Prólogo

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Lalisa Manoban

Lobnya - Rússia

Aos quatorze anos

Quase comemoro o silêncio que se instala por alguns segundos. Eu não gosto de barulho de uma maneira geral e as visitas de dedushka* sempre acabam assim.

- Minha filha não vai em viagem alguma com você. Eu já disse mais de uma vez. Pare com esses convites. O senhor não foi um pai para mim durante toda a vida e ainda assim, eu o amo, mas não encha a cabeça das minhas crianças de ideias. Não quero ter nada a ver com seus negócios.

Finjo prestar atenção à comida no meu prato, mas na verdade gostaria de me levantar. Estamos só eu, meu pai e vovô Bambam - o homem que só vim a conhecer há pouco mais de dois anos. Meu pai é filho ilegítimo, mas ironicamente, o único descendente homem direto do meu avô.

Segundo escutei mamãe falar, antes de Bambam se casar, era um mulherengo. Ela disse que provavelmente em seu enterro haverá várias mulheres do seu passado chorando sobre o caixão - o que significa que eu devo ter tios e primos espalhados por toda a Rússia. Talvez pelo mundo.

- Eu poderia cuidar dela. Em sua condição e força, seria perfeita para os negócios.

- Agradeço, mas Lisa tem pai e mãe vivos. O seu tipo de cuidado não é necessário.

Eu meio que sei do que papai está falando. Não sou mais uma garotinha como pensa e presto atenção nas coisas que ele conta à minha mãe.

Meu avô é o Pakhan*, o chefe do crime organizado em nosso país. Ele é muito poderoso e esse é um dos motivos pelos quais meu pai prefere manter nosso parentesco com vovô em segredo. Sempre que conversam a respeito, ele e mamãe falam como seria arriscado se descobrissem em nossa cidade que somos descendentes de Kunpimook Bhuwakul Bambam.

Por ser filho ilegítimo, meu pai nunca usou o sobrenome Bhuwakul e acabou adotando o do seu avô materno, Manoban.

- Tudo bem. Apesar de achar que está errado, você é meu filho e respeitarei sua vontade. Lisa um dia vai crescer e poderá decidir sozinha. Ela poderia ser o minha herdeira. É a minha neta mais velha e tem "colhões".

- Ela vai estudar e se tornar médica.

- Vamos ver.

O homem corpulento se levanta e vem para o meu lado. Posso sentir sua presença. Vovô tem algo nele que faz com que desejemos estar a sua volta. Infelizmente, meu pai não me deixa passar tanto tempo com ele quanto eu gostaria.

Todas as vezes em que visita nossa casa, eu quero fazer um monte de perguntas sobre a vida fora dessa cidade. Eu o ouvi dizer que já viajou pelo mundo inteiro e que tem muitos negócios nos Estados Unidos.

- Lisa, dê um abraço em seu dedushka. - Meu avô pede.

Levanto-me para abraçá-lo. Eu o admiro, mesmo meu pai não querendo que sejamos próximos. Vejo como os homens o olham. Ninguém encara meu avô, nem mesmo seus guarda-costas.

- Lisa, eu sempre estarei aqui para você. - Fala, mexendo em meu cabelo. - Você é meu sangue e se quiser, o mundo pode ser seu.

- Pare com isso, Bambam. - Papai diz, se alterando pela primeira vez na noite.

Ele chama o próprio pai pelo nome.

- Minha neta pode decidir o próprio destino. - Vovô não recua.

Olho de um homem para o outro, dividida entre realizar os sonhos daquele que me deu a vida e a vontade de saber um pouco mais sobre o mundo que o meu avô tanto fala.

Eu ainda não sabia, mas dentro de pouco tempo, o destino decidiria por mim.

[...]

Algumas semanas depois

Choro.

É a minha primeira percepção ao acordar. Minha mãe está chorando.

- Taylor desapareceu.

Ao ouvir o que ela diz, levanto-me depressa e visto uma calça de moletom.

- A minha irmã sumiu?

- Nós vamos encontrá-la. - Uma voz de homem responde.

Vovô?

Olho o relógio na mesinha de cabeceira. O que ele faz aqui a essa hora da madrugada?

Assim que chego à sala, vejo que segura mamãe em um abraço. Algo muito sério se passou, porque ela nunca gostou dele.

E onde está o meu pai?

- O que aconteceu? - Pergunto, sentindo o estômago revirar.

- Sua irmã foi sequestrada. - Meu avô diz com o rosto sério e sem tentar atenuar sua resposta.

Talvez no mundo dele aquela palavra não seja nada demais. Acho que está acostumado a lidar com coisas assim, dado o meio em que vive, mas eu sinto minhas pernas começarem a tremer.

Taylor, sequestrada?

- Eu preciso ir. Não posso perder tempo. Cada minuto conta.

- Onde está o papai?

- Ele foi à procura dela.

Já andando para o armário na entrada da casa para pegar meu casaco, peço.

- Dedushka, leve-me com você.

Ele acena com a cabeça, concordando e minha mãe não reage, o que me mostra o quanto está apavorada.

Dias depois

Olho para todo o sangue espalhado. O sangue do inimigo.

Honrei a morte da minha irmã com as minhas próprias mãos.

Agora acabou.

A vida que eu conheci até aqui não me interessa mais.

Nem mesmo meus pais protestaram quando eu disse que partiria com vovô. Daqui por diante, sou Lalisa Bhuwakul Manoban , a herdeira do Pakhan.

A garota que existia até ver o que fizeram com a irmã, desapareceu. Uma mulher sem alma surgiu em seu lugar.

Continua...
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*Dedushka - Avô

*Pakhan - Chefe

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VOLTEEEEI, dessa vez com uma adaptação de Chaelisa. Espero que amem a história como eu.

Dica: Vão ocorrer saltos nas datas, não se apeguem a elas.

Por fim quero agradecer a Luar_artes que fez essa capa maravilhosa para a fanfic.

É isto. Aproveitem. ❤️

CHAELISA: Proteção na máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora