Todo suicida sabe cada uma das formas possíveis de morrer. Pra quem tem medo, tomar uma boa dose de remédios e simplesmente dormir é uma boa opção. Mas todos nós sabemos que se afogar é uma das formas mais torturantes de se morrer. Ou era...
Uma pessoa muito importante, me disse que não se deve mergulhar de cabeça em lugares rasos. Eu me considerava uma poça de água, que dava a falsa ilusão de ser profunda o suficiente, pra valer a tentativa de molhar os pés.
Um tempo depois com os anos, as chuvas e erosões, eu me vi sendo um lago. Aberto, bonito, convidativo... Infelizmente lugares assim estão propensos a serem lentamente desgastados pela interferência humana.
Tentando me proteger, me fiz piscina. Funda o bastante pra mergulhar, limitei as pessoas que entram e saem, com o fundo sólido e visível.
Com isso, me condicionei a não me arriscar em nada mais profundo que uma piscina, o mar costumava me assustar, não sei o que tem lá, não controlo as condições da água, meus pés nem sempre alcançam o chão e quanto mais fundo, mais escuro.
Um dia tentei entrar no mar, me lembro de ter paralisado a dois passos da água, sentindo a espuma tocando os meus dedos, mas a maré não espera a nossa coragem, em algum momento a água fria não gelava mais meus pés. Nesse dia o ar não era mais respirável, o medo de cair em lugares rasos foi substituído pelo pânico de estar sem ar.
Normalmente as pessoas vão a praia nos fins de semana, eu me vi a beira do mar numa quarta, com duas escolhas, me afogar no ar que eu estava tão acostumada a respirar, ou ir mar a dentro e descobrir o quão profundo ele poderia ser, e como seria nadar nele.
Uma pessoa importante me disse que um dia eu aprenderia a voar. Já eu descobri, que sou melhor nadando.
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Pensamentos de uma Suicida
RandomA seguinte obra se trata de um relato pessoal e exposição de pensamentos da autora. Nenhum nome além do meu será citado, para proteger a identidade dos envolvidos. Aviso que esta obra contem temas sensíveis, opiniões controversas e muito sarcasmo, c...