Nicolas estava completamente insano, mas era temido por todos, inclusive pelo seu filho mais velho, George, que fingia gostar do seu pai e concordava com tudo o que ele fazia. A esposa de Nicolas reclamou da sua vida devassa e ele ameaçou matá-la, o que aumentou o ódio de seu filho por ele.
Certo dia, Charles Berrios foi encomendar uma faca para um dos vários ferreiros que havia na cidade. Ao chegar à casa do ferreiro ele encontrou-se com o pastor Peniel. O bondoso pastor o saudou e perguntou se estava tudo bem.
Charles, que era muito bem-humorado estranhou.
— É a primeira vez que alguém daqui fala comigo amigavelmente, normalmente as pessoas evitam a mim e aos meus amigos.
— É que nunca tive a oportunidade de falar com vocês.
— As pessoas daqui nos odeiam e tem medo. E você, não tem medo?
— Eu sou um homem de Deus, temo apenas ao Senhor eterno.
O ferreiro contou que Peniel era o pastor da igreja até Nicolas o expulsar.
Charles ficou admirado e perguntou.
— O senhor não é um enganador como aquele Lúcius?
Peniel ia responder, mas o ferreiro o defendeu.
— Peniel é diferente de Lúcius, ele realmente é um homem usado por Deus.
Peniel aproveitou e falou de Deus para Charles, que lembrou que ele e seus amigos frequentavam a igreja quando crianças, mas que hoje não serviam mais a Deus.
O bondoso pastor deixou Charles assustado ao fazer-lhe uma revelação.
— Na noite passada você sonhou que se morresse ninguém se lembraria de você. Que sua vida foi em vão. Não é verdade?
Os olhos de Charles lagrimejaram.
— Mas como o senhor sabe?
— Deus é quem sabe tudo filho, e Ele ama a sua alma e a alma dos seus amigos. Traga seu sobrinho filho do seu irmão Carlos. Ele precisa de uma grande benção. Espero vocês na minha casa amanhã.
Peniel foi embora e Charles ficou comovido com a sua revelação.
Naquela noite, Rolf, que morava sozinho, fazia planos de ir embora de Quedhes e foi deitar-se. Ao encostar a cabeça no travesseiro ele ouviu uma criança rindo. Rolf sentou-se na cama e ouviu a risada de novo. Ele levantou-se e andou pela casa procurando de onde vinha aquela risada.
Alguns minutos se passaram e Rolf não ouviu mais nada. Ele sentou-se na cama novamente e ao virar-se para o lado viu a criança em que tinha atirado. Ela estava cheia de sangue e olhou bem sério para Rolf que pegou a sua arma e atirou na criança que sumiu.
Joel era vizinho de Rolf e também morava sozinho na grande casa que havia construído. Ele correu para ver o que acontecia e seu primo estava muito assustado.
Rolf contou o acontecido e Joel pediu para que ele chamasse Lúcius para orar.
— Eu não acredito naquele vigarista Joel.
— Eu também não, mas não veja outra alternativa.
Rolf negou a ajuda e ainda muito assustado foi dormir.
Igor morava perto de Rolf e ouviu os tiros. Ele também foi verificar o que houve e Joel o informou do que ocorria. Ele voltou para sua casa e foi verificar se seus dois filhos estavam dormindo.
A esposa de Igor também acordou e ele a lembrou de que queria mudar dali e morar na beira da praia. Ele disse que todos o chamavam de sonhador, mas que ele já tinha realizado o sonho de casar e de ter uma família. Igor disse que em breve eles se mudariam dali e que viveria o resto da sua vida na praia.
Jonathan tinha se casado e já tinha um filho de nome Ageu, um menino muito esperto que Joel considerava como a um filho. Jonathan era o irmão mais apegado a Joel, a quem considerava um pai e falava sempre que seu irmão deveria se casar.
Jonathan tinha muitos planos para o futuro, mas quase todas as noites tinha um mesmo sonho que o deixava muito intrigado.
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Refúgio, a cidade perdida.
SpiritualNossa história conta a origem da cidade de Quedhes, mais conhecida como Refúgio. Fundada por cristãos que fugiam de perseguição, ela será palco de várias histórias. Em mais de um século veremos milagres, traições, mortes e destruição. Neste livro v...