Cap 12

142 20 0
                                    

— Meio sangue? — repito.
— Faz sentido, Mary, pensa só: se Dante estiver certo, você continua sendo mortal, mas ainda sim há sangue de Neith e Ophelia em suas veias – Bill diz.
— Isso é do caralho! – diz Tom e ri.
— É só dedução.
— Na verdade, mais do que isso — Dante sai do quarto deixando todos nós confusos, e volta com um livro antigo.
— Isso é...? — Bill pergunta.
— Andrômeda? — Dante repete — sim.
— Desde quando tem isso? – Tom pergunta.
— Espera, Andrômeda? O livro de Miara? – pergunto.
— Sim. A deusa da escuridão.
— Eu achei que isso fosse uma lenda – comento baixinho.
— Continuando – Dante pigarreia — há poucos relatos sobre meio-sangues, e o pouco que se sabe é sobre a relação com os Cardos Roxo. Aqui — ele aponta.

"O último meio-sangue foi morto após ser envenenado com um Cardo. Antes dele, sua parceira havia sido apagada com a mesma flor. Extinta há muitos anos.
Os meio-sangues são seres mortais, que surgem a cada 100 anos. Sua linhagem é pura e são os únicos seres mortais capazes de fechar a prisão, uma vez que ela seja aberta com seu sangue. Sua fúria é incontrolável, sendo associada à própria Ophelia em carne e ossos."

Espera. Eu sou como uma duplicata?
— Isso aí – Tom responde.
— Pela Mãe — algo me vem à tona — você sabia que eu era capaz de fechar a prisão.
    Digo, arfante me virando pra Bill.
     — Você sabia. Isso explica como chegamos tão facilmente, sem brigas e nada mais. — faço uma pausa — deuses. Esteve na minha cabeça todo esse tempo. Você me persuadiu.
     — Meridia... — Bill disse se levantando.
— Não — repreendo e pego a bainha ameaçando-o. — não ouse chegar parto. Qualquer um de vocês. Mentiram pra mim! E quanto a Georg? Ele se quer está bem?
— Mary, deixa-me explicar... — Bill suplica.
— Meridia, é muito perigoso você voltar — Dante diz com a voz firme — Lanark virá atrás de você.
— Não! Porra! Eu mato qualquer um que venha atrás de mim. — digo e saio pela porta. Faço o caminho até onde Fergus está, e monto rapidamente nele, sentindo a sensibilidade no meu braço. Preciso de Georg. Preciso voltar à Lanark.

*

Faz horas que estou cavalgando. A essa altura já devo estar chegando em Norfolk. Passei por Blackbridge há algumas horas. Vou parar para descansar só quando finalmente estiver no bosque, e mesmo assim, não pretendo dormir. Quero chegar em Lanark em breve.
Não peguei mapa e nem algo pra comer, minha barriga ronca e não quero pensar em como Fergus deve estar. Acredito que agora seja Andryes, o vale do Silêncio. Passar aqui ainda com a luz do dia é uma verdadeira benção. Vejo o bosque da cerejeira a poucos metros, então aperto Fergus para andarmos mais rápido.
Entramos em Norfolk, e graças aos Deuses, é um dos poucos lugares que pelo menos 2/3 de criaturas não entram. Mas não as temo. Tenho medo dos próprios homens. Desço de Fergus e ele come um pouco. Há cigarras e corujas cantando, o que me conforta. Ouço barulhos de galhos quebrando e cavalo. Deixo Fergus afastado e fico olhando, esperando algo ou alguém chegar. É quando um homem tampa a minha boca por trás. Golpeio e ele cai no chão, e coloco a adaga sobre seu pescoço. Tiro o capuz.
— Porra, Dante.
— Que diabos você tem contra mim? Qualquer oportunidade você quer me esfaquear.
— Não tenho nada a seu favor. O que você está fazendo aqui? – pergunto, forçando mais a adaga.
— Bill não sabe que vim. Eu saí atrás de você.
— Mas o q-...
— Calada.
— Não me mande calar a bo — digo ele coloca a mão sobre minha boca e sinaliza próximo ao ouvido. Vozes. Não tão longe de nós. Afasto a faca e ele me segura, num piscar de olhos estamos em cima da copa de uma árvore. Estamos tão próximos que consigo sentir seu cheiro. Me afasto um pouco deixando um espaço entre nós. Ele me segura pela cintura. Deixo a adaga em minha mão e vejo os homens. O brasão real. Deuses, Fergus está lá embaixo.
— Não ouse – Dante sussurra — confie em mim.
— Perdi o cheiro dela — a voz de um homem diz lá embaixo.
— Eu também – outra voz diz.
— Encontrem-na. Ela não deve estar tão longe se o cavalo está aqui. — uma voz feminina familiar diz — o Rei precisa dela viva.
Reconheço a voz. Um calafrio percorre meu corpo. É a voz de Pearl.

VOTE E COMENTE

Pain Of Love - 1ª TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora