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Na manhã seguinte, Pete encarava o movimento dos carros na avenida, através da janela do quarto de hotel no sexto andar. Sua mente estava um turbilhão, a confusão servida em uma linda bandeja decorativa. Não sabia o que deveria fazer a seguir, mas era ciente do que não queria: colocar Vegas no meio de toda aquela confusão. Ele ainda se considerava egoísta. Ainda queria Vegas ao seu lado, só que não se achava no direito de metê-lo em todos os seus problemas. Não arruinaria a vida do Theerapanyakul.

— Nunca imaginei que veria meu irmão assim com uma criança. — Macau comentou o arrastando de seu ato reflexivo.

O jovem se aproximou dele sem desgrudar os olhos da imagem de Vegas, tentando convencer Venice a comer.

Pete seguiu seu olhar e sentiu seu peito se apertar. Lembranças de quando ficou com a guarda temporária de Venice invadindo sua mente. Na época o garotinho estava confuso, com medo, retraído e Pete levou meses até conseguir tocar nele, sem que houve um recuo, e muito mais tempo para ver um sorriso nascer naquele rostinho fofo. Agora pelo menos ele aceitava os toques dele e de Vegas.

A noite anterior havia sido difícil. O quarto era grande, mas só tinha uma cama, a qual Vegas e Macau cederam para Pete e Venice mesmo sob todos os protestos do Saegthan. O mais velho não conseguiu dormir e o pequeno cochilou algumas vezes, mas sempre acordava aos prantos. Pete sabia que os pesadelos iriam recomeçar e não queria incomodar mais do que já havia incomodado.

— Ele sempre falou que queria uma família grande.

Pete responde por fim, tentando fugir do olhar curioso do Theerapanyakul mais novo.

— É, eu sei, mesmo assim é estranho. É do Vegas que estamos falando, ele... ele é o Vegas. — Macau fala com um largo sorriso estampado no rosto, como se a compreensão chegasse na simples menção do irmão. De repente ele ficou sério. — Mas me diz, você tá mais calmo?

Pete o encarou, tentando encontrar uma resposta para aquela pergunta. Macau era um bom rapaz, sempre doce, mas existia um brilho de esperança em seu olhar. Pete não gostaria de deixar o mais novo se iludir.

— Digamos que sim.

Pete olhou Vegas de relance, sentindo uma dor excruciante atravessar seu coração. Fechou os olhos por alguns segundos, ciente do olhar de Macau sobre si, mas incapaz de frear o ato.

— Por que não consigo sentir verdade na sua frase?

Droga! Foi inevitável não olhar Vegas novamente. Era tão cruel a dúvida que o partia ao meio, que por um segundo desejou não ter reencontrado Vegas naquele dia.

— Macau...

E a compreensão estava bem ali, estampadas nos olhos do Theerapanyakul.

— Você não vai fazer isso, Pete!

A voz de Macau vacilou. Ele odiava sentir aquela sensação de novo. Foi ruim o suficiente quando o irmão fez isso, mas Vegas foi um idiota... Pete não era, certo?

— Macau... escuta... isso não vai funcionar. — a expressão no rosto de Macau denunciava sua decepção e raiva e Pete se viu justificando em voz suplicante. — Não quero arrastar seu irmão pra essa loucura que é minha vida, não seria justo.

O mais novo desviou o olhar para o irmão com o garotinho que já chamava de sobrinho em sua mente e ficou aliviado pelo quarto ser grande, eles estarem afastados e Pete manter uma voz baixa, embora ele quisesse gritar. Suspirou profundamente, reunindo todas as palavras feias que queria dizer e encaixando no lugar mais profundo de sua mente, então se virou para sair e decidido, tornou a se virar para encarar o Saegthan.

Destiny↬VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora