Destiny↬VegasPete

06

O parque estava cheio e o clima animado era além de contagiante para Pete, que observava fascinado enquanto Vegas tentava ensinar Venice a pedalar. Aquele momento trazia uma sensação quente ao seu coração e se tornava quase impossível não sorrir igual um idiota apaixonado. Ele não sabia explicar como uma simples cena o deixava tão derretido, o fato era que Vegas possuía esse dom.

O mais novo havia se tornado uma constante em sua vida. Fazia pouco mais de um mês que o Theerapanyakul aparecera e o quadro, que antes estava totalmente em branco, começava a ganhar cores muito vivas e brilhantes. Vegas era sempre cuidadoso e parecia querer compensar os anos perdidos, embora pairasse entre eles a certeza que o passado era algo do qual eles não mantinham nenhum controle específico.

Macau havia recebido alta a uma semana e se encontrava quase recuperado. Pete nutria, sob algumas camadas de certezas, certo receio de que Vegas retornasse a Tailândia assim que o irmão se recuperasse por completo. Ele era ciente que em algum momento ele e Vegas teriam que conversar sobre eles, definir seja lá o que estavam vivendo. Embora Vegas tenha lhe pedido uma chance e a relação deles fosse algo realmente bom e acalentador, o Saegthan temia que não fosse o suficiente. E, esse pensamento o deixava doente.

— Um beijo pelos seus pensamentos.

Vegas cantarolou, deixando um beijo na ponta do seu nariz, enquanto se sentava sobre a toalha xadrez e puxava Venice para seu colo, oferecendo a ele uma garrafinha de suco. Pete sorriu.

Vegas o encarou com curiosidade, algo como um reflexo triste perpassou por seus olhos e sua intuição lhe dizia que o Saegthan estava pensando demais.

— Não é nada... você tá cansadinho pequeno?

Pete usou sua melhor rota de fuga. Venice, por sua vez, negou efusivamente. O fato era que não pretendia se prender muito a possibilidade de Vegas ir embora, também não queria que o mais novo imaginasse que ele estava exigindo algo. Sua vida não estava nada fácil desde que soube sobre sua irmã e não queria puxar Vegas para essa zona catastrófica. No entanto, se ele fosse sincero consigo mesmo, admitiria que, pela primeira vez, desejava ser egoísta o suficiente para querer Vegas bem ali, ao seu lado. Para sempre.

— Consigo ouvir as engrenagens da sua cabecinha se moverem lentamente. — Vegas observou, levando uma mão para acariciar a do Saegthan. — O que 'tá te incomodando?

Pete rastejou sobre a toalha até ficar ao lado de Vegas, então deitou sua cabeça no ombro do mais novo. Seu desejo, além de ficar o mais grudado possível, era de fugir daquele olhar analisador. Ele tinha medo do mais novo o achar um fraco por ter medo de uma possível separação, mesmo que tenha sido o Theerapanyakul a pedir uma chance. No fundo, ele sabia que era meio irracional esse pensamento. Só que existia certo incômodo, como uma gotinha pingando insistentemente e ecoando barulhenta no meio da madrugada. Admitia estar sendo manipulado pelos próprios medos, mas era inevitável. Queria não ser uma caixinha carregada de responsabilidades além das suportáveis, mas era assim sua vida e ele não podia ou não conseguia fugir.

No passado, quando Vegas conversou com ele e explicou os motivos pelos quais queria terminar o relacionamento, que era seu maior motivo de orgulho, Pete meio que surtou internamente, meio que compreendeu, mas teve uma parte dentro dele, aquela que o fazia sonhar coisas doces e românticas demais, que definhou. Ele não culpava Vegas por isso, culpava a si próprio por acreditar que algo como excepcional e sem curvas acidentadas, pudesse ser real. A vida não é uma linha reta, não é apenas felicidade o tempo todo. Ele aprendeu da maneira mais dura que algumas curvas podem ser bastante fechadas e as derrapagens, por vezes, inevitáveis e até com consequências bem desastrosas. Agora ele compreendia que o tempo afastado de Vegas, o havia preparado para ser mais forte. Mas... então... por que ele estava com medo que Vegas partisse?