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Oi meus amores!!!
Um aviso antes de começar → No capítulo anterior foi mostrado que Pete é médico, mas não foi mencionado qual área ele atua, então para não restar dúvidas: ele é pediatra oncologista, então ele lida diretamente com crianças e adolescentes com câncer.
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— Então quando eu crescer vamos poder nos casar.

Pete desviou o olhar para a grande janela de vidro que deixava a paisagem lá fora parecendo um quadro pintado, propositalmente exposto para que os ocupantes daquele quarto o observassem. Sorriu com a inocência da pequena, sentindo seu coração se apertar por imaginar que aquela simples manifestação poderia ter seu fim em algum momento. Hanna era uma de suas pacientes mirim em tratamento por Sarcoma de Ewing metastico e apesar de sempre parecer animada, ela sabia bem sobre sua situação clínica. Pete admirava que com apenas doze anos, ela demonstrasse tamanha força e espiritualidade, que ele, como o adulto que era, ocasionalmente via se esvaindo do seu ser.

Se virou para encarar os olhos cor de mel, levando a mão até o próprio queixo batendo o indicador no local em sinal de reflexão profunda; por fim, suspirando teatralmente sorriu de canto balançando a cabeça em uma negativa.

— Lamentável, você sabe que quando isso acontecer, provavelmente já vou está de bengala, com a memória falhada e perguntando a todo momento: "onde está minha dentadura?"

O som da gargalhada de Hanna preencheu todo o quarto e aqueceu seu coração. Cada um dos seus pacientes era importante para si e fazê-los se sentirem minimamente mais confortáveis enquanto permaneciam ali, sem uma certeza do dia seguinte, era sua prioridade.

— Tio? — o riso da garotinha cessou e seu semblante se tornou sério. Pete a encorajou a continuar em um menear de cabeça. — Quando a gente morre, isso significa que fomos castigados por algo?

Pete não se surpreendeu com a pergunta, era comum ouvi-las, principalmente de pacientes que detinham uma compreensão maior do acometido a elas. O que de fato o surpreendeu foi Hanna tê-la feita.

— Claro que não princesa, quem te falou isso?

Hanna não respondeu, mas seu olhar direcionado discretamente para a cama ao lado entregou a resposta para Pete.

— Quem falou isso pra você Felipa? — Pete perguntou docemente, tentando entender os motivos da garotinha de apenas sete anos, ter esse tipo de pensamento.

— Meu pai... — a garotinha respondeu em um tom baixo, se encolhendo como se para se esconder, comportamento que Pete achou bastante suspeito. — Ele disse que quando somos crianças más o papai do céu deixa a gente doente pra aprendermos a lição, por isso temos que fazer tudo que nossos pais querem.

— Não! Nunca, jamais pensem assim... posso contra um segredo? — perguntou em tom conspiratório se colocando no vão entre as duas camas, olhando de uma para outra que balançavam a cabeça freneticamente. — Vocês são grandes guerreiras que estão constantemente lutando contra os monstros invasores e como em toda batalha, existem guerreiros sobreviventes e aqueles que serão lendariamente lembrados e amados, ok?

Ambas concordaram com largos sorrisos estampando seus rostos. Pete encarou Felipa por um tempo infinitamente maior, acariciando sua mão como forma de conforto. A pequena também estava em estado clínico grave, sua pele pálida e lábios levemente ressecado entregavam sua situação: leucemia. Para Pete parecia injusto seres tão pequenos enfrentando batalhas tão grandes; no entanto, ele mais do que ninguém tinha de acreditar na cura, mesmo em casos tão complexos. Permaneceu um bom tempo com as duas garotinhas, sempre as incentivando a pensarem positivo e arrancando gargalhadas ao tentar truques, muito falhos, de mágica.

Destiny↬VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora