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Vegas estaciona o carro do outro lado da rua, após deixar Pete em frente a delegacia. Segundo o advogado designado a cuidar do caso de Chloe, ela estava esperando uma avaliação psicológica antes de ser transferida. Vegas notara o nervosismo de Pete, sabia que ele se corroeria caso não fizesse o que seu coração pedia, por isso tentou seu máximo para lhe passar confiança.

Quando desceu do carro e foi até o banco de trás, onde Venice estava acomodado, percebeu os olhinhos pequenos brilharem ao contemplar a sorveteria. O Theerapanyakul anotou mentalmente que deveria comparar um assento de elevação, o pequeno ainda não tinha idade para ser transportado como estava sendo nesses dias de emergência.

— Vamos lá? — Venice balançou as perninhas agitado e murmurou sons ininteligíveis em empolgação. Vegas não conteve um sorriso, aquele ser tão minúsculo havia o conquistado completamente.

Embora tivesse passado por situações degradantes ainda tão novo, Venice preservava uma pureza em seu olhar que Vegas almejava poder proteger por quanto tempo fosse possível. No pouco tempo que havia passado com o pequeno, o Theerapanyakul notara como ele demostra afeto e respeito. Não era apenas por seus traumas que o pequeno se tornava quase inacessível, claro, isso influenciava e muito, mas Vegas compreendeu que também era parte de sua essência. Saber que o pequeno nutria certo carinho por ele, o enchia de um sentimento até então desconhecido. Por enquanto não sabia nomear, mas espera que um dia conseguisse fazer.

— Que sabor você quer neném? — Vegas perguntou quando se aproximaram do balcão.

Aiate! — o pequeno disse em um gritinho de empolgação, se sacudindo nos braços de Vegas. — Aiate! Aiate!

A jovem atrás do balcão, que até então parecia entediada, abre um sorriso gigante e seus olhos brilham como uma estrela cintilante. Vegas franze o cenho um pouco confuso, enquanto o garotinho em seus braços continua repetindo a palavra esquisita com os olhos em expectativa.

— Acho que ele quis dizer chocolate. — a jovem que aparentava ter menos de vinte anos sugeriu, o sorriso ainda tão largo quanto antes.

Vegas observou uma mecha ruiva esvoaçar com a pequena rajada de vento que passou pelo local e notou as sardas sarapintadas que enfeitavam o rosto avermelhado da garota. Sorriu em agradecimento, então se virou para Venice que tinha um brilho felino nos olhos e pensou o quão fofo ele parecia.

— Você quer de chocolate? — Como se só agora prestasse atenção ao nome citado, o pequeno concorda animado.

— Papa, aiate? — Vegas tornou a franzir o cenho, então se virou para a jovem, que tentava conter uma risada, como se pedisse socorro.

— Acho que ele quis perguntar se você também quer chocolate.

— Acho que não. — deu ao menino um olhar carinhoso, então acariciou o rosto feliz antes de continuar, se dirigindo a ele. — Se comprarmos sorvete pro papai agora, vai derreter. Mas tenho uma ideia, que tal tomarmos nosso sorvete agora e quando o papai terminar o que veio fazer, trazemos ele aqui, hummm? Ele precisará se animar um pouco.

Como se entendesse as palavras de Vegas, o pequeno balança a cabeça em afirmativa e volta a repetir "aiate", "aiate", "aiate". Vegas pede os dois sorvetes, o seu sendo de flocos sem cobertura, e leva Venice até a uma mesa no canto. O garotinho eufórico se lambuza inteiro, porém o mais velho só consegue externar a felicidade por vê-lo tão alegre. Quanto tempo mais ele passar sem lembrar do ocorrido com a mãe, melhor será para ele. Quando terminam, a garota que os atendeu sai de detrás do balcão e se aproxima da mesa, colocando na frente do pequeno, um minusculo, mas fofo, coelhinho de pelúcia.

Elinhu. — o pequeno sibila, agarrando a pelúcia animadamente entre os dedos e levantando os olhos na direção da jovem, lhe oferta um sorriso genuíno, quando essa afaga, de maneira carinhosa, o topo de sua cabeça.

Destiny↬VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora