Logo pela manhã Jonathan procurou a Joel e contou o que vinha sonhando.
— Joel, eu tenho sonhado quase todas as noites com a época em que éramos crianças e íamos a igreja.
— E daí Jonathan? — perguntou Joel com seu jeito rude.
— É que eu me lembro claramente do pastor falando que nossa vida tem que ter um propósito.
— Na verdade eu não lembro, eu não prestava atenção no culto. — Joel sorriu e lembrou-se.
— Você sempre queria ficar conversando com o pastor depois do culto enquanto eu e os outros não víamos a hora daquela chatice acabar.
— Eu era fascinado pelas histórias da bíblia, queria sempre aprender mais. Até hoje penso porque não continuei na igreja.
— Porque queria me imitar em tudo. O culpado fui eu de você ter seguido essa vida.
— É verdade, mas estou muito atribulado com esses sonhos. Acredito que devemos ter um propósito, mas qual?
— Você deve ficar com sua esposa e ter mais filhos Jonathan. Você é o mais inteligente e o melhor de nós quatro. Ensine seus filhos a fazer o que é correto e eles serão pessoas de bem.
— Eu fico muito incomodado das pessoas daqui não gostarem de nós. Eu queria ir embora.
— E por que não vai? Sua esposa com certeza o apoiaria.
— Eu não gostaria de deixá-lo sozinho aqui. No fundo você tem um coração enorme e não merece ficar sozinho.
— Eu? Um bom coração? Só você mesmo.
A parte da cidade onde os Hoff e seus amigos moravam não parava de crescer e Jonathan conquistou muitos amigos que não odiavam a ele e seus irmãos.
Jonathan era bondoso e ajudava a todos que precisavam de ajuda. Joel não era de falar, mas considerava Jonathan com um filho e o tratava como tal.
De tarde Charles levou seu irmão Carlos e o filho dele para visitarem o pastor Peniel.
Peniel recebeu com muito carinho a todos e perguntou para o menino o que ele sentia. O menino disse que estava bem, mas Peniel disse que ele estava doente e que em breve morreria.
Carlos a princípio ficou bravo achando que Peniel era um bruxo, mas o homem de Deus provou o que falou e fez o menino vomitar o mal que lhe afligia. Charles ficou comovido e Carlos revelou que ninguém sabia do problema do filho.
Peniel perguntou se eles queriam entregar suas vidas ao Senhor e eles responderam que sim causando muita alegria ao pastor, ao seu filho Lucas e a Bryan.
Perez vivia em sua confortável casa com sua esposa e seus cinco filhos que tinha adotado. As crianças, que tinham um trauma de verem seus parentes serem mortos acabaram esquecendo e começaram a tratar a Perez como pai.
O mais velho deles tinha dez anos e ao contrário dos outros não brincava, sempre ficando quieto e compenetrado. A esposa de Perez perguntou porque ele não brincava e ele respondeu.
— É difícil ser criado pelo homem que matou o seu pai, sua mãe e seu irmão.
A esposa de Perez ficou sem reação e o menino falou.
— Mas eu não o odeio, só tenho que agradecer por me ajudar, a mim aos meus primos.
— Que bom saber disso filho.
— O culpado disso tudo é Rolf, eu vou matá-lo assim que estiver maior e meus primos longe daqui. Eu o odeio mais do que tudo no mundo.
A esposa de Perez ficou muito preocupada e contou ao seu marido sobre o desejo de vingança do mais velho dos seus filhos.
Ainda naquela semana Rolf recebeu a visita de Lúcius que orou para que ele não visse mais aquela criança. Naquela noite Rolf foi dormir e ouviu a risada da criança novamente. Ele foi para a sala da casa e viu umas das mulheres que havia matado.
Ela gritou e Rolf caiu para trás assustado. A criança também apareceu e outras pessoas sujas de sangue surgiram acusando Rolf, que correu para a casa de Joel, que alheio ao que acontecia ao seu primo, sonhava com algo que faria parte da sua vida para sempre.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Refúgio, a cidade perdida.
EspiritualNossa história conta a origem da cidade de Quedhes, mais conhecida como Refúgio. Fundada por cristãos que fugiam de perseguição, ela será palco de várias histórias. Em mais de um século veremos milagres, traições, mortes e destruição. Neste livro v...