Anseris - Os Gêmeos Esquecidos『1』

09 - Plataforma 9¾

O mês passou voando para os gêmeos. Sempre tinham o que fazer em casa para não ficarem entediados. Cygnis criou várias novas receitas e Cygnus terminou de ler todos os livros que compraram no Beco Diagonal. Brincavam todas as tardes no playground que Aaron fez no quintal, sem contar as noites de jogos que ele criou para passar mais tempo com os gêmeos.

Eles soltavam Éos e Érebo, suas novas corujas, toda noite para que voassem livremente em cima da casa ou caçassem ratos e insetos para se alimentarem. Às vezes eles traziam os ratos mortos como presentes para os gêmeos e deixavam em cima do travesseiros, obrigando eles trocarem os lençóis pelo menos três vezes na semana. Eles não sabiam nem como eles encontravam tantos ratos.

Era o último dia de férias, Cygnis terminava de arrumar seu malão com a ansiedade explodindo em seu ser. Não conseguia acreditar que finalmente conheceria Hogwarts, mas também estava meio triste por deixar sua casa, aquele era seu novo lar e não gostaria de sair nunca. As coisas estavam tão boas como estavam, por que mudar. Mas seus pensamentos foram quebrados quando Cygnus invadiu seu quarto pela porta da varanda.

— Consigo ouvir você pensando lá do meu quarto maninha — Ele disse se jogando na cama, fazendo Cygnis torcer o nariz. “Eu acabei de arrumar, Cygnus”, ela reclamou e ele ignorou completamente — O que está te incomodando?

— Você bagunçando a cama que eu acabei de arrumar está me incomodando.

Ele revirou os olhos e se remexeu desarrumando ainda mais os lençóis e colocando os travesseiros atrás dele. Cygnis revirou os olhos, mas continuou a arrumar seu último malão.

— Estou falando sério. Você também não está não conseguindo parar de pensar? Como, por exemplo, como é que vai ser Hogwarts? É um escola boa ou normal como todas as outras? Você acha que vamos conhecer pessoas legais ou serão todas babacas, como no nosso antigo orfanato?

Cygnis parou, pensando um pouco antes de responder.

— Bom, saberemos disso amanhã. Mas realmente espero que não seja como Kross Lake...

— Também espero. Mas não saber isso me incomoda. Quer dizer, não sabíamos nada desse mundo bruxo até mês passado. Tudo que tínhamos era tudo o que sabíamos e tinha certeza que não mudaria por anos. Tínhamos um controle. Mas agora descobrimos que nossos pais não nos abandonaram, e que sim foram mortos por um bruxo das trevas chamado Voldemort, quer dizer, que tipo de nome é esse? Não é para menos que ele seja um bruxo das trevas, eu ficaria revoltado com minha mãe depois desse nome. Não que tenhamos muito para julgar também, veja os nossos nomes.  

— Pensando assim, será que temos chance de virar bruxos das trevas também? — Cygnis disse, subindo em cima de sua mala e forçando para baixo para fecha-lo.

— Não, acho que não — Ele ajudou Cygnis a fechar a mala enquanto ela pulava em cima, tentado força-la para baixo. — Eu nunca mataria ninguém. Ele matou várias pessoas. Incluindo os nossos pais. Vivemos naquele maldito orfanato por anos por causa dele.

— Esse mundo, na verdade, não é muito legal, não é? Por causa dele não temos pais.

— Não podemos culpar um mundo inteiro mágico, por causa de um bruxo ruim.

— Está certo... É ruim desejar que ele ainda esteja vivo, apenas para nós mesmos os destruirmos com nossas próprias varinhas? — Ela perguntou meio incerta, e Cygnus soltou uma pequena risada.

Ela se levantou de cima do malão e pegou sua varinha em cima da mesa de cabeceira. A segurou como uma espada e simulou ataques contra alguém invisível em sua frente.

— Você irá pagar por tudo o que nos fez passar, Lord Volderlo — Disse com a voz grossa e floreando as palavras de modo engraçado, balançando a varinha.