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Escuridão

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Escuridão. Como uma palavra tão pequena pode definir, tudo que eu vejo? Eu nasci em meio a escuridão, quando pequena eu me revoltava por meu destino, me culpava achando que esse foi o motivo dos meus pais terem me abandonado, mas hoje sei que esse não foi o motivo e sim falta de amor por parte deles, quem ama não abandona. Hoje eu sei disso e não sinto ódio deles, não mais, só sinto pena por eles terem sido tão fracos.

Eu só sei que se fosse eu no lugar deles, eu nunca abandonaria meu filho, como fizeram comigo. Independente de qualquer coisa eu nunca deixaria para trás um filho meu.

Suspiro boiando sobre a água, apesar de tudo sou uma pessoa feliz, tenho bons amigos, sobrevivo do meu trabalho e vivo num paraíso. Mesmo sem ver posso sentir que Barbados é um paraíso, escuto o barulho dos pássaros, as ondas quebrando, relaxo depois de um dia cansativo na floricultura, onde eu trabalho.

Aos 25 anos vivo bem, obrigada. Me sinto orgulhosa de mim mesma, com trabalho duro tenho uma casinha simples, porém minha. Eu sou proprietária de uma pequena floricultura no centro. Eu ralei muito depois que sai do orfanato, óbvio que não consegui muita coisa no começo, afinal quem acharia que uma órfã cega poderia ser capaz de trabalho duro? Fui muito humilhada e desprezada por causa da minha deficiência.

Aprendi com o tempo que não devemos ligar para o que pensam da gente. Eu me amo e me aceito do jeito que sou. Sou perfeita aos olhos de Deus e isso que importa, julgamentos alheios não estragam mais o meu dia.

Suspiro de felicidade sentindo a água molhar o meu rosto. Não há vida melhor, viver perto da praia, praticamente isolada tem os seus pontos positivos.

Nado para ir para minha casinha, ainda tenho que fazer minha arte, ganho por fora com ela, muitos turistas compram e encomendam. Eu pinto telas e tecido, faço esculturas de argila e de metal e com isso eu preencho meu tempo o máximo possível.

Saio sentindo a areia sob meus pés, cantarolando uma música que gosto muito enquanto torço a água dos meus cabelos. Pego a minha bengala que havia deixando bem aqui.

"100 passos até a porta de casa" Me lembro do que já sei de cor.

Começo a andar mas sinto algo estranho, um barulho na verdade, alguém murmurando, um choramingo de dor talvez.

- Quem está aí?! - Pergunto segurando com força a bengala em minhas mãos, um pouco assustada com o barulho.

Sinto alguém se aproximando, passos arrastados, seguro com ainda mais força, meus sentidos ficam ainda mais aflorados, para mim é tranquilo viver mais isolada, porque aprendi a me defender ainda no orfanato. Padre Dominguez quando mais novo era lutador de boxe e me ensinou muitas coisas, me ensinou a identificar as notas de dinheiro, ele me ensinou tantas coisas que as pessoas não acreditam de primeira que sou deficiente visual.

Os passos ficam cada vez mais próximos, assim como meu aperto na bengala fica mais forte. Sinto todos os nós dos meus dedos tornarem-se apertados por conta da força que estou colocando na bengala.

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