18 - Estranho e Complementar

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Roseanne Park

Atlanta - Geórgia

Bato o pé no piso do helicóptero sem parar, nervosa, enquanto sobrevoamos a cidade que Lisa me explicou que ficarei. Atlanta, capital do estado da Geórgia e também onde se localiza sua residência principal.

Ela me levará para sua casa? Eu não tenho certeza e não perguntei porque não quis parecer carente, dependente dela.

Estou me sentindo agitada e apreensiva, tudo ao mesmo tempo. Olho a vista lá embaixo e penso em como tudo mudou em um curto período de tempo. Eu ainda não sou livre, mas também não sou mais uma escrava.

Depois que fomos interrompidas, ela quase não falou, no entanto, manteve-se ao meu lado o tempo todo.

Sinto-a mover a perna e encostá-la na minha. Relaxo instantaneamente. Foi intencional? Talvez. Eu só sei que a presença de Lisa é tão poderosa, que um simples contato me acalma.

Nós tivemos que sair às pressas, porque Leonid realmente parecia estar levando a ameaça a sério. Foi como cair de um precipício. Em um segundo, eu me sentia feminina, desejada, protegida. No momento seguinte, precisava fugir de novo.

Eu devo ser mesmo muito tola porque bastaram uns poucos dias para que eu voltasse a confiar em alguém.

Ou talvez seja ela. A mulher sombria, mas que me faz acreditar em suas promessas, a responsável por eu conseguir me sentir quase normal.

— O que há? — Pergunta, segurando meu queixo para encará-la.

— E se houver alguém me esperando nesse lugar que estamos indo?

Ela balança a cabeça de um lado para o outro e os lábios quase não se mexem ao dizer: não aqui.

Eu entendo que ela não quer falar na frente do piloto e fico calada, virando o rosto novamente para a paisagem.

Ela me surpreende ao colocar a mão na minha coxa e agora eu sei que está me tocando porque quer. Encosto a cabeça em seu ombro e ela enrijece. Sem jeito, me afasto, mas a mão enorme vem para o meu rosto me fazendo deitar outra vez. Fecho os olhos e pouco tempo depois, caio em um sono leve.

Desperto assustada quando sinto o aparelho encostar no solo.

— Calma. É só o pouso. — Lisa diz.

Estamos literalmente no topo do mundo. O helicóptero aterrissou no alto de um edifício. Eu não quero demonstrar o quanto estou excitada com a nova experiência, mas não consigo. Sinto um frio na barriga sobre um futuro que eu não faço ideia de qual seja, mas que certamente não é mais ficar prisioneira de um homem depravado ou seu filho egoísta.

Tento absorver a paisagem ao redor, mas só consigo enxergar o alto de outros edifícios.

Lisa desce e sem me dar tempo para pensar, solta meu cinto e me pega no colo, me deixando no chão em seguida.

É como estar na torre de um castelo e ando até o parapeito para olhar a cidade lá embaixo.

O piloto se afastou discretamente, suponho que para nos dar privacidade.

— Eu vou poder passear nas ruas? — Pergunto, me virando para encará-la.

— Você não é uma prisioneira, mas teremos que ser cautelosas por hora. Mais tarde conversaremos a respeito com calma.

— Se eu não sou uma prisioneira, o que há para conversar?

Sinto meu temperamento aflorar e desvio o rosto para longe dela antes que eu diga algo mais que vá me arrepender. Ela não me permite fugir, me segurando pela nuca. Seus lábios estão comprimidos em uma linha fina.

CHAELISA: Proteção na máfia? (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora