Os gêmeos se encararam, então não deu mais para segurar e eles começaram a rir. As corujas se afastaram, olhando-os esquisito.
— Então, — Cygnis respirou fundo tentando parar de rir — Quem você acha que foi? Judith ou o trio de idiotas? Ouvi eles cochichando sobre um "plano perfeito" — Ela fez aspas com os dedos — ontem a tarde.
— Eu não sei, acho Judith completamente incapaz de pensar algo assim e o trio de idiotas, bem, idiotas demais — Disse, dando de ombros.
Cygnis concordou com a cabeça.
— Bom, se não foi ninguém daqui, quem poderia ter sido?
— Talvez seja um convite estranho e diferente pra uma "festa mágica" que se perdeu, ou algo assim.
— E o que vamos fazer com isso? — apontou para as cartas — Podemos queimar? — Perguntou animada.
— Queimar? Por que queimaríamos as cartas? — Cygnus perguntou exasperado.
— Ah, não sei, pareceu legal... Então podemos fazer aviõezinhos de papel?
— Cygnis?
— Jogar na água?
Ele fez uma careta, a fazendo dar risada.
— Eu já sei! — Disse animada — Tenho uma ideia.
— Diga — ele suspirou.
— Vamos responder!
Cygnus se engasgou começando a rir.
— Ou vamos apenas devolver, só isso. — Disse com simplicidade, fingindo secar lágrimas.
Cygnis bufou.
— Mas... Nós não podemos apenas devolver! Além de sem graça, a carta tinha nossos nomes e nossos endereços exatos. Isso tá muito certo para ser errado.
Cygnus pensou. Tinha se esquecido completamente desses detalhes quando imaginou que as corujas tivessem errado os endereçados. Talvez por nunca receberem uma carta antes ele não conseguia acreditar.
— Tudo bem — disse lentamente como se estivesse fazendo algo errado — Podemos responder as cartas — Cygnis sorriu — mas dizendo que erraram os destinados!
Cygnis bufou.
— Tudo bem — disse entediada, colocando as mãos para cima em sinal de rendição — Vamos escrever dizendo que eles erraram o nome e o endereço das pessoas no envelope. E que a carta direcionada a nós, não eram para ser para nós.
Ele ergueu uma sobrancelha. E antes que Cygnus mudasse de ideia e desejasse queimar as cartas, Cygnis arrancou duas folhas de papel do caderno de desenho dele e entregou uma a ele.
Prezada Sra. McGonagall,
Acho que suas corujas se enganaram na hora entregar as cartas, espero que da próxima vez ela acerte de pessoa. E, se não for muito desrespeito de minha parte, onde a senhora encontrou corujas que entregam cartas? Achei muito útil e elegante, se algum dia puder me recomendar um lugar onde eu poderei comprar, ficarei grata.
Atenciosamente,
Cygnis Anseris— Terminei! — Disse Cygnis dobrando o papel e colocando-o junto aos outros no envelope.
Cygnus terminou logo após e, com muito cuidado, ele amarrou novamente as cartas nas perninhas das corujas que esperavam pacientemente os dois. Elas piaram felizes e levantaram voo.
— O que colocou na sua carta? — Cygnus perguntou desconfiado.
Sua irmã deu de ombros.
— Nada demais — respondeu.
— Cygnis — ele suspirou — por favor, me diz que não perguntou sobre as corujas.
Ela arregalou os olhos e franziu a testa.
— Por que eu perguntaria sobre elas? — Se fez de desentendida, tentando passar o máximo de confiança.
Ele bufou e se jogou na grama quente.
— Sério, Cygnis? Não podemos criar mais animais! — Ela soltou um muxoxo, enquanto Cygnus esfregava as mãos no rosto.
— Como sabe que eu perguntei?
— É você, Cygnis! E eu sou o seu gêmeo, eu te conheço.
Ela revirou os olhos e se encostou na árvore novamente.
~
As corujas voavam o mais rápido que conseguiam. Mas, de vez em quando, paravam para se alimentar, caçar ratos ou brincar com outras aves.
Elas chegaram no castelo a noite, alguns dias depois e voaram direto para sala da diretora substituta deixar as cartas.
Lá estava ela, Minerva McGonagall estava sentada em sua cadeira de frente para sua mesa repleta de cartas espalhadas organizadamente. Todos os anos era assim, ela lia carta por carta para colocar os nomes dos novos alunos no pergaminho. Até que uma carta específica chamou sua atenção.
Ela era feita de papel comum, tinha uma letra desleixada e garranchosa e havia voltado no mesmo envelope da carta de aceitação. Nela dizia para não dar atenção se houvesse um pedido estúpido da irmã sobre as corujas.
O ar sumiu de seus pulmões ao ler o nome do autor.
— Não... É possível, é? — Minerva murmurou para si mesma com o coração descompassado quase saindo pela boca.
Ela procurou por toda a mesa a outra carta que deveria estar ali e se levantou trêmula, saindo a passos rápidos de sua sala, o coração acelerado.
O caminho inteiro ela lia e relia as duas cartas em sua mão desacreditada. Como seria possível? Depois de tantos anos.
— Sorbet de Limão — Ela exclamou ainda longe da gárgula, que abriu lentamente a parede.
Subiu as escadas correndo, cada segundo a deixava ansiosa, precisava contar aquilo a Dumbledore.
Ela entrou no escritório sem sequer bater na porta. Não tinha tempo para isso. Duas cabeças se viraram para ela. Ela olhou confusa para Severo sentado de frente para Dumbledore, mas ignorou, não era relevante agora.
— Alvo, os gêmeos — Ela murmurou agitada — Os gêmeos Anseris, Alvo.
Dumbledore pareceu confuso em vê-la tão nervosa, mas apontou calmamente para a cadeira em sua frente ao lado de Severo. Fazer Dumbledore perder a cabeça era muito difícil, Minerva sabia disso.
— O que tem os gêmeos, Minerva? — Ele perguntou enquanto ela se sentava.
— Estão vivos, Alvo, eles estão vivos! — Severo abriu a boca, uma sobrancelha arqueada em descrença, mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa ela colocou uma carta em sua mão e deu outra a Dumbledore — Olhem, leiam isso!
Ela tentou se acalmar enquanto eles liam a carta, mas a agitação dos quadros atrás de Dumbledore a deixava cada vez mais inquieta.
— Isso não é possível — Severo disse lentamente, negando com a cabeça, mas seus olhos não saiam da assinatura de Cygnis.
— Na verdade — disse Dumbledore com um brilho curioso em seus olhos — nunca achamos os corpos dos meninos.
— Mas como eles poderiam ficar tanto tempo escondidos do Ministério? Até mesmo de você?
Dumbledore sorriu com a descrença de Snape, mas nada disse.
— O que faremos agora, Dumbledore? — Perguntou McGonagall, não poderia esperar nem mais um minuto — Vi que eles moram num orfanato de trouxas, Kross Lake.
— Sugiro que o primeiro passo seja tira-los de lá, Minerva.
Então alcançou uma pena e um pergaminho em sua mesa.
— E quem fará isso? — Severo perguntou rudemente.
Dumbledore sorriu.
— Eu tenho uma ideia.
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Anseris - Os Gêmeos Esquecidos『1』
Fanfic‖ LIVRO UM ‖ Cygnus e Cygnis Anseris eram apenas dois irmãos órfãos que moravam em um orfanato sujo e esquecido no fundo da Inglaterra. Eles jamais poderiam imaginar que por trás de suas vidas tão monótonas um cruel assassinato havia os marcado há d...