Refúgio, a cidade perdida.

Capítulo 33 - Um novo prefeito

Nicolas disse para George que sabia que ele estava querendo abandonar a cidade. George estava revoltado com a morte do seu meio-irmão, que era uma criança e tinha o seu sangue.

— E vai fazer o que papai, vai me matar? Vai me queimar? Eu não tenho medo.

— Vejo que não tem mesmo, ninguém fala assim comigo, mas eu recomendo você ficar perto de mim, para o seu próprio bem. Você ainda é o meu herdeiro legítimo e sei que o seu coração também é negro como o meu.

— Não sou como o senhor, eu jamais mataria um inocente.

— O preço a se pagar em uma guerra é muito alto filho.

— O senhor paga um alto preço por não fazer o que o nosso avô fazia, o que os nossos antepassados faziam. Bastava seguir o que eles tinham ensinado.

— Os tempos mudam filho, as coisas mudam, mas não posso me estender com você, fique perto de mim ou Joel Hoff não hesitará um segundo em te matar.

Ao entardecer, Peniel avisou a Joel que eles deveriam atacar Nicolas e assim evitar que ele invocasse mais forças das trevas. Joel concordou, mas um jovem ouviu e correu para avisar Hernandes, que foi ao encontro de Nicolas e pediu para que ele abandonasse a cidade.

O capitão falou que não poderia conter Joel e seus amigos que eram guerreiros quase que imbatíveis.

Lúcius foi chamado por Nicolas e aconselhou ao seu chefe.

— Na montanha existe uma rede de cavernas que poucos conhecem, vamos nos abrigar por lá enquanto juntamos forças para que Tamuz venha nos socorrer.

Nicolas não queria fugir, mas seus asseclas o convenceram diante da eminente derrota para Joel.

— Então preparem tudo, Hernandes, traga minha família, minhas concubinas e seus filhos. Lúcius, traga tudo o que for necessário para passarmos semanas nas cavernas.

Nicolas ordenou que alguns moradores que na verdade eram os seus escravos fossem com ele. Eles levaram muita comida já que Lúcius garantiu que havia uma fonte de água nas cavernas.

Eles saíram antes que o sol raiasse e Nicolas se admirou ao ver como as cavernas de Edar eram grandes. Algumas ainda não tinham sido exploradas pelos moradores e eles se abrigaram ali.

Hernandes montou uma equipe de guarda e caso Joel viesse atrás deles teria muita dificuldade para abatê-los. George foi junto com o seu pai para proteger sua mãe, já que o estado de saúde dela não era bom.

Joel levantou-se antes que o sol raiasse e seus homens e jovens que eles haviam treinado marcharam para o centro da cidade. Eles constataram que Nicolas havia fugido e Joel tomou a sua casa e a mansão que funcionava como prefeitura.

Nicolas estava tão louco que havia construído um trono de ouro para ele. Joel ficou inconformado ao ver aquilo e ainda soube que ele havia sacrificado uma criança, que era o seu filho para invocar Abismo.

Jonathan foi declarado o novo prefeito e Peniel voltou a igreja que tinha comandado por décadas. A população estava revoltada com Nicolas por ele ter matado o próprio filho, mas muitos não gostavam de Joel e seus amigos e não aceitaram bem a posse de Jonathan como prefeito.

Jonathan era muito carismático e bondoso, ele usou isso para abrir as fronteiras e deixou quem quisesse partir ir embora. Muitas famílias foram embora no mesmo dia e Joel soube que Nicolas estava escondido nas cavernas da montanha.

Peniel realizou o primeiro culto na igreja e chamou os quinze homens do grupo de Joel e os consagrou como os protetores da cidade. O bondoso pastor chamou aos homens de valentes e isso agradou a Joel. As pessoas tinham receio deles e Joel pediu para que todos confiassem neles.

Joel se reuniu com Peniel e o pastor disse que eles tinham que se preparar para enfrentar os anjos malignos que Nicolas tinha invocado.

Os ferreiros da cidade foram convocados e começaram a forjar dezenas de espadas e escudos de prata. Que ficariam guardadas nos velhos galpões da sexta parte da cidade.

Naquela noite Peniel sonhou e teve uma grande revelação.