28 - Sou Sua

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Roseanne Park

Sinto-a se movimentar e logo após, a lâmpada do abajur ilumina o quarto. Eu pisco algumas vezes até me acostumar com a claridade súbita e quando consigo por fim encará-la, percebo que há um vinco se formando entre as sobrancelhas.

- De onde veio isso?

- Como está seu braço? - Desvio, ao invés de responder.

- Foi superficial. Nada que eu já não tenha passado antes.

Um estremecimento percorre meu corpo só de imaginar que ela poderia não estar mais aqui comigo.

Toco o local machucado. Apesar da ferida evidente, não há qualquer curativo. Lembra mais uma mistura de queimadura com arranhão do que um tiro.

Sem conseguir lidar mesmo com uma pequena distância entre nós, monto em seu colo.

- Eu fiquei apavorada.

- Eu sei... - Ela começa, mas eu a interrompo.

- Não, você não sabe. Eu voltei a sentir.

- Como assim, linda?

- Você me fez voltar a sentir, Lisa. Eu passei os últimos três anos empurrando todas as emoções para um lugar desabitado dentro de mim. Eu não me permitia ter pena - de mim mesma ou dos outros - nem me alegrar, mesmo quando Aleksander, do seu jeito distorcido, tentava fazer algo para me agradar, porque eu sabia que aquela era uma felicidade
artificial, temporária. Uma migalha que estava me sendo oferecida pelas mãos do meu captor. Mas de todos os sentimentos que eu me proibi ter, o principal foi o medo.

- Rosé...

- Eu sabia que no momento em que eu vacilasse e permitisse que o medo se instalasse dentro de mim, o jogo estaria terminado. Eles venceriam. Depois de um tempo, eu achei que nunca conseguiria ter uma emoção real, mas então eu encontrei você.

Abaixo a cabeça para beijá-la. Não estou mais preocupada em me resguardar ou usar qualquer máscara.

- Nossa relação me fez entender como me enganei. Eu ainda sinto. Eles não mataram isso. Todos os dias você me desperta e me apresenta a uma variedade de emoções. Até agora, estava tudo bem porque sempre eram boas coisas, mas quando aquele homem atirou em nós, eu senti medo.

Ela me tranca em um abraço de urso.

- Baby, você não tem ideia de como eu lamento que tenha passado por aquilo.

- Não, Lisa. Você não entendeu. Eu senti medo por você antes de pensar que eu também poderia estar morta. - Seguro seu rosto e não desvio o olhar. - Então percebi que não quero mais ser uma vítima. Tenho que aprender a me defender. Não sei se terei alguma chance caso eles tentem me levar, mas não irei pacificamente como da primeira vez.

- Eu não acho que seja uma boa ideia.

- Por que não?

- Você não pertence a esse mundo.

Sinto como se tivesse recebido um soco na boca do estômago e tento sair do seu colo.

- Não. - Diz, com uma mão de cada lado das minhas ancas.

- Você vai me mandar para longe? - Meu coração acelera somente com a possibilidade, mas volto a usar a expressão neutra que treinei por anos.

- Eu deveria, mas não posso.

Lisa nos gira, me prendendo sob seu corpo.

- Isso é mentira. Eu posso, mas não quero. Você é minha. Ninguém jamais tocará em um fio de cabelo seu.

CHAELISA: Proteção na máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora