Cap 1- Prólogo

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                 Lanark, 1864

Acordei com o barulho de alguém batendo à porta. O dia ainda não amanheceu, a neve ainda cai lá fora e a lareira crepita com as poucas lenhas que restaram. Levanto da cama e ando até a porta da cabana, com a madeira rangendo sob meus pés. Há uma carta selada pelo brasão real no chão.

Meridia Florence,

O rei Alastir e a rainha Morgana de Médive a convocam para comparecer ao salão real assim que o sol se pôr do dia de hoje.

Suas altezas reais,

AM.

       
      Respiro fundo. Olho para a mesa de madeira no que deveria ser a sala e vejo o coelho que cacei. Depois resolvo tudo isso. Caminho de volta pra cama e um som estridente de um grito inumano invade o quarto. O som parece vir do lado de fora, como se estivesse encostado na madeira da cabana. E então, a janela se abre com a força do vento, revelando a flecha ensanguentada presa no batente da mesma. É uma cabeça. A porra de uma cabeça. Está presa pelos cabelos claros que estão emaranhados na ponta da flecha. Desço até ver o rosto e assim que o reconheço, posso sentir minha alma deixar meu corpo.
     É a minha cabeça.

*

Acordo num sobressalto. Sinto meu coração pulsar na garganta. Já parou de nevar e o dia amanheceu. A luz do sol entra pelas frestas da madeira, aquecendo os cômodos. Levanto da cama e pareço ter um dejavú, ao sentir a madeira rangendo sob meus pés. Vou até a sala e vejo a carta no chão. Merda. Abro o selo do Brasão Real e leio exatamente o que estava no sonho. O dia vai ser longo.
Como um pão seco do dia anterior com um chá de ervas verdes. Que gosto horrível. Meus pais morreram quando eu tinha pouco mais de 3 anos. Ainda lembro da noite que me assombra todos os dias. Os gritos, os dentes e o banho de sangue. Tantos detalhes e se quer lembro seus rostos. Uma batida na porta me tira dos meus pensamentos. Caminho até a mesma com passos pesados, e a abro.
— O que você tá fazendo? — diz Georg entrando de supetão — você nem limpou o coelh... Ah — ele para e percebe que ainda estou com a camisola de pano — Bom dia?
— Bom dia.
— Você está com uma cara péssima. Uma daquelas noites?
— Aham – digo, bocejando — o que tem pra mim? – Georg olha pra mesa onde está a carta.
— Você também recebeu, não recebeu? Mais 3 crianças foram encontradas na Gruta de Sangue hoje.


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