Um comentário, que eu recebi da postagem passada, era que estava um pouco confuso. Hoje, em uma conversa, eu percebi o quanto as minhas falas pausadas e as vezes desconexas, confundem as pessoas. Já me disseram, que, se alguém não me conhece, quase tudo que eu digo parece literário de mais, já que constantemente as minhas falas começam a se embaralhar com historias passadas, cenários distópicos, sonhos fantásticos e piadas sem graça.
Colocando a minha existência em retrospecto, linearidade sempre foi um problema pra mim, com exceção das linhas retas que compunham as páginas dos livros pelos quais, eu tortamente me apaixonava. Quando pesquisei o termo limítrofe, pela primeira vez depois do meu diagnostico, não fez muito sentido, afinal limites são linhas retas, fixas, bem definidas, já eu? Eu vivia em elipses infinitas, nas bordas dos copos cheios de qualquer bebida que me oferecessem, girando em valsas vazias, com pessoas sem rosto, nem mesmo minha balança, se rendia ao ideal.
Lembro de ter tentado corrigir essa característica, tentar traçar o caminho mais reto pra um futuro social e economicamente aceitável, lembro da tortura que foi essa tentativa. Logo me rendi a minha forma original, indo de um ponto a outro, ziguezagueando entre pensamentos desconexos, dores invisíveis, amores rasos, saudades antigas, de alguns futuros possíveis. Ter a capacidade de sentir tanto e ser limitada a uma reta jamais vai funcionar pra mim. Eu gosto de viver em curvas, curvas de sorrisos bonitos, curvas dos meus cabelos cacheados, curvas de relógios que insistem em não girar no tempo que eu quero... Viver naquele um segundo de apreensão e expectativa antes de ver o que o próximo caminho guarda.
Porém o infortúnio de viver em curvas, é que o mundo pede retas, pessoas esperam estabilidade, segurança... nesse ponto de vista eu sou o furacão que passa de casa em casa deixando destroços. É difícil convencer alguém que existe segurança mesmo estando a 100km/h. Alguém me disse que se fosse escrever uma palavra sobre mim seria Intensa, uma característica perigosa pra alguém que vive no 220w. O ponto que poucos sabem, um amargo privilégio nosso caros suicidas, é que morrer é uma decisão em linha reta, é final, é vazia, não exige coragem, é apenas uma reta, de um ponto a outro do pulso, ao alcance de todo mundo. Mas eles nunca vão acreditar em nós, que dentro das linhas disformes que desenham as tempestades de pensamentos que temos, está o mais puro desejo de girar cada vez mais rápido.
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Pensamentos de uma Suicida
AcakA seguinte obra se trata de um relato pessoal e exposição de pensamentos da autora. Nenhum nome além do meu será citado, para proteger a identidade dos envolvidos. Aviso que esta obra contem temas sensíveis, opiniões controversas e muito sarcasmo, c...