06 - Bruxos

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Os gêmeos nunca estiveram mais felizes e animados em toda suas vidas. A nova casa estava sendo extraordinária para eles, que coloriram cada parte dela, com obras de artes de Cygnus e tentativas de desenhos de Cygnis, que Aaron fez questão de transformar todos em quadros e pendurar nas paredes.

Aaron também adorava os dar presentes. Como livros, que Cygnus adorava, bicicletas, patins, jogos de tabuleiro, onde ele descobriu a competitividade excessiva dos gêmeos. Também mandou construirem balanços de madeira no jardim, que cabiam os três juntos e ainda sobrava espaço.

Aaron também os ensinou a cozinhar. Tentou, ao menos.

— Estou começando a acreditar que é mais fácil você criar uma nova poção, filho, do que fazer comida.

Cygnus se rendeu e começou a gargalhar junto com sua irmã e seu pai. Com certeza ele não tinha nascido para isso. Ao contrário de Cygnis, que era ótima.

Ela ficou muito contente ao descobrir que sabia fazer algo perfeitamente, que seu irmão não conseguia fazer direito. Geralmente, ele sempre estava em sua frente em quase tudo.

Mas as noites favoritas dos gêmeos eram as que Aaron lia para eles dormirem. A última história contada havia sido uma de suas preferidas, O Conto dos Três Irmãos, do livro de Contos de Beedle, o Bardo.

A lua estava brilhando no alto do céu, já se passava de meia-noite. Mas Cygnus continuava acordado, desenhando em seu caderno de couro marrom. Quando batidas insistentes na porta da sacada o fizeram perder a concentração.

— Devia estar na cama, sabia? — Disse sarcástico, enquanto abria a porta para Cygnis entrar.

— E você devia ser mais simpático, mas ninguém diz nada, então... — ela deu de ombros e se jogou na cama dele.

Cygnis deu umas batidinhas ao seu lado na cama e Cygnus revirou os olhos, mas se sentou ao lado dela.

— Teve um pesadelo?

— Não — ela negou com a cabeça — Acordei para beber água. Mas quando estava descendo escutei papai conversando com um velho na sala.

— Cygnis! — Ele ralhou com ela.

— O que foi? Ele é velho mesmo!

Ele revirou os olhos com a indelicadeza da irmã.

— E sobre o que eles conversavam?

— Esse é o problema. Eu não sei — ela resmungou emburrada — Mas ele citou os nossos nomes e agora eu estou curiosa! E você sabe que eu não consigo dormir quando estou curiosa.

E como ele sabia. Cygnis já o havia acordado no meio da noite, porque tinha visto luzes no bosque e queria saber o que eram. Ela não o deixou em paz até ele se levantar e a acompanhar até o meio da floresta. No fim, eram apenas vagalumes.

— E o que você quer que eu faça?

Ela ergueu uma sobrancelha e deu um sorriso maroto.

— Não — respondeu — não, não, não, não, não.

— Por quê? — Ela reclamou.

— Eu não vou ficar bisbilhotando conversas do nosso pai.

— Até parece que nunca fez isso antes! Vamos... Por favor?

Ela fez uma cara de cachorrinho perdido, mas Cygnus fingiu não notar.

— As outras vezes não eram com o nosso pai. Não vou fazer isso.

Ela suspirou e olhou para baixo, abaixando os ombros. Sempre fazia isso quando Cygnus a negava alguma coisa, geralmente funcionava.

— Tudo bem, vou sozinha então. Mas não conte comigo para descobrir alguma coisa!

Anseris - Os Gêmeos Esquecidos『1』Onde histórias criam vida. Descubra agora