30 - Only You

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Lalisa Manoban

Dois dias depois

— Terei que fazer uma viagem curta. Um par de dias, provavelmente. — Digo, saindo do closet com a gravata pendurada em torno do pescoço.

Ela acaba de encerrar uma ligação com Jennie, o sorriso mais radiante do que o sol. Tem sido assim desde que lhe dei o telefone. É como se tivesse renascido. Desconfio que a Rosé do passado fosse uma menina naturalmente alegre, porque mesmo hoje, ela consegue encontrar razão para sorrir nas coisas mais simples.

Jisoo me disse que a outra garota também parece mais calma desde que começou a conversar com a amiga. Eles agora estão nos Alpes suíços e posso estar enganada, mas acho que minha prima começa a apreciar as férias forçadas.

— Oh! — A boca linda abre em resposta ao meu aviso, o sorriso morrendo.

Ela não me diz nada, mas posso ver a decepção em seu rosto.

Não tenho como explicar a razão da minha partida. Quanto menos Rosé souber sobre as atividades dentro da Organização, mais segura estará.

— E quanto ao que conversamos no dia do meu aniversário? — Ela se recupera rápido.

Suspiro e passo a mão no rosto. Sei que não desistirá da ideia.

— Eu falei com Leonid. Ele é o melhor atirador que conheço e combinamos que a levará uma vez por semana ao clube de tiros. Não há qualquer risco porque o local pertence a nós, mas por via das dúvidas, mandei que fosse esvaziado nos horários em que você treinará.

Ela mantém a expressão neutra, só que eu já a conheço e sei que por dentro está vibrando. Percebe que venceu essa batalha.

Nós mudamos depois do que houve na madrugada do seu aniversário. Por incrível que pareça, não acho que seja por causa da tentativa de assassinato que sofremos, mas o que aconteceu depois. Um elo mais forte do que a atração sexual foi consolidado ali.

Até então, eu vinha evitando pensar no que Rosé significava em minha vida. Sou experiente o bastante para compreender que nossa ligação não é nem de longe parecida com qualquer coisa que eu já tenha vivido, mas não havia
me permitido me aprofundar em considerações.

Após aquela noite, no entanto, decidi encarar o fato de que não quero que vá embora. Sei que é arriscado mantê-la como namorada aos olhos do meu mundo, mas dessa forma, estará mais protegida também, por mais incoerente que isso soe.

Eu considerei os pedidos que me fez por todos os ângulos e no fim, cheguei à conclusão de que estava certa. Ainda que, somente a ideia de vê-la em meio a um embate físico com alguém me enlouqueça, é preferível que saiba alguma coisa sobre armas e autodefesa. Mesmo que em um mundo ideal, os fodidos albaneses não estivessem atrás dela, somente o fato de ser minha já a poria em risco.

— E quanto à segunda parte do meu pedido?

Ninguém pode acusá-la de não ser persistente quando quer algo.

Completo os passos até onde está e coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha.

— Sobre as aulas de defesa pessoal, eu mesma farei isso. Não quero você rolando no chão com nenhum macho.

Espero para ver como reagirá. Eu gostaria de dizer que falei aquilo brincando, mas seria mentira. Não me agrada imaginar as mãos de nenhum homem em minha mulher.

Ao invés de comprar meu desafio, ela muda completamente o rumo da conversa.

— Eu pensei em ir a um médico.

CHAELISA: Proteção na máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora