os olhos do avô; mas, diferente desse, curiosamente pareciam doces. Não se parecia em nada com a mãe, pelo contrário, ele era sua cópia mirim, não era de admirar que Vegas tivesse confundido as coisas.

Vegas. Pensar no ex fez um arrepio percorrer por seu corpo, arrancando um suspiro sofrego ao recordar o ato impulsivo que teve. Inconscientemente levou a mão livre até os lábios, ainda era capaz de sentir a dormência e o gosto de vinho misturado com aquele característico de Vegas. O gosto que o dominava.

Voltou a realidade quando a mãozinha de Venice repousou sobre seu rosto em um carinho fofo. Não era o momento para pensar em Vegas e todo o pacote de emoções que vinham com ele.

— Então mocinho... — tornou a falar, passando o indicador na ponta do seu nariz e logo após se curvando para deixar um beijinho de esquimó, arrancando uma gargalhada carregada do pequeno. — Por que não quis dormir?

— Papa... mosto mal. — Venice abaixou a cabeça, como se de alguma forma sentisse vergonha ou medo de uma repreensão. — Tenho medo. — falou fazendo biquinho.

Pete não disse nada, apenas puxou o garoto contra seu peito e acariciou, respectivamente, suas costas e nuca. Não era sempre, mas haviam períodos que Venice apresentava episódios de medo e Pete sabia bem ao que ele se referia. Lembrava com perfeição do dia que Chloe se drogou e entrou em parafuso, quebrando tudo dentro de casa e fazendo ameaçadas a todos que se aproximavam. A imagem que Pete presenciou quando entrou na casa do seu pai, lhe atormentava diariamente. Chloe estava transtornada, os olhos vidrados no garotinho enquanto sorria de maneira quase maníaca e apertava seus bracinhos com força. O pequeno chorava descontroladamente, gritando e esperneando. Pete havia chegado no exato momento que a irmã ergueu a mão para bater no pequeno indefeso. Ele conseguia sentir seu sangue gelar e depois esquentar com a raiva repentina ao ter essas recordações. Não precisava nem mesmo fechar os olhos para obter a sensação de Venice se grudando em sua perna aos prantos, como se ele fosse sua única salvação. E talvez fosse. Na época Venice tinha um pouco mais de dois anos e agora fazia um pouco mais de um que Pete não visitava a irmã, apenas sabia sobre o progresso do tratamento por meio de Jake, diretor da clínica de reabilitação onde ela se encontrava internada.

Destiny↬VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora