Pista do amor

Capítulo 4

Barcode acordou na segunda-feira em um estado de alegria inexplicável, no dia anterior ele não se encontrou com o piloto, mas trocou mensagens com ele o dia todo. Sempre que seu celular vibrava ele sentia borboletas em seu estômago, era bom se sentir assim de novo, fazia um bom tempo que o jovem não se apaixonava e depois de conhecer um pouco mais de Ta ele tinha certeza que estava gostando dele e gostaria muito de dar um passo adiante na relação deles.

Entretanto, o jovem estagiário só faria isso depois que conversasse com seu mentor Bible, ele gostaria de ter tudo esclarecido para que não sentisse que estava sendo antiético. Ele se arrumou e seguiu para o trabalho. Depois de guardar suas coisas ele foi até Bible.

- Bom dia phi. Podemos conversar?

- Claro nong.

- Primeiro quero deixar claro que não foi planejado e apenas aconteceu. Na sexta-feira depois que sai daqui, decidi passar numa cafeteria do bairro e coincidentemente o Khun Nannakun estava lá. Acabei me juntando a ele e seus amigos para tomar café, depois nós fizemos compras e jantamos. Também saímos no sábado. Eu realmente sinto muito phi, não tinha intenção de me aproximar de um dos seus pacientes, mas não vou negar que conhecer um pouco mais dele, fez com que eu me apaixonasse. Por isso não acho que seja correto estar aqui durante as sessões dele.

- Barcode, ei, respira. Durante o tempo que vocês passaram juntos você o questionou sobre o que ouviu aqui ou usou o conhecimento disso para algo?

- Não senhor. Jamais faria isso.

- Então tudo bem. Apenas não acompanhe as próximas sessões dele como você mesmo sugeriu. Então você está apaixonado por ele?

- Sim, phi. Ele é uma pessoa incrível, tem um bom senso de humor, se veste bem e respeita o meu tempo de estudo.

- Você tem ótimos pontos. Bom espero que vocês deem certo. Agora você pode esperar lá fora, ele deve chegar em breve. Quando a sessão com ele terminar eu te chamo.

- Ok phi. Vou aproveitar para adiantar algumas coisas da faculdade.

Barcode deixou a sala sem olhar para trás e não percebeu o sorriso discreto que Bible tinha nos lábios.

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Nakunta estava tranquilo e alegre enquanto seguia para sua sessão com Bible. Entretanto, seu sorriso morreu um pouco quando ao entrar na sala viu apenas o mais velho sentado sem nenhum sinal do jovem estagiário.

- Vou te explicar antes que pergunte, Barcode não vai mais acompanhar suas sessões dado a relação de vocês fora daqui. Antes que diga que eu não devia ter feito isso, foi uma escolha e pedido dele.

- Não ia questionar isso, sei que ele é um rapaz muito certo com as coisas. Pensei que ele tivesse sido demitido.

- Ele não foi, está aproveitando o tempo para estudar. Agora me conte, fez seu dever de casa?

- Sim, phi. Saí com meus amigos, fomos a um café e foi divertido, percebi que sentia muita falta disso e deles. Estou pensando em assistir os treinos essa semana.

- Isso é ótimo, vai ser bom você estar perto das pistas de novo, um passo de cada vez.

- Sim, phi.

- Algo mais?

- Na verdade, sim. Jantei com Code também e foi incrível, me sinto confortável com ele, sinto que posso ser eu mesmo sem medo algum. Ah eu fiz outro dever de casa que você me deu um tempo atrás.

- Qual?

- Fui ao cinema phi. Dessa vez eu consegui entrar e assistir o filme.

- Sério? Isso é ótimo. Mas como conseguiu?

- Code foi comigo, ele segurou minha mão quando travei e isso me deu segurança, ele também garantiu que podíamos sair quando eu quisesse e isso me deixou grato e relaxado.

- Bom é ótimo que Barcode te passe tranquilidade e ajude você a superar algumas coisas, mas quero que se lembre que não deve depender dele ou de qualquer outra pessoa para superar os seus traumas. É ótimo ter alguém que esteja disposto a estar ao seu lado, mas você também precisa fazer isso por você e porque você quer dar esse passo.

- Manterei isso em mente phi. Code só me deixa confortável, sinto que ele abraçaria todas as coisas que sinto sem me julgar. Mas a verdade é que eu quis ir ao cinema porque sentia falta de ir até lá e assistir um filme numa sala cheia de pessoas que reagem às cenas do filme riem, choram, xingam. Mas tinha consciência de que se não conseguisse estava tudo bem e tentaria de novo daqui a um tempo.

- Isso é bom, muito bom. Esses pequenos passos vão te levar bem longe e logo você vai conseguir voltar a correr.

- Esse é meu maior desejo, mas tenho consciência que não posso ir de uma vez.

- Sim. Algo mais a me contar?

- Na verdade, eu tenho uma pergunta.

- Faça.

- Phi, você acha que alguém quebrado como eu pode se apaixonar e ser o objeto da paixão de alguém?

- Ta é claro que você pode se apaixonar e pode ser o objeto da paixão de alguém, sua condição não impede isso. Gostar de alguém é aceitar a pessoa do jeito que ela é e com toda bagagem que vem com ela. Minha única recomendação é: seja sincero com a pessoa, explique para ela sobre o TEPT, que às vezes você pode simplesmente se sentir mal em um momento aleatório e seja sempre sincero sobre como está se sentindo, também não se force além dos seus limites. Se fizer isso você vai ter um relacionamento incrível. Mas visto que o Barcode já sabe o básico da sua situação, apenas conte a ele tudo e vocês vão ficar bem.

- Não disse que era ele.

- E nem precisa, seus olhos brilham quando fala o nome dele. Fora o jeito fofo que o chama. Desejo sorte a vocês. Mas se magoar meu estagiário serei obrigado a te bater, ele está aqui sem a família e é um ótimo garoto. Trate-o bem.

- Eu farei, phi. Qual o meu dever da semana?

- Quero que tente dirigir seu carro. Tudo bem se não conseguir na primeira tentativa, se conseguir apenas se sentar nele e ficar lá. Apenas tente. Ok?

- Sim, phi. Nós nos vemos na próxima semana.

- Até lá. Ah, não mande mensagens para o meu estagiário enquanto ele estiver no trabalho.

Nakunta saiu da sala gargalhando, ele se sentia bem como não se sentia a um bom tempo desde que perdeu o pai. A sensação de estar apaixonado era realmente uma das melhores sensações do mundo. Não que isso o fizesse esquecer tudo, apenas deixava seu coração um pouco mais quente do que estava nos últimos meses. Ele mandou uma mensagem para Barcode perguntando se eles poderiam se ver depois do estágio dele, dessa vez o piloto preparia o jantar na sua própria casa. Não demorou muito para o jovem responder que sim. Com isso o jovem piloto seguiu rumo a sua casa sorrindo e pensando o que faria para os dois jantarem.