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No dia seguinte, o sol nasce, mas parece que ainda estou preso à noite anterior

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No dia seguinte, o sol nasce, mas parece que ainda estou preso à noite anterior. A perda de Anna pesa como uma rocha no meu peito. Cada pensamento, cada lembrança, é como um golpe. Sei que preciso fazer algo, preciso vê-la. Não tenho as palavras certas, mas preciso tentar.

Me visto rápido, sem me importar com as roupas sujas de sangue, o desespero me faz ignorar tudo. Meu coração bate forte enquanto caminho até a floricultura. Cada passo é pesado, e uma sensação estranha, quase de medo, se instala. Nunca pensei que fosse sentir isso. Paro na porta, tentando reunir o que ainda restou de mim. Respiro fundo e empurro a porta.

Anna está ali, cuidando das flores, os movimentos dela são calmos, quase como se estivesse em outro mundo. Ela não me vê de imediato. Fico parado, o nó na garganta crescendo. Eu sei o que fiz, sei que menti, mas preciso dizer alguma coisa.

— Anna... — minha voz sai mais baixa do que eu queria.

Ela levanta a cabeça, os olhos buscando, mas demorando a me encontrar. Quando finalmente me olha, a expressão dela muda, algo nela se fecha, e a distância entre nós aumenta.

— O que você quer, Loki? — Ela fala com uma frieza que corta.

— Deixe-me explicar. — Eu me forço a falar, mas a vergonha me sufoca. — Eu sei que menti, eu sei que errei.

Anna não responde, apenas me encara, com algo entre dor e descrença. O silêncio pesa, e sei que há mais entre nós do que eu consigo alcançar.

— Não temos nada para falar, sai daqui. — Ordena com a voz baixa, embargada.

— Por favor, Anna, deixe-me me explicar. — Imploro, a voz trêmula enquanto dou um passo em sua direção, meu coração pesado com o peso das mentiras que carrego. — Eu sei que menti sobre tudo.

Anna encara na minha direção seguindo o som da minha voz, seu rosto numa mistura de descrença e dor, os olhos marejados e o corpo rígido, como se quisesse fugir mas estivesse paralisada.

— Você mentiu sobre tudo. Até sobre seu nome, sua história. Você fingiu ter perdido a memória, fingiu ser alguém que não é. — Ela acusa, a voz trêmula de raiva e decepção. Seus dedos se apertam nos braços cruzados, as unhas cravadas na pele. — Enquanto eu me preocupava com você, você estava rindo de mim por dentro.

Engulo em seco, lutando para encontrar as palavras certas, meus dedos tremendo levemente enquanto me ajeito em minha posição.

— Eu sei que não há desculpas para o que fiz. Eu estava errado, completamente errado. Mas tudo o que vivemos desde então... foi real, Anna. — Tento, desesperado, mas meu olhar evita o dela, tentando dar-lhe algum espaço para respirar.

Anna balança a cabeça, uma expressão de incredulidade tomando conta de seu rosto. Ela cruza os braços com mais força, como se tentasse se proteger.

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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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